‘O que mais me dói é não poder fazer nada’, diz Ricardo Vianna, marido de Lexa, sobre perda de filha


Pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morte materna no Brasil. Sofia nasceu 2 de fevereiro e morreu três dias depois. Lexa e o ator Ricardo Vianna falaram com exclusividade ao Fantástico neste domingo (23). Ricardo Vianna, marido de Lexa, desabafa sobre a perda da filha do casal
O Fantástico deste domingo (23) exibiu com exclusividade uma entrevista com a cantora Lexa sobre a perda da filha. Sofia morreu no dia 5 de fevereiro, três dias após o parto no Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
O ator Ricardo Vianna, marido da cantora e pai da criança, também participou da conversa com o médico Drauzio Varela. Lexa diz que a presença do marido neste período foi imprescindível: “Ele foi muito forte. Ele é muito forte’.
“O que mais me dói como marido e como pai é não poder fazer nada, né? Estar dentro de um hospital e ver minha filha entubada e não poder fazer nada sobre aquilo. Ver minha mulher que, de repente, com mais um dia na gestação, ela poderia não estar do meu lado”, afirma Vianna.
Lexa Fantástico
Reprodução/TV Globo
A gravidez
A gravidez do casal foi revelada nas redes sociais em outubro do ano passado, três meses depois de Lexa descobrir que estava grávida.
“Foi um sonho muito calculado, muito quisto e muito mentalizado. Não foi uma criança que, ai, foi um susto, foi sem querer, ai, eu não queria… não, eu queria muito.”
O primeiro ultrassom foi feito com seis semanas de gestação. “Tudo foi muito assistido desde o início. E imediatamente eu comecei meu pré-natal. Eu segui um pré-natal à risca, à risca, à risca.”
Lexa continuou a fazer shows e participou dos ensaios como rainha de bateria da escola de samba Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, tudo com liberação médica.
Até que surgiu um alerta. “Meus exames estavam todos oks, mas a minha pressão sempre dava 12 por 8, 13 por alguma coisa e isso incomodava a Camila, minha doutora. E ela falou, faz um exame para gente ver qual é o seu índice para pré-eclâmpsia. Eu fiz e veio para alto índice de risco para pré-eclâmpsia”, conta Lexa ao Fantástico.
“Eu tô vivendo a minha dor e ela é grande, mas ela parece não ter fim. Mas é um processo e eu acho que daqui a pouco eu preciso juntar meus cacos, meu quebra-cabeça sem peça e continuar. Voltar a fazer o meu trabalho, voltar a fazer o que me faz feliz também, né? “, afirmou Lexa.
Pré-eclâmpsia
Segundo o Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morte materna no Brasil.
“Não existe receita de bolo. Aí é que entra a visão do médico especialista. Não há como estabelecer um protocolo universal. Para cada paciente, para cada gestação, você precisa estabelecer um plano de cuidado, que depende do nível de pressão, depende de alguma alteração prévia que ela já tenha no exame”, explica Eduardo Cordioli, diretor técnico de obstetrícia da Maternidade Santa Joana.
Guilherme de Jesús, professor da UERJ e integrante da Comissão Nacional Especializada em Hipertensão na Gestação da FEBRASGO, acrescenta:
“É uma doença da segunda metade da gravidez. As formas mais precoces, felizmente, são muito raras, bem mais raras do que as tardias, ou seja, menos de 34 semanas, e elas tendem a ser mais agressivas. Não, ela não cura sozinha. Ela é uma doença que vai continuar até o momento do parto. Infelizmente, até hoje, a gente só tem uma cura para pré-eclâmpsia, que é o parto.”
Os principais fatores de risco da pré-eclâmpsia são obesidade, pressão alta, diabetes, doenças autoimunes e gestação gemelar. No entanto, algumas pacientes não apresentam nenhum fator de risco que possa ser identificado num primeiro momento, e por isso o acompanhamento médico é fundamental.
“Assim que você souber que está grávida, comece o pré-natal. O Ministério da Saúde recomenda pelo menos seis consultas no decorrer dos nove meses. Identificar os problemas assim que eles aparecem é a única forma de garantir um final feliz para a mãe e para o bebê. É muito importante controlar a pressão, hipertensão arterial é a principal causa de mortalidade materna no Brasil. Um acesso a um pré-natal bem feito acabaria com essas mortes”, enfatiza Drauzio Varella.
“A pré-eclâmpsia ainda é a principal causa de morte materna no Brasil. Muita gente, quando pensa em obstetrícia, pensa na hora do parto. Só que o parto é um epílogo de uma história de nove meses de duração. E a melhor forma de contar essa história é fazendo um bom pré-natal”, reforça Cordioli.
“O objetivo do pré-natal justamente é identificar as pacientes com risco, então elas podem, por exemplo, se ela está na unidade básica de saúde, ser encaminhada para um hospital com mais recursos”, diz Guilherme de Jesús.
“Ela pode, por exemplo, identificar uma hipertensão, porque como a gente não sente nada quando a pressão sobe, às vezes ela já tem uma pressão alta, não sabe disso, e ao não fazer o pré-natal, ela deixa esse fator que potencialmente pode complicar a sua gravidez sem ser controlado.”
Esta semana, o Ministério da Saúde recomendou a suplementação de cálcio para todas as gestantes com a intenção de reduzir a incidência de pré-eclâmpsia. A Organização Mundial da Saúde recomenda a ingestão de 1.500 a 2.000 miligramas por dia. Um copo de leite de 250 ml tem aproximadamente 250 miligramas de cálcio. Já 100 gramas de brócolis têm 513 miligramas de cálcio.
VEJA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Lexa conversa com Drauzio Varella sobre a perda da pequena Sofia
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