Bancada evangélica no Congresso escolhe líder nesta terça em meio a ‘racha’ inédito; entenda o cenário

A bancada evangélica no Congresso deve eleger, em meio a divergências internas, nesta terça-feira (25) o novo líder do grupo para os próximos dois anos.
A frente parlamentar, que é uma das maiores do Parlamento, enfrenta um racha interno e desentendimentos a respeito da posição política do grupo em relação ao governo. Segundo registros da Câmara dos Deputados, 246 deputados e senadores integram a bancada evangélica.
As divergências dentro da bancada impediram a construção de uma candidatura de consenso. Tradicionalmente, desde a criação do grupo em 2003, a escolha do novo líder era feita por aclamação.
Desta vez, o grupo — antes considerado coeso — precisará escolher o novo comando por meio do voto. Para parlamentares evangélicos, a situação demonstra os sinais de uma crescente fragmentação no grupo.
Até o momento, três deputados se colocaram na disputa pelo comando da bancada:
Otoni de Paula (MDB-RJ): ligado à Assembleia de Deus, atual vice-presidente do grupo e apoiado pelo ainda presidente da bancada evangélica, Silas Câmara (Republicanos-AM). Nos últimos anos, se afastou de Jair Bolsonaro (PL) e fez acenos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT);
Greyce Elias (Avante-MG): membro da Sara Nossa Terra, ela é considerada a candidata mais de “centro” da atual disputa;
Gilberto Nascimento (PSD-SP): também ligado à Assembleia de Deus, é considerado mais conservador e mais à direita. Parlamentares classificam Nascimento como próximo ao grupo aliado a Bolsonaro, ao pastor Silas Malafaia e ao atual líder do PL e ex-presidente da frente evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
2023 teve ‘racha’ parecido
Não será a primeira vez que a bancada evangélica diverge em torno dos rumos políticos do grupo. Em 2023, houve uma primeira amostra de que o grupo começava a se fragmentar.
Na ocasião, pela primeira vez, a bancada precisou lançar mão de uma eleição em cédula em meio a uma série de acusações e desentendimentos entre os deputados Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM).
Depois de horas de disputa, o então presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, deputado Sóstenes Cavalcante, decidiu anular todo o processo eleitoral porque havia divergência entre o número de deputados registrados e o número de votos computados.
Uma semana depois, Sóstenes decidiu cancelar as eleições e anunciou um acordo entre Borges e Câmara para dividir o comando entre 2023 e 2024, respectivamente.
Passados dois anos, as divergências persistiram e cresceram à medida em que parlamentares evangélicos se aproximaram de Lula.
Segundo avaliação de membros da frente, o resultado da eleição desta terça deverá ditar a orientação política da bancada evangélica e definir como será o alinhamento de uma das bancadas mais expressivas do Congresso ao Planalto às vésperas das eleições de 2026.
Bookmark the permalink.