Lula veta ministros em palanques de quem o ‘esculhamba’ e diz que participará de poucas campanhas


Presidente disse que focará participações em valorizar os candidatos apoiados por ele; Lula não quer melindrar adversários que podem virar aliados. Lula durante reunião ministerial nesta quinta-feira (8).
Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou a participação de ministros do governo em campanhas de candidatos que o “esculhambem” durante as eleições municipais deste ano.
Além disso, o presidente avisou aos auxiliares que deve subir em poucos palanques durante esse período eleitoral, e que vai focar suas participações em valorizar os candidatos apoiados por ele.
Lula deu o recado aos ministros durante uma reunião ministerial que durou cerca de sete horas nesta quinta-feira (8), no Palácio do Planalto.
Depois da reunião, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse à imprensa que o chefe do Executivo federal pediu que seus ministros tenham o mesmo comportamento durante as eleições.
Lula pede a ministros que tenham prudência nas eleições municipais
Lula pediu prudência aos ministros. Ele não quer que membros do primeiro escalão ataquem adversários, para não prejudicar o governo em prováveis alianças políticas futuras.
Cobranças e acenos ao Congresso
Durante o encontro, Lula cobrou mais uma vez que os ministros melhorem a comunicação do trabalho de suas pastas com a sociedade.
O chefe do Executivo federal pediu ainda que os ministros pensem em estratégias eficientes de comunicação e façam muitas viagens pelo país.
Segundo o chefe do Planalto, é preciso que a população entenda que o governo fez entregas importantes. Além disso, na visão dele, é preciso vencer a disputa política de narrativas.
O presidente também aproveitou a ocasião para agradecer ao Congresso Nacional, e citou que o Executivo conseguiu aprovar matérias mesmo em um cenário adverso no Legislativo, até mais do que em governos anteriores.
Falando sobre o tema, o petista chegou a citar a gestão de Gabriel Boric, presidente do Chile, como exemplo negativo. Ele afirmou que, apesar de ter quase metade das cadeiras no parlamento chileno, o líder do país vizinho não consegue aprovar as medidas de governo.
Lula também destacou aos ministros a atenção que tem dado ao tema da inteligência artificial.
O governo coordenou a criação de um plano nacional sobre o assunto, e o chefe do Planalto disse que vai criar um grupo de trabalho para tratar sobre o tema e colocar a pauta como prioritária do encontro com Xi Jinping, presidente da China.
Desconfortos
Segundo ministros presentes na reunião, o encontro ocorreu em clima de descontração, e o único momento de constrangimento aconteceu quando a ministra Simone Tebet (MDB) falava sobre os cortes no orçamento que o governo fez para não quebrar regras fiscais.
Enquanto Tebet falava, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT) cantou o trecho de música da banda de forró Calcinha Preta. “Você não vale nada mais eu gosto de você”, teria dito Dias. Tebet respondeu: “Não sei se é um elogio ou uma ofensa”.
Ainda segundo ministros, dirigindo-se a Magda Chambriard, presidente da Petrobras, Lula falou que o governo precisa encontrar formas de baixar o preço dos combustíveis. Segundo ele, os postos de gasolina estão aumentando preços sem justificativa, e isso precisaria ser fiscalizado.
De acordo com essas fontes, o presidente também disse, sem citar o nome do senador Davi Alcolumbre (União-AP), que não aceita ‘senadores querendo mandar em agências de regulação’.
Lula teria defendido que isso aconteceu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não vai acontecer no governo dele.
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