Especialista aponta diminuição do uso de preservativo como um dos motivos para aumento de sífilis na região de Piracicaba


Maior testagem e mudança de comportamento sexual integram causas para crescimento de 17% no número de casos de 2022 para 2024, disse Secretaria de Estado da Saúde. Pessoa faz teste rápido de sífilis
Ivomar Gomes/Secom-JP
As cidades do Departamento de Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba registraram aumento de 17,76% nos casos de sífilis adquirida de 2022 para 2024. O levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), a pedido do g1, informou que em 2022 foram 957 casos de sífilis adquirida. Já em 2024, foram 1.127 registros da doença.
A faixa etária de 15 a 29 anos é a mais acometida pela sífilis adquirida na região piracicabana, apontou a SES.
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Segundo o médico Roberto José de Carvalho da Silva (CRM 71310), interlocutor da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), esse aumento pode ser justificado por:
Diminuição do uso de preservativo;
Mudança de comportamento sexual, como mais parcerias;
Desinformação sobre a transmissão e o tratamento da doença;
Aumento da testagem oferecida pelos serviços de saúde;
Falta de acesso ao serviço de saúde;
Desabastecimento de medicação.
O especialista ainda informou sobre possível crescimento de casos de ISTs, como a sífilis, depois do Carnaval.
“No Carnaval, aumenta-se a todas as práticas sexuais, muitas vezes sem preservativo. É importante ter feito testagem antes do Carnaval, utilizar preservativo, e testar depois”, afirma o médico.
Região de Piracicaba
As cidades compreendidas pela DRS de Piracicaba são: Águas De São Pedro; Analândia; Araras; Capivari; Charqueada; Conchal; Cordeirópolis; Corumbataí; Elias Fausto; Engenheiro Coelho; Ipeúna; Iracemápolis; Itirapina; Leme; Limeira; Mombuca; Piracicaba; Pirassununga; Rafard; Rio Claro; Rio Das Pedras; Saltinho; Santa Cruz Da Conceição; Santa Gertrudes; Santa Maria Da Serra e São Pedro.
Piracicaba (SP) registrou 355 casos de sífilis adquirida em 2022 e 445 notificações em 2024. O aumento foi de 25% de acordo com dados da SES. Já Limeira (SP) teve 81 casos de sífilis adquirida em 2022 e 87 em 2024.
O que é a sífilis
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável causada pela Treponema pallidum.
A transmissão pode ocorrer por meio de relação sexual (oral, vaginal e anal) sem preservativo com uma pessoa infectada, conhecida como sífilis adquirida. Além disso, a sífilis pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gestação ou parto, conhecida com a sífilis congênita.
Treponema palliudm é a bactéria que provoca a sífilis
CDC/ Dr. David Cox via Wikimedia Commons
Sintomas
Os sintomas da sífilis variam de acordo com o estágio da doença: primária, secundária e terciária.
Primária: ferida indolor e sem pus na região intima, na boca ou em outros locais da pele que tiveram contato com a bactéria. A ferida, o “cancro duro”, pode aparecer entre 10 e 90 dias após o contágio e desaparecer sozinha.
As erupções mudam e passam por diferentes estágios, podendo parecer catapora ou sífilis, até finalmente formarem uma casca, que cai posteriormente
UKHSA via BBC
Secundária: Manchas indolores pelo corpo. Elas surgem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial e desaparecem em algumas semanas sem tratamento. Além das manchas, a sífilis secundária pode promover febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.
“A pessoa apresenta manchas pelo corpo. Ela pode ter febre ou não, mal-estar e pode confundir com outras infecções, como a dengue ou até mesmo uma alergia, mas pode ser sífilis secundária. Se a pessoa não fizer um tratamento médico, essa sífilis secundária desaparece e evolui para a terciária”, explica o médico.
Terciária: considerada a fase mais grave da doença, apresenta lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas que podem levar à morte. Os sintomas tendem a surgir entre um e 40 anos após o início da infecção.
Diagnóstico
O diagnóstico da sífilis pode ser feito por meio de testes rápidos disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde orienta que a parceria sexual também seja testada e tratada para evitar a reinfecção.
Tratamento
Ampolas de Benzetacil, antibiótico usado para o tratamento de infecções
Reprodução/TV Morena
O tratamento é feito com penicilina benzatina, substância conhecida popularmente como “benzetacil”, e é gratuito pelo SUS.
“Às vezes, a pessoa tem medo do tratamento, mas ele é muito simples. A pessoa toma a medicação e será acompanhada a cada três meses”, informa Roberto José de Carvalho da Silva.
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