Conexão com Deus

O refém argentino-israelense Yair Horn (C) no momento de ser entregue à Cruz Vermelha em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, em 15 de fevereiro de 2025Eyad BABA

Proliferam-se pelas mídias sociais em Israel vídeos bastante surpreendentes (pelo menos para alguns), nos quais são vistos ex-reféns do Hamas contando que, durante o cativeiro em Gaza, eles se reconectaram – em diferentes níveis – com a fé e a religiosidade que antes eram inexistentes em suas vidas.

Ohad Ben Ami, de 55 anos, sempre foi secular, como é a esmagadora maioria dos residentes dos kibutzim (comunidades agrícolas) em Israel – muito embora existam alguns que são, sim, religiosos. Nos túneis de Gaza, no entanto, passou a abençoar o pedaço de pão sírio que recebia para comer por dia. “A bênção sobre o pão era a única da qual me lembrava, ainda dos tempos de minha infância”, ele contou em um vídeo.

Outro refém, Sasha Troufanov, descendente de russos, colocou após sua libertação, pela primeira vez na vida, os filactérios (tefilin, em hebraico) usados por homens judeus durante a reza todas as manhãs (com exceção do sábado).

 O refém libertado Troufanov colocou os filactérios pela primeira vez na vida após sua libertação.

Já a jovem soldada Agam Berger, libertada após cerca de 500 dias em cativeiro, se recusou a cozinhar para seus algozes no Shabat, dia do descanso no judaísmo em que judeus religiosos não acendem fogo ou usam luz elétrica (entre outros preceitos). No feriado de Pessach, quando durante uma semana os judeus religiosos não ingerem alimentos fermentados, ela implorou por tâmaras para substituir o contumaz pão sírio. E as recebeu.

A fé em alta

O fortalecimento da “alma” judaica não está sendo vivenciado apenas por ex-reféns, mas também por soldados, seus familiares e pela população em geral. Um estudo feito em fevereiro de 2024 pelo Instituto de Pesquisas Lazar mostrou que 53% dos judeus israelenses sentem-se mais conectados com os judeus que vivem fora do país (53%) e às tradições judaicas (49%). A mesma pesquisa mostrou que 33% dos israelenses entre 18 e 29 anos sentiram o fortalecimento de sua fé desde a invasão do Hamas em 7 de outubro de 2023; 8% disseram que ela diminuiu.

Einav Avizemer: “Quanto mais nos ameaçam, mais esfregamos nosso judaísmo em suas caras”Reprodução

Einav Avizemer, influencer israelense bastante sarcástica que ganhou destaque nos últimos meses em Israel, costuma brincar em seus vídeos dizendo: “Quanto mais nos ameaçam, mais esfregamos nosso judaísmo em suas caras”.

Ela tem razão.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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