MP pede para pasta da Segurança pagar R$ 100 mil de recompensa por informações que levem a mandantes da morte de Gritzbach


Ministério Público pediu para SSP ampliar pagamento para quem tiver informações que levem às prisões de ‘Cigarreira’ e ‘Didi’. Pasta já havia anunciado recompensa de R$ 50 mil por ‘olheiro’ do grupo que matou a tiros o delator do PCC. Os três estão foragidos. ‘Cigarreira’ e ‘Didi’ são apontados como mandantes da morte de Gritzbach
Reprodução/Globo
O Ministério Público (MP) pediu para a Secretaria da Segurança Pública (SSP) pagar R$ 100 mil de recompensa para quem der informações que levem às prisões dos dois homens acusados de serem mandantes do assassinato de Vinicius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2024, na Grande São Paulo (saiba mais abaixo).
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (17) à imprensa. A pasta foi procurada pelo g1 para comentar o assunto, mas não havia se posicionado até a última atualização desta matéria.
A proposta foi feita nesta manhã durante coletiva com os promotores Rodrigo Merli e Vania Stefanoni, na sede do MP, na capital. O entendimento da Promotoria é o de que a SSP pague R$ 50 mil para quem tiver detalhes que possam levar as autoridades ao paradeiro de Emílio Gongorra, o “Cigarreira”. E mais R$ 50 mil para quem der alguma pista que resulte na prisão de Diego Amaral, o “Didi”.
“Cigarreira” e “Didi” foram denunciados nesta segunda pelo MP à Justiça. Eles foram acusados de serem os mandantes do homicídio de Gritzbach em 8 de novembro de 2024, quando criminosos armados executaram a vítima com tiros de fuzil.
O ataque ocorreu no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana. Um motorista de aplicativo foi atingido por uma bala perdida e também morreu. Outras duas pessoas foram feridas por estilhaços, mas sobreviveram. Câmeras de segurança gravaram a ação dos bandidos no maior aeroporto do país (veja vídeo abaixo).
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
R$ 50 mil por ‘olheiro’
Os dois mandantes e Kauê Amaral, apontado como “olheiro” do grupo, estão foragidos e são procurados pela polícia.
Ainda em novembro, a força-tarefa da pasta da Segurança, criada para investigar o caso Gritzbach, havia divulgado oficialmente a recompensa de R$ 50 mil por informações que levassem à localização e prisão de Kauê _ informante do bando que matou o empresário.
Kauê e três dos executores do crime também foram denunciados nesta segunda pela Promotoria. Todos respondem pelos mesmos crimes de duplo homicídio e dupla tentativa de assassinato.
Os homens apontados diretamente na execução do ataque já estão presos. Eles são três policiais militares: o cabo Denis Martins, o soldado Ruan Rodrigues e o tenente Fernando Genauro. O trio também foi denunciado pelo Ministério Público pelos assassinatos e pelas tentativas de homicídio.
Denis e Ruan são acusados de atirarem em Gritzbach, enquanto Fernando foi acusado de levar a dupla de carro e dar fuga a ela do aeroporto.
A Promotoria também pediu a conversão dos mandados de prisões temporárias dos seis acusados em preventivas (sem prazo para terminar). O Poder Judiciário ainda não se manifestou a respeito da denúncia pelos homicídios e pelas tentativas e das conversões das prisões.
Kaue Amaral
Reprodução/TV Globo
Gritzbach foi morto por vingança
Segundo a Polícia Civil, Gritzbach foi morto por vingança. Ele era empresário ligado ao ramo imobiliário e lavava dinheiro para o Primeiro Comando da Capital. O processo do caso tem mais de 5 mil páginas.
De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), “Cigarreira” mandou matar o desafeto Gritzbach para vingar Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, traficante assassinado numa emboscada em 2021. Além dele, o seu motorista, Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”, morreu no ataque. O empresário era suspeito de mandar matar “Cara Preta” e “Sem Sangue”.
A morte dos amigos, um suposto desfalque financeiro na facção e a delação de Gritzbach, em que ele aponta ligações entre agentes do estado e criminosos do PCC, levaram “Cigarreira” a arquitetar a execução, segundo a investigação.
Gritzbach entregou esquemas criminosos do PCC e depois denunciou policiais por corrupção em depoimentos ao Ministério Público. Ele respondia a processo judicial acusado de lavar dinheiro da facção por meio da compra e venda de imóveis e postos de combustíveis.
Em troca da delação, o MP pediria à Justiça para Grtizbach não ser condenado por associação criminosa. Responderia somente por corrupção.
Quais são os crimes cometidos, segundo o MP
Segundo a denúncia do Ministério Público contra os seis acusados, eles participaram dos homicídios e tentativas de homicídios de quatro vítimas, com quatro qualificadoras agravantes: motivo torpe, meio cruel, emboscada e uso de arma de fogo de uso restrito.
O MP ainda avalia se irá denunciar o grupo por associação criminosa.
Segundo os promotores Vania Caceres Stefanoni e Rodrigo Merli Antunes, responsáveis pela denúncia do Ministério Público, não há dúvidas de que os três PMs agiram com intenção de matar Gritzbach e assumiram o risco de matar e ferir outras pessoas ao atirar no desembarque do aeroporto.
“Esses seis [acusados] têm participação nos crimes”, disse o promotor Rodrigo durante coletiva de imprensa na sede do MP, nesta segunda.
As defesas dos seis acusados sempre alegaram que seus clientes são inocentes.
A pedido do MP, o DHPP vai apurar também em outro inquérito se PMs que faziam a escolta ilegal de Gritzbach também tiveram envolvimento com o assassinato. Os investigadores têm indícios de que alguns deles forneceram informações privilegiadas aos executores.
“Se existem outras pessoas envolvidas, existe outra parte dessa história a ser contada”, falou a promotora Vania. “A pena [se houver condenação] pode chegar a 100 anos de prisão [para cada um dos acusados, se a Justiça os tornarem réus e eles forem levados a julgamento].”
Ao todo, 14 agentes da Polícia Militar suspeitos de trabalhar como seguranças para o delator estão presos a pedido da Corregedoria da corporação.
DHPP conclui o inquérito sobre a morte do delator do PCC Vinicius Gritzbach
Policiais civis presos por corrupção
Além da investigação da Polícia Civil e da Corregedoria da PM, a Polícia Federal (PF) investiga os desdobramentos do caso Gritzbach. A PF apura o envolvimento de policiais civis com crimes de corrupção. Os agentes foram delatados à Justiça pelo empresário.
Em fevereiro, a Justiça tornou rés 12 pessoas, sendo oito policiais civis, por envolvimento com o PCC, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, os acusados atuavam em conluio com o PCC e favoreciam a facção. De acordo com os promotores, delegados e investigadores se uniram a criminosos para transformar órgãos como a Polícia Civil em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.
O MP pediu que os acusados paguem ao menos R$ 40 milhões como ressarcimento em razão do dano causado pelos crimes cometidos.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Reprodução/TV Globo
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