População do Japão diminui pelo 15º ano seguido

O Ministério do Interior do Japão registrou que a população diminuiu em 861 mil em 2023, chegando a 121,6 milhões de pessoas. A queda de 0,7% em relação a 2022 foi a maior no país desde que o começo dos registros em 1968.
A diminuição do número de japoneses ocorre pelo 15º ano consecutivo. O número de mortes em 2023 foi de 1,58 milhão. E nasceram 730 mil pessoas no Japão.
O ministério também informou que a quantidade de estrangeiros no país aumentou para 3,3 milhões. O afrouxamento de regras para a imigração tem gerado polêmica, mas é uma forma de o governo atrair pessoas para preencher a necessidade de mão de obra.
A sociedade japonesa, tradicionalmente avessa à imigração, começa a perceber que os estrangeiros formam um grupo importante para surprir necessidades no país.
Exemplo disso ocorre na cidade de Oizumi, que fica a duas horas de trem de Tóquio. Dos 42 mil habitantes, um quinto chegou do exterior. A prefeitura (foto) mantém a cidade focada na integração das nacionalidades. A estação de trem tem placas em português, espanhol, inglês, coreano e chinês, além do japonês.
Com o declínio populacional, o governo japonês tem feito esforços para incentivar os casais a terem filhos. Há subsídios governamentais para as mulheres grávidas, além de auxílios com educação e saúde. E o governo também estimula aplicativos de namoro.
Com a queda no número de habitantes, o Japão registrou o número recorde de nove milhões de casas abandonadas. No país asiático, essas residências desocupadas são denominadas de “akiya”, termo que se referia às construções em áreas rurais.

Cada vez mais são encontradas “akiya” em grandes centros urbanos japoneses, inclusive na própria capital Tóquio.
“Não é um problema de construir muitas casas, mas de não ter gente suficiente mesmo. Esse é um sintoma do declínio populacional do Japão”, destacou à CNN Jeffrey Hall, professor da Universidade Kanda de Estudos Internacionals, na província de Chiba.
Em relação às moradias nas áreas rurais, há cada vez mais casos de herdeiros desinteressados em permanecer nessas localidades, preferindo migrar para grandes centros urbanos.
Segundo especialistas ouvidos pela CNN, ainda há um aspecto financeiro contribuindo para essa realidade do aumento de residências abandonadas.
Muitos proprietários optam por não modernizar os imóveis porque fica mais barato mantê-los, ainda que envelhecidos.
Uma consequência problemática do fato de haver tantas casas abandonadas é o aumento dos riscos à segurança em situações de desastres naturais.
Como o Japão é muito suscetível a terremotos e tsunamis, a falta de manutenção de tantos imóveis torna mais complexas as operações de resgate e reconstrução de cidades.

Existem ainda os riscos sociais associados ao aumento de casas abandonadas para a segurança pública e preservação do meio ambiente. É um quadro que pode deteriorar a qualidade de vida nessas cidades.
Estudiosos da Universidade de Tóquio dizem que é preciso haver políticas públicas que aproveitem os espaços ocupados por essas casas abandonadas para criar novas estruturas que tragam proveito à comunidade.
O Ministério de Assuntos Internos do Japão divulgou relatório em julho de 2023 apontando que todas as 47 prefeituras do país (o equivalente a estados no Brasil) tiveram redução populacional no ano anterior.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu a situação como crítica. Porém, o país tem fracassado nas tentativas de estimular o aumento na taxa de natalidade.

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