Juliette desanima a festa com ‘Risca faca’, álbum pop produzido em linha de montagem com dez faixas artificiais


Cantora transita entre arrocha, piseiro e pagodão baiano em repertório trivial gravado pela artista com feats com J. Eskine, Silva, Psirico e Michele Andrade. Capa do álbum ‘Risca faca’, de Juliette
Gabriela Schmidt / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Risca faca
Artista: Juliette
Cotação: ★
♬ A anemia das 10 faixas do segundo álbum de estúdio de Juliette – Risca faca, em rotação desde 17 de abril – causa nenhuma surpresa. As quatro músicas apresentadas entre janeiro e fevereiro já sinalizaram que vinha por aí um disco fabricado em linha de montagem, sem alma, sem emoções reais, dissipadas pela padronizada produção musical de Pedro Breder. As seis faixas inéditas somente intensificam a má impressão.
A conexão de Juliette com J. Eskine no arrocha Cachaça e mel (Juliette, Pedro Breder, Cantini, Carolzinha, Shylton, J. Eskine, Alefdonk e Murilo Chester), por exemplo, é produto que tenta clonar a fórmula do sucesso do cantor e compositor baiano Jonathan Souza Santana, nome de batismo de Eskine, autor e intérprete de Resenha do arrocha, o maior hit do primeiro trimestre de 2025.
A sensualidade artificial de Dopaminados (Pedro Breder, Carolzinha, Cantini e Shylton Fernandes) ecoa o clima de Boyzinho (Carolzinha, Gabriel Cantini, Juliette, Pedro Breder e Shylton Fernandes) e Quarto proibido (Gabriel Cantini e Daniel de Souza Moreira), as músicas que anunciaram este álbum moldado para as baladas com a frivolidade típica do repertório do gênero.
Já o dueto insípido com Silva em Labirinto (Shylton Fernandes, Daniel Caon e Elan Rubio) é o atestado de que falta um traço de vitalidade, mínimo que seja, no álbum Risca faca – e a simples presença de Silva na faixa explica porque o cantor tem tido tanta dificuldade de recuperar o público perdido nos últimos anos.
Mal nenhum há em fazer música para entretenimento. O problema é quando as músicas são ruins, triviais. E quando a cantora não prima exatamente por um canto atraente…
Para tentar animar a festa e atrair seguidores para o rolê, Juliette se une com Michele Andrade – cantora pernambucana conhecida no universo do forró – no piseiro Risca faca (Head midia, Pedro Dash, Dan Valbusa, Jotta, Fraga, Dida Sallô e Chum), música-título formatada em linha similar à da já conhecida faixa Eu vou aí (Carolzinha, Cantini, Juliette, Pedro Breder e Shylton), tema forrozeiro que junta Juliette com Henry Freitas, cantor pernambucano de forró.
Já Me pega (Àttooxxá, Cantini e Juliette) cai na cadência sintetizada do pagodão baiano com a batida da banda soteropolitana Àttooxxá e a adesão de Márcio Victor, vocalista do grupo Psirico, também de Salvador (BA).
Enfim, é transitando nesse universo pop do mainstream – entre piseiro, arrocha e pagodão – que Juliette dá voz (mas não sentimento) a músicas como Acho é pouco (Carolzinha, Pedro Breder, Timbó, King, VictorJame e Juliette).
Enfim, Risca faca é assumido álbum feito para a festa, assunto da última faixa, A culpa não é nossa (Pedro Breder, Carolzinha, Cantini e Shylton Fernandes).
Sob tal prisma, a superficialidade das 10 músicas até pode ser entendida, mas o fato é que falta muito para Juliette animar uma festa. Falta uma voz viçosa. Falta vitalidade. Falta sobretudo uma alma musical, decepada em Risca faca em nome de uma fórmula comercial que dilui todo e qualquer traço de personalidade da artista.
Juliette canta com J. Eskine, Silva, Michele Andrade e Henry Freitas no álbum ‘Risca faca’
Gabriela Schmidt / Divulgação
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