Como lidar com a culpa que sempre ronda os cuidadores


Expectativas pouco realistas podem aumentar o estresse e o sentimento de impotência Quando se cuida de um ente querido, há pensamentos negativos recorrentes. “Não estou fazendo o suficiente” ou “se ele/ela piorar, a culpa é minha” são alguns deles – ainda que se tornar responsável por outra pessoa já seja uma tarefa das mais pesadas, a culpa adiciona uma carga extra ao compromisso.
Cuidador e o sentimento de culpa: expectativas pouco realistas podem aumentar o estresse
Imagem IA de Vilkass para Pixabay
O cuidador corre o risco de estabelecer parâmetros pouco razoáveis para si mesmo: resolver tudo sem ajuda, ter solução para todos os problemas, sempre tomar a decisão correta, não se permitir sentir raiva, angústia, ansiedade ou depressão. Quando não consegue alcançar esse patamar (inatingível), vem a culpa.
Há muito tempo não recorria aos sábios conselhos dos especialistas do Daily Caring – que quase deixou de existir na virada do ano, mas está de volta, para alívio de todos os que cuidam – e aqui vão dicas para lidar com situações bastante comuns nessa dura empreitada.
Reconheça que se sente culpado: a primeira etapa para resolver o problema é admitir que ele existe. Tentar suprimir um sentimento só o torna mais intenso. Portanto, identifique os pensamentos e emoções que acompanham esse estado – é um bom começo para diminuir seu impacto.
Confronte suas expectativas com a realidade: quando partimos do princípio de que podemos dar conta de tudo sem nos ressentir ou ficar exaustos, estamos cultivando uma visão fantasiosa da tarefa hercúlea que temos pela frente. É algo inviável para qualquer cuidador.
Não compare seus piores momentos com relatos esporádicos de outros: às vezes, nos baseamos em episódios e comentários soltos de terceiros, que descrevem um quadro favorável, como se esse fosse o padrão das suas atribuições – o que nos traz a sensação de sermos um fracasso. A verdade é que conhecemos somente parte da rotina alheia e, provavelmente, o número de dias ruins é igual ao que você enfrenta.
Busque estratégias para driblar o cansaço e o estresse: o autocuidado é fundamental. Valem todas as opções: escrever um diário, fazer exercícios de respiração para relaxar, criar pequenos intervalos para tomar um chá ou ver um vídeo divertido.
Crie uma nova narrativa para não deixar que a culpa domine sua existência: como é impossível fazer tudo o que deve ser feito, treine seu raciocínio para encarar os desafios de forma diferente. Em vez de pensar: “ninguém sabe cuidar de mamãe como eu, então preciso ficar sempre disponível”, reformule a ideia para: “essa é uma situação difícil, mas não tenho como estar presente o tempo todo e descuidar da minha saúde. Sinto muito, mas tenho que buscar outras pessoas e opções para dar conta do trabalho”.
Procure ajuda: conecte-se com grupos de apoio, que entenderão o que está enfrentando. Ouvir outros na mesma condição tornará menos severo o julgamento que faz dos seus sentimentos.
Contabilize as pequenas vitórias: costumamos nos lembrar apenas dos fracassos, principalmente com a progressão da doença do ente querido. Zele pelas memórias positivas, por tudo o que você fez pela pessoa ao longo da jornada.
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