20 anos de história: alunos relatam mudança de vida após conseguirem bolsas em faculdades pelo Prouni


Nesses 20 anos do programa, mais de 3,4 milhões de estudantes foram beneficiados no Brasil. Resultado da 1ª chamada deve ser divulgado nesta terça-feira (4). Fabbio Moraes, de 39 anos, relembra como a vida mudou ao ser bolsista pelo Prouni quando tinha 19 anos
Arquivo pessoal
Estudar em uma faculdade pode ser um sonho distante para muitos estudantes por conta de diversos fatores sociais. No entanto, programas de estudos podem ajudar a transformar em realidade algo que parecia impossível até então. Foi isso que aconteceu com dois estudantes de Sorocaba (SP), há 20 anos, quando eles tiveram a oportunidade de serem bolsistas pelo Prouni.
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O Programa Universidade para Todos (Prouni) foi criado em dezembro de 2004 e instituído pela Lei nº 11.096 em janeiro de 2005. Segundo o Ministério da Educação (MEC), mais de 3,4 milhões de estudantes foram beneficiados no Brasil entre 2005 e 2024.
Fabbio Moraes, de 39 anos, é doutor em farmácia e pesquisador. Ao g1, ele relembra como tudo começou e conta que foi um dos primeiros bolsistas do seu ciclo social e familiar pelo programa na Universidade de Sorocaba (Uniso).
“Fui o primeiro entre os meus amigos, entre minha família e, depois de mim, o legal que foi indo mais um monte de gente, e eu fui ajudando no processo”, diz.
Fabbio Moraes é doutor e pesquisador em farmácia e sua trajetória começou como estudante bolsista do Prouni
Arquivo pessoal
Filho de mãe vendedora e pai operador de máquinas, Fabbio afirma que só conseguiu seguir a carreira que sonhava a partir da bolsa integral nos estudos.
“O Prouni foi uma ‘boia de salvação’ no meio de tanta dificuldade. Me trouxe paz no sentido de ‘a faculdade eu tenho garantido, eu preciso garantir o resto agora’.”
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“Eu sempre fui muito determinado a romper o ciclo da pobreza, não só material, mas intelectual, e a luta para se conseguir isso era muito grande. Então, eu tinha determinação, mas eu sabia que ia ter que fazer muito esforço para chegar lá”, relembra.
Fabbio também se preocupava com outras coisas, como conseguir se alimentar e ter dinheiro para o transporte, até conseguir um emprego na área. Apesar disso, fazer a faculdade já trouxe alívio para o jovem estudante na época.
“No segundo ano de faculdade, eu comecei a trabalhar em uma indústria farmacêutica. Isso abriu muitas portas para mim. Depois, fui trabalhar em uma multinacional em Sorocaba, também farmacêutica.”
A partir dos estudos, Fabbio Moraes conseguiu conquistar sonhos, como a casa própria e viajar para fora do país. Na imagem, o pesquisador está no Egito, em 2024
Arquivo pessoal
No currículo, Fabbio acumula diversas experiências, entre elas, o feito de conseguir uma vaga de emprego no exterior, anos depois. “Eu fui inicialmente para estudar e acabei trabalhando por um ano em uma indústria farmacêutica lá na Irlanda, na área de validação de sistemas computadorizados”, relata.
Atualmente, Fabbio trabalha como pesquisador em um Instituto de Ciência e Tecnologia de uma empresa multinacional com sede em Sorocaba.
“Mais do que ter um conforto material, que é bastante importante, principalmente quando a gente vem de uma situação de vulnerabilidade, hoje eu posso andar com tranquilidade, posso olhar pra minha trajetória e posso, em vez de correr com a vida, eu caminho. Vivo em paz.”
Mudança de vida
Tani Yuri Arakawa é farmacêutica e foi uma das bolsistas pelo Prouni em 2005
Arquivo pessoal
Além de cursar a mesma graduação de Fabbio, Tani Yuri Arakawa também foi uma das bolsistas pelo Prouni em 2005. “Tinha esse sentimento de que, se eu não passasse em uma universidade pública [ou conseguisse bolsa], eu não iria me formar, pois fazer um financiamento estudantil também estava fora do meu alcance”, relembra.
Atualmente, Tani trabalha no setor de qualidade de medicamentos em uma indústria farmacêutica de Sorocaba e conta que se sentiu aliviada ao saber da contemplação de uma bolsa de estudos 100%.
“Foi um alívio, pois o curso de farmácia era um dos mais caros da universidade na época. Lembro que não estava empregada, meus pais estavam passando por dificuldades econômicas e, quando cheguei à casa dos meus pais com a notícia, foi só alegria.”
Na família, além da Tani, os irmãos também conseguiram estudar a partir de bolsas de incentivo. “Tenho dois irmãos, um conseguiu isenção de 70% da mensalidade devido à colocação dele no vestibular, e minha irmã também conseguiu bolsa 100% do Prouni, cada um em uma instituição de ensino diferente”, conta.
Tani Yuri Arakawa ao lado de outras estudantes de farmácia na Universidade de Sorocaba, entre 2005 e 2006
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Prouni 2025
O resultado da 1ª chamada do Programa Universidade para Todos (Prouni) está previsto para ser divulgado nesta terça-feira (4), no portal Acesso Único, e a comprovação das informações deve ser feita até 17 de fevereiro.
Segundo o Ministério da Educação, nestas duas décadas, as mulheres representam 56% do público do Prouni, além das pessoas negras, que são 55% do percentual e, conforme o Censo da Educação Superior de 2023, 58% dos participantes do programa concluíram a graduação posteriormente.
A edição do Prouni de 2025 oferecerá 338.444 bolsas no total, sendo 203.539 integrais (100%) e 134.905  parciais (50%) sobre o valor da mensalidade de cursos em instituições privadas de educação superior no Brasil para estudantes inscritos que fizeram o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) em 2023 e 2024.
Fabbio Moraes é mestre, doutor e pesquisador em farmácia e começou a carreira a partir do Prouni
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