Atendimentos por epilepsia crescem 120% na rede pública em 2024, chegando a 2.297 no ano na região

Em 2023, número era de 1.041. Para neurologista da Unicamp, maior acesso a serviços públicos e retomada da busca por tratamento após pandemia de Covid-19 são possíveis explicações. Nº de atendimentos por epilepsia dobram em Campinas e sobem 75% em Piracicaba
Os atendimentos ambulatoriais de casos de epilepsia aumentaram 120.65% no sistema público de saúde, na região de Campinas (SP). Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram 1.041 atendimentos em 2023, contra 2.297 no ano passado.
O número de internações também aumentou. Foram 832 em 2023 e 894 em 2024, um crescimento de 7,45%. Para Fernando Cendes, neurologista da Unicamp, os dados apontam aumento na busca por atendimento público e efeito tardio da pandemia de Covid-19, mas estão abaixo do esperado.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
“As pessoas ficaram muito tempo sem ter atendimento adequado e agora isso está normalizando. Mas [o aumento] também pode refletir um aspecto positivo, que é o das pessoas terem mais acesso aos serviços públicos para o tratamento da condição”, avalia o neurologista. “Podemos incluir também que muitas pessoas perderam o convênio médico ou não tem condições de pagar uma consulta privada”, completa.
Porém, para Cendes, o número de atendimentos realizados ainda é pequeno quando se leva em consideração a estimativa de que a epilepsia atinge ao menos 1% da população.
“Existe ainda uma brecha no tratamento. Muitas pessoas ainda não chegam nos neurologistas, principalmente em lugares remotos, e não tem tratamento adequado”, pondera.
Causas e tratamento
A epilepsia é uma doença em que há perturbação da atividade das células nervosas no cérebro, causando convulsões. Pode ocorrer como resultado de um distúrbio genético, de uma lesão, uma infecção, um traumatismo ou um acidente vascular cerebral.
“As crises podem ser generalizadas, quando envolve o cérebro todo, ou focais, quando uma área específica está envolvida. Cada paciente tem uma forma de epilepsia, e ele tem as manifestações das suas crises características”, explica Cendes.
A epilepsia geralmente é tratada com medicamentos e, em alguns casos, mudanças alimentares ou cirurgia.
É o caso de Carlos de Brito, que teve a primeira crise de epilepsia quando tinha seis anos. Ele tem epilepsia de difícil controle, então mesmo com as medicações as crises ainda acontecem, e os acidentes com quedas também.
“[Tomo] quatro remédios, às 11h, 14h, 20h e 22h. Todos os dias. Atrapalha um pouco porque, se eu for para a rua, não dá para ir sozinho. Eu não sei que horas vou sentir”, conta.
Carlos explica que não perde a consciência e não chega a sentir mal estar quando tem crises, mas já chegou a levar ponto por conta de ferimentos causados por quedas. Agora, ele tem feito exames para descobrir se poderá fazer cirurgia.
Já Suzana Santos, diagnosticada aos 11 anos, faz tratamento com uso de medicação diária e, com isso, adquiriu qualidade de vida.
“Eu tinha crises, mas ninguém sabia do que se tratava. Sem o medicamento, você sabe que pode ter uma crise a qualquer momento. Com o medicamento, você tem a opção de não ter. Ajuda a sair de casa, passear, trabalhar, coisas que você poderia não conseguir”, afirma Suzana.
Cendes reforça que os remédios precisam ser tomados da forma correta. “O tratamento com medicamentos vai controlar de 70% a 80% das pessoas com epilepsia. Tem que ser o medicamento correto para aquele tipo de crise. Se a pessoa falha em tomar o medicamento, aí o tratamento não vai ser eficaz”, explica o neurologista.
VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas
Bookmark the permalink.