Reforma ministerial: PSB e PDT alegam mais fidelidade que Centrão e cobram espaço na Esplanada

Insatisfação de partidos mais alinhados historicamente a Lula se agrava diante das cobranças de legendas de centro e centro-direita para ocuparem mais espaços nos ministérios — uma conta difícil de fechar. A expectativa sobre uma reforma ministerial mexe também com os ânimos de partidos menores e com um programa mais alinhado ao governo Lula — como o PDT e o PSB. Parlamentares das legendas avaliam que, apesar de entregarem mais fidelidade do que partidos grandes do Centrão, são “preteridos” pelo Palácio do Planalto.
No PDT, que hoje tem 18 deputados e o Ministério da Previdência, a avaliação é que o partido “não está sendo atendido com a dignidade que merece”. Parlamentares também reclamam que o ministro Carlos Lupi, presidente licenciado do partido, é “boicotado o tempo todo” pelo governo e não é reconhecido pelo trabalho que tem exercido.
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A insatisfação dos deputados foi vocalizada pelo novo líder da bancada, Mário Heringer (PDT-MG).
“A sensação é que fomos convidados para o baile, mas sem par para dançar e apenas por educação”, diz o líder.
A bancada ainda não conversou com ministros palacianos, como Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), mas quer fazer isso e cobrar mais uma pasta na Esplanada.
O argumento é que, apesar de terem apenas 18 deputados, entregam todos os votos para o Planalto – ao contrário de partidos do Centrão, que por vezes entregam apenas metade dos votos ou têm integrantes que criticam o governo abertamente.
Embora não cobrem um ministério específico, integrantes do PDT avaliam que o Ministério da Previdência não tem capilaridade – ou seja, não se reflete em obras, popularidade e votos para a sigla.
Já o PSB hoje tem dois ministérios: o de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), comandado pelo também vice-presidente, Geraldo Alckmin; e o do Empreendedorismo, com Márcio França. Este último é considerado uma pasta de menor porte e com pouco orçamento.
Dentro do partido, a reclamação já é antiga. O PSB começou 2023 chefiando outras duas pastas, além da de Alckmin: a do Ministério da Justiça, com agora ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que era filiado ao PSB; e a de Portos e Aeroportos, que antes de ser do Republicanos estava com França.
Agora, cresce a possibilidade de Alckmin ficar apenas na vice-presidência e deixar o MDIC. Um dos cálculos é que o cargo pode ser dado ao ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Reservadamente, parlamentares do PSB dizem que mais um esvaziamento do partido “é um absurdo por tudo que o PSB fez antes mesmo do presidente Lula ser eleito”.
“Nós fomos decisivos na vitória de Lula. Caso o PT ouse fazer isso [retirar o PSB da Esplanada], defendo que deixemos todos os espaços no Governo Federal e fiquemos independentes.”
A insatisfação de partidos mais alinhados historicamente ao governo Lula se agrava diante das cobranças de partidos do Centrão para ocuparem mais espaço – uma conta difícil de fechar.
Enquanto o PSD se sente desprestigiado com três pastas e deseja substituir o Ministério da Pesca por um mais relevante, governistas defendem, por exemplo, um espaço na Esplanada para o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
Interlocutores do governo também avaliam que é preciso ampliar as pastas de partidos que vão se tornar cada vez mais importantes no Congresso, como o Republicanos do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (PB). E, no Centrão, há quem defenda que o Ministério de Relações Institucionais seja ocupado pelo líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
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