‘Como foi seu dia na escola?’ – ‘Legal’: veja dicas para que o diálogo com os filhos supere as respostas vazias


Conversas como esta dá abertura para uma melhora na relação que pode impactar elementos como autoconfiança, autoestima, capacidade de análise crítica, entre outras coisas. Ilustração de pais conversando com os filhos.
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Como foi seu dia? – Legal
Foi tudo bem na escola? – Tudo
O que aprendeu hoje? – Sei lá.
Quem tem filhos, especialmente adolescentes, sabe que essas perguntas costumam receber respostas genéricas. A mineira Bruna Rodrigues conta que passava por situações como essa com o filho, Caio, de 12 anos, até que decidiu dar um basta.
“Eu propus que todo dia ele me contasse uma curiosidade sobre o dia dele. Não precisava ser nada elaborado, desde que fosse algo que tivesse chamado a atenção dele”.
Ela conta que não deu certo de cara, e as curiosidades eram muito genéricas “No começo, ele falava ‘tive prova de matemática hoje’, ou ‘o coleguinha Fulano faltou hoje’”. Eram coisas muito genéricas. Mas, com o tempo, isso foi mudando.
Ele começou a falar coisas que não eram só da escola, mas sobre outros momentos do dia dele. E mesmo que o combinado fosse de uma coisa interessante por dia, acho que isso deu confiança para que ele me contasse outras coisas.
Essa dinâmica já dura há alguns meses, e Bruna avalia que a relação com o filho melhorou neste tempo. Ela diz que passou a conhecer melhor os interesses do filho, e que tem mais abertura para falar com ele.
A importância da relação entre pais e filhos
Segundo a especialista em psicologia da família Adriana Aguero, uma boa relação de trocas cotidianas de pais, ou figuras de responsabilidade em geral, com crianças e adolescentes pode impactar psicologicamente diversos aspectos nos jovens, como:
Autoconfiança e autoestima.
Capacidades de socialização.
Capacidade de análise crítica.
Além disso, os filhos também tendem a confiar e a ser mais abertos e sinceros com os pais.
Os pais também experienciam benefícios e melhorias em capacidades de gerenciamento de emoções, de argumentação e comunicação em geral, além de aprofundar laços com os filhos.
“Tanto os pais quanto os filhos se beneficiam de uma relação saudável e de confiança. Mas este tipo de troca não é fácil ou automático, especialmente na adolescência, quando os jovens tendem a se afastar de figuras de autoridade e a estreitar laços com os amigos”, avalia a especialista.
Por isso, os pais precisam derrubar a barreira da indiferença que costuma aparecer neste período, segundo Aguero.
Se os pais assumem uma postura de indiferença em relação ao filho, é fácil para o jovem, que quer se sentir imperturbável, espelhar esse comportamento. Mas é preciso lembrar que as crianças ainda não sabem o que é melhor para elas, então, cabe aos pais moldar essa relação.
A especialista diz que isso pode ser feito cotidianamente e aos poucos. E, enquanto as perguntas genéricas podem atrapalhar a dinâmica, ela dá outras dicas que podem ajudar os pais a se aproximarem dos filhos.
Não faça um interrogatório
“Adolescentes não gostam de se sentir testados ou pressionados. Por isso, não faça um bombardeio de perguntas. Escolha uma pergunta e, a partir da resposta, faça outro questionamento.”
Ela diz que o melhor é não depender de um repertório fixo, que não considere as particularidades da rotina, da personalidade e das relações das crianças.
Evite perguntas genéricas
“Se quer uma resposta interessante, faça uma pergunta interessante”, diz a especialista. Sair do óbvio e fazer questionamentos mais direcionados pode surtir efeito.
Conhecer particularidades como disciplinas favoritas, calendários escolares, interesses pessoais e afinidades da criança pode ajudar a direcionar essas trocas. Se esforçar para saber essas coisas também é um bom ponto de partida, segundo Aguero.
Seja sincero
“Seu filho vai perceber se você está perguntando só por perguntar. Então, pergunte com intenção, com vontade de ouvir a resposta, e não apenas finja que ouviu”. Por isso, é fundamental demonstrar sinceridade e estar aberto para conversar com a criança.
Bruna concorda com as dicas da especialista. “Desde que passei a estar mais presente para o meu filho, ele passou a estar mais presente para mim também. E, se tratando de um adolescente, acho que é tudo que posso pedir”, finaliza ela, rindo.
Uso do celular causa impacto na educação de crianças e adolescentes nas escolas
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