MP denuncia 12 envolvidos em ‘golpe do PIX’ à Justiça; suspeitos se apropriaram de R$ 410 mil doados em emissora de TV baiana


Crimes aconteceram entre 2022 e 2023. Doações eram feitas por telespectadores para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas maior parte dos valores foi desviado. Sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA) no CAB, em Salvador
MP-BA
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou à Justiça as 12 pessoas envolvidas no caso conhecido como “golpe do pix”, na sexta-feira (9). Os envolvidos se apropriaram de mais de R$ 410 mil, que deveriam ser doados para pessoas em vulnerabilidade social que participaram de um programa televiso baiano. Até este sábado (10), ninguém foi preso.
O caso veio à tona em março de 2023 e ficou conhecido como “golpe do PIX”, porque o grupo criminoso usava chaves pix exibidas durante o programa para se apropriar das doações. De acordo com a polícia, o esquema funcionava da seguinte maneira:
👉 o caso do telespectador era contado no programa televisivo;
👉 as pessoas pediam ajuda e o número para doações era exibido na tela;
👉 às vítimas, era feito o pedido da chave PIX, com a promessa de que todo valor arrecadado seria repassado.
👉 a chave PIX usada seria de um laranja – que integrava o esquema, e que era colocada no ar como se fosse da emissora.
👉 a maior parte do valor arrecadado ficava com o grupo criminoso e apenas uma pequena parcela era repassada para as vítimas. Em alguns casos, as vítimas não receberam nada.
Vista área do Tribunal de Justiça da Bahia
Divulgação/TJ
Segundo o órgão, os 12 envolvidos foram denunciados por associação criminosa e apropriação indébita. Entre os envolvidos, estão jornalistas que trabalhavam na emissora de TV. Na época em que o caso veio à tona, eles negaram as acusações.
O g1 entrou em contato com o advogado dos dois jornalistas envolvidos no caso, que informou que o caso segue em segredo de Justiça.
O g1 também tenta localizar as defesas dos outros 10 apontados como integrantes do grupo criminoso pelo MP-BA.
Mais de R$ 400 mil desviados
Caso é investigado pela Polícia Civil
TV Bahia
As investigações apontaram que os crimes foram cometidos durante um ano e cinco meses, entre 2022 e 2023. Neste período, o grupo arrecadou mais de R$ 540 mil em doações, que deveriam ser totalmente repassadas às vítimas.
Apesar disso, apenas 75% do valor foi repassado, o que equivale a aproximadamente 136 mil.
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Um exemplo disso, é que em dos casos exibidos no programa foram arrecadados R$ 64.127,44. Desse valor, os integrantes da associação criminosa se apropriaram de R$ 57.591,26 e repassaram apenas R$ 6.536,18 às vítimas.
Conforme informado pelo MP-BA, após cada programa o grupo distribuía o dinheiro de acordo com a orientação dos líderes do esquema, que ficavam com a maior parte do valor.
Para ocultar a origem do dinheiro, eles realizaram diversas movimentações financeiras, o que também configura os crimes de lavagem e ocultação de valores.
Relembre o caso
Polícia Civil investiga golpe do Pix em Salvador
O caso veio à tona no dia 10 de março de 2023, pelas redes sociais. Segundo o delegado responsável pelo caso, Charles Leão, a assessoria de um jogador de futebol identificou que os dados da chave PIX que aparecia na televisão não correspondia aos dados da pessoa em vulnerabilidade social.
“Ele descobriu que aquela chave PIX era de uma pessoa que desenvolvia a atividade de rifeiro. Como ele queria fazer essa doação, desconfiou e conseguiu o telefone da mãe da criança com câncer. Foi feito um acerto de que doação seria feita diretamente para ela, não para aquela chave”, contou o delegado Charles Leão.
Depois, a assessoria do jogador entrou em contato com a produção do programa, que iniciou uma investigação interna. A própria assessoria contatou as pessoas em vulnerabilidade que já tinham participado do programa e elas contaram que a chave PIX fornecida não era delas, mas sim de terceiros desconhecidos.
A Polícia Civil iniciou as apurações quatro dias depois que o caso veio à tona, em 14 de março.
Todos os casos tinham as mesmas características: as vítimas procuraram a emissora para divulgar suas histórias e pedir doações aos telespectadores. Os valores arrecadados deveriam ser utilizados para tratamento de doenças e compra de remédios, por exemplo.
Em junho de 2023, os jornalistas suspeitos de envolvimento no caso foram indiciados.
Na época, , a defesa dos jornalistas suspeitos afirmou que as declarações feitas pelo delegado Charles Leão “não representam integralmente a complexidade dos fatos, tampouco a verdade apresentada pelos meus clientes desde o princípio”.
A defesa ainda informou que “aguardará o encaminhamento do feito ao Ministério Público, e caso passe pelo crivo da Douta Promotoria, a verdade será novamente produzida em sede judicial, onde acreditamos fielmente na absolvição”.
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