Com nota 980 na redação do Enem, jovem de Botucatu conta que treinou e apostou em repertório sociocultural


Guilherme Garcia Munuera, de 22 anos, é vestibulando do curso de medicina e participou da edição 2024 da prova na qual apenas 12 alunos, entre os quase 3,2 milhões de participantes, alcançaram a nota máxima. jovem de Botucatu conta que treinou textos com frequência e apostou em repertório sociocultural durante preparação
Arquivo pessoal
Um jovem de Botucatu, no interior de SP, recebeu uma ótima notícia que o aproximou do sonho de cursar medicina. Ele foi um dos estudantes que alcançaram mais de 900 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024.
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Guilherme Garcia Munuera, de 22 anos, soube do resultado no dia 14 de janeiro junto com outros 3 milhões de candidatos que realizaram a prova.
Sua pontuação, de 980 pontos, revela que os dois corretores responsáveis por sua produção atribuíram notas distintas: um deu nota mil, e o outro, 960 pontos, resultando na média final de 980.
Ao g1, Guilherme contou que ficou aliviado e feliz com a nota, especialmente porque havia rumores de que as correções deste ano seriam ainda mais rigorosas.
De acordo com informações apuradas pelo g1, os corretores da redação foram orientados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a descontar pontos de textos que utilizassem repertórios socioculturais “forçados” ou sem conexão com o contexto, além de penalizar o uso de modelos memorizados, prática comum em edições anteriores da prova.
“Fiquei muito feliz quando recebi minha nota, ainda mais nesse ano em que houve muitos rumores sobre uma correção mais rigorosa, logo estava mais preocupado, confesso. Mas, apesar dessa ansiedade, eu estava bem confiante”, conta o jovem.
Jovem de Botucatu conta que treinou textos com frequência e apostou em repertório sociocultural durante preparação
Reprodução
📚 Repertório sociocultural
Na redação do Enem, apenas uma boa escrita não basta para alcançar excelentes resultados. Uma sólida base de repertório sociocultural pode ser decisiva, principalmente diante das novas recomendações aos corretores.
Jovem de Botucatu leu “Torto Arado” dias antes de realizar prova do Enem 2024
Arquivo pessoal/Reprodução
Guilherme relata que, dias antes da prova, havia concluído a leitura do livro “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior. O romance, que aborda a vida de duas irmãs submetidas a condições análogas à escravidão em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina, conectou-se perfeitamente ao tema deste ano: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
“Acredito que um bom repertório externo faça toda a diferença. Dois dias antes eu tinha terminado de ler ‘Torto Arado’, que é um livro que trata sobre a cultura de matriz africana. Um dos capítulos relatava justamente a valorização das crenças e manifestações da herança africana, então é claro que já fiquei empolgado e usei um trecho da obra para fazer uma ótima introdução, o que deu certo”, lembra o jovem.
📝 Treinos constantes
O botucatuense enfatiza que o treinamento frequente na escrita de textos foi fundamental para o bom desempenho e destaca que essa prática pode ser a chave para conquistar uma vaga no ensino superior.
Ele também compartilha a importância de experimentar diferentes formas de argumentação.
“Acredito que não existe uma fórmula pronta ou um segredo para uma nota bem próxima ao 1000, mas sim jeitos diferentes e produtivos de expressar uma boa dissertação, com muito treino e com a consciência de erros no meio do caminho que precisam ser corrigidos, além de tentar levar o processo do vestibular com a maior leveza possível”, finaliza.
Jovem de Botucatu conta que treinou textos com frequência e apostou em repertório sociocultural durante preparação
Arquivo pessoal
👨‍🎓 Enem 2024
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 registrou o menor número de redações com nota máxima dos últimos dez anos. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), apenas 12 alunos, entre os quase 3,2 milhões de participantes, alcançaram a nota máxima.
Distribuição dos candidatos nota mil no Enem 2024.
Inep/MEC
O exame é considerado a principal porta de entrada para alunos do ensino médio em universidades públicas no Brasil. Ele é composto por 180 questões objetivas e uma redação.
Para o professor de redação Sérgio Paganim, ouvido pelo g1, a redução no número de redações nota mil reflete uma correção mais criteriosa. Ele afirma que o tema foi considerado acessível, já que é amplamente discutido e abordado ao longo do ensino médio.
Segundo Paganim, a escolha de um tema mais simples levou a banca a adotar critérios mais exigentes na avaliação do repertório e da articulação dos argumentos apresentados.
“Eu acho que o tema é que faz com que a banca se coloque numa posição mais rigorosa para cobrar aspectos mais articulados, repertório mais articulado, linguagem mais articulada, já que o tema fatalmente é um tema mais simples”, explica.
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