Onça-parda encara equipe que fazia monitoramento em unidade de conservação no AC: ‘emoção e tensão’


Registro foi feito no domingo (18) enquanto a equipe estava em campo. O animal apresentava uma lesão no olho. Onça-parda é registrada durante programa de monitoramento em reserva no Acre
A equipe da Estação Ecológica Rio Acre (Esec), no último domingo (18), foi surpreendida ao ficar a poucos metros de uma onça-parda que habita a Estação Ecológica Rio Acre, no município de Assis Brasil, interior do Acre, que faz fronteira com o Peru.
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O registro do animal foi durante a amostragem do programa nacional de monitoramento da biodiversidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os monitores da biodiversidade Fernanda Monteiro e Abias Bandeira, ao percorrerem 2.850 metros, avistaram o animal agachado olhando fixamente para eles.
“Foi uma emoção e, ao mesmo tempo, uma tensão que eu nunca tinha sentido na vida. Demoramos cerca de 5 minutos para fazermos os registros, até que o animal levantou e começou a caminhar em nossa direção. Para nossa segurança e respeitando o animal em seu habitat natural, finalizamos nosso dia de amostragem naquele local e retornamos à base”, contou.
Como o animal passou alguns minutos encarando a equipe, é possível ver um ferimento em um dos olhos. Sidney Oliveira, analista ambiental e biólogo da ESEC Rio Acre, explica que alguns fatores podem ter causado a lesão.
“Ao observar essa magnífica espécie, é evidente o olhar profundo e marcante, porém vazado, revelando uma história de coragem e superação. As possíveis causas desse ferimento ocular podem incluir confrontos com outros animais, impactos contra objetos inesperados, acidentes ou até mesmo doenças oculares”, avalia.
Onça-parda encara equipe que fazia monitoramento dentro da reserva
Fernanda Monteiro/Esec
Sobre a espécie
Segundo Oliveira, essa espécie pode chega até 100 quilos e é encontrada em todo o continente americano. “Também é conhecida como suçuarana, onça-parda ou puma, é um verdadeiro predador solitário, com porte médio e uma beleza indomável. Quanto aos seus hábitos alimentares, a onça-vermelha é um carnívoro oportunista, que seleciona com maestria sua dieta”, pontua.
Na natureza, a expectativa de vida média deste felino varia entre 10 e 15 anos, embora alguns indivíduos possam superar essa marca em cativeiro.
“A reprodução ocorre ao longo do ano, sem um período específico de acasalamento. A onça-vermelha é uma criatura predominantemente crepuscular e noturna, atingindo o ápice de sua atividade ao amanhecer e ao anoitecer. No entanto, ela é capaz de caçar e se movimentar com destreza mesmo durante as horas mais escuras da noite. Durante o dia, é comum vê-la descansando e se refugiando em locais sombreados, como densas vegetações ou até mesmo cavernas, buscando abrigo contra o calor. Mas, é importante destacar que seu comportamento se molda às circunstâncias do ambiente, como a disponibilidade de presas, a temperatura e até mesmo a pressão da caçada,” explica.
A onça-parda, no entanto, enfrenta ameaças que colocam em risco sua existência, segundo o biólogo. “A perda e fragmentação de seu habitat, a caça ilegal e o crescente conflito com seres humanos são desafios que não podem ser ignorados. Para garantir a preservação desses felinos majestosos, é fundamental unirmos esforços contínuos, protegendo seus territórios sagrados, combatendo a caça ilegal e promovendo uma convivência harmoniosa com as comunidades locais”, alerta.
Programa monitora animais dentro da reserva no Acre
Programa de monitoramento
Luan Rocha, biólogo e chefe da unidade de conservação, explica que esse tipo de monitoramento é comum na unidade como forma de controle e preservação.
“O programa consiste em realizar ações de longo prazo que permitam avaliar as respostas de populações e ecossistemas às práticas de conservação e aos impactos de fatores externos, como exemplo, a perda de habitat, mudanças climáticas, alterações na paisagem, entre outras. As informações obtidas servem para criar estratégias de mitigação dos impactos e conservação da biodiversidade”, destaca.
Câmeras flagram invasão dentro da reserva no interior do Acre
Esec
Para isso, há trilhas de monitoramento implementadas na unidade, além de servidores e colaboradores capacitados para a coleta desses dados em campo. A coleta de dados consiste em caminhar ao longo de trilhas de 5 km observando a fauna de aves e mamíferos, anotando em fichas de campo e registrando os animais com câmeras fotográficas, quando possível.
“Além do monitoramento de aves e mamíferos, é realizado o monitoramento de outros alvos, buscando sempre obter o máximo de informação do estado de conservação do local”, explica Rocha.
A gestão da unidade também utiliza armadilhas fotográficas (câmera trap), que são instaladas em pontos estratégicos, objetivando a captura de imagens e informações sobre a fauna e também para identificar invasões e demais crimes ambientais que possam ocorrer na unidade de conservação.
Para fazer monitoramento, equipe conta trilhar dentro da reserva
Esec
Sobre a Esec
Com uma área de 79.395,22 hectares praticamente intactos, a Estação Ecológica Rio Acre é um território imprescindível para a preservação da flora e fauna do estado acreano. Criada em 2 de junho de 1981 pelo decreto federal n°86.061, fica no município de Assis Brasil, interior do Acre, onde faz divisa com o Peru.
Nos últimos anos, o local foi usado para muitas pesquisas, descobertas e registros importantes para a fauna e flora da região amazônica e do país. Atualmente, é classificada como uma das unidades de conservação federal mais isoladas e de difícil acesso na Amazônia e tem o papel de proteger e preservar as nascentes do Rio Acre e toda sua biodiversidade.
Macaco Soin com filhote registrado dentro da reserva
Esec
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