A batalha por terras raras: quem controla os minerais do futuro?

Os minerais de terras raras são essenciais para diversas tecnologias modernas, desde baterias a equipamentos médicos. Um novo mapa destaca onde estão os principais depósitos desses recursos valiosos e seu impacto na economia global.

Mapa global com os principais depósitos de minerais de terras raras – Foto: U.S. Geological Survey/Reprodução/ND

Por que os minerais de terras raras são tão valiosos?

Os minerais de terras raras formam um grupo de elementos químicos usados em eletrônicos, energia renovável e defesa. Sua capacidade de conduzir eletricidade, gerar campos magnéticos e resistência os torna indispensáveis para a indústria moderna.

Devido à crescente demanda, esses recursos estratégicos impulsionam disputas comerciais e investimentos em mineração ao redor do mundo. Países que controlam grandes reservas de minerais de terras raras desempenham um papel crucial na economia global.

A professora Sophia Kalantzakos, especialista em Estudos Ambientais e Políticas Públicas na NYU Abu Dhabi, explica a importância desses minerais para diferentes setores. “São muito valiosas por causa de suas diversas aplicações tecnológicas, aplicações militares, aplicações de [energia] renovável”.

Ela também destaca que, apesar da disponibilidade atual desses minerais, o controle da cadeia de suprimentos pela China preocupa os países ocidentais. “Temos terras raras suficientes, mas como há essa enorme competição econômica acontecendo, o Ocidente acordou para o fato de que a China controla todas as cadeias de suprimentos”.

China é a principal produtora de neodímio e praseodímio, minerais de terras raras essenciais para motores – Foto: Freepik/Reprodução

Onde estão as maiores reservas de minerais de terras raras?

Embora não sejam exatamente raros, esses minerais costumam estar dispersos, tornando sua extração desafiadora. O mapa elaborado com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos mostra os principais depósitos globais:

• China: Líder mundial na extração e refino, com cerca de 44 milhões de toneladas métricas. Principais minerais: neodímio e praseodímio (usados em ímãs de alto desempenho para motores elétricos);
• Groenlândia: Reserva inexplorada que desperta interesse global. Principais minerais: disprósio e térbio (essenciais para turbinas eólicas e telas de alta tecnologia);
• Ucrânia: Rica em depósitos estratégicos. Principais minerais: lítio e titânio (fundamentais para baterias e estruturas aeroespaciais);
• África do Sul e Marrocos – Exportadores importantes no mercado global. Principais minerais: cério e lantânio (utilizados na produção de catalisadores automotivos e lentes ópticas);
• Brasil e Venezuela – Potenciais fontes na América do Sul. Principais minerais: ítrio e európio (usados em fósforos para telas de LED e lasers).

Os pesquisadores Robert Muggah, da Universidade de Princeton, e Rafal Rohozinski, do Centro de Inovação em Governança do Canadá, ressaltam que o controle desses recursos pode ser decisivo para a economia global. “Os recursos minerais da Ucrânia não são essenciais apenas para a soberania da Ucrânia, mas também para a independência energética da Europa e para a competição entre os Estados Unidos e a China pelo domínio tecnológico”.

Eles ainda apontam que o acesso a esses minerais influencia disputas geopolíticas. “O controle sobre esses recursos é um fator decisivo, embora subestimado, na definição da trajetória do conflito e quase certamente influenciará os contornos de sua resolução”.

Pesquisadores analisam amostras em estudo de campo sobre minerais – Foto: Eugene Barmin/Freepik/ND

Impacto global dos minerais de terras raras

O mercado de minerais é dominado pela China, o que preocupa potências ocidentais. Estados Unidos e Europa tentam reduzir sua dependência e garantir novas fontes de abastecimento.

Além disso, a transição para tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos e energia limpa, deve aumentar ainda mais a demanda por esses elementos. Isso faz com que a disputa por minerais de terras raras se intensifique, moldando o cenário econômico e geopolítico nos próximos anos.