Prefeitura de SP vai remover mais de 4 mil famílias do Jardim Pantanal


Região é conhecida por sofrer historicamente com alagamentos e enchentes na época de chuva. Operação está prevista para começar em julho de 2025 e deve seguir até o final de 2029. Nunes anuncia retirada de famílias do Jardim Pantanal
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou nesta quarta-feira (7) um plano para remoção de mais de 4 mil famílias do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo. A região é conhecida por sofrer com alagamentos e enchentes na época de chuva há mais de 30 anos.
O anúncio foi feito após reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o CEO da Sabesp Carlos Piani, entre outros secretários.
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Segundo o prefeito, a operação está prevista para começar em julho de 2025 e deve seguir até o final de 2029. A primeira fase prevê a retirada de mil imóveis localizados à beira do Rio Tietê, em uma faixa que chega a dois metros de altura e é considerada de risco extremo para enchentes e deslizamentos.
“Foi demonstrado pela equipe da Secretaria da Habitação que já houve várias situações em que as famílias foram removidas e, depois, houve nova ocupação dessas áreas. Então, a grande ação agora é retirar essas mil famílias e construir um gabião de 4,2 km que vai delimitar a área, para que não haja mais ocupação e reocupação”, afirmou Nunes.
Prefeito Ricardo Nunes anuncia retirada de famílias do Jardim Pantanal
Reprodução/TV Globo
Esse gabião — uma estrutura de contenção com pedras e telas metálicas — será instalado ao longo de 4.200 metros margeando o Jardim Pantanal e bairros vizinhos, servindo como uma barreira física para impedir novas ocupações e construções irregulares.
Além disso, viaturas da Guarda Civil Metropolitana Ambiental, da Polícia Militar Ambiental e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) vão reforçar a fiscalização no local para coibir reocupações e o descarte irregular de entulho na região.
O projeto de remoção está dividido em três fases:
Fase 1 (julho de 2025 a outubro de 2026): remoção de 1.000 imóveis e construção do gabião.
Fase 2 (novembro de 2026 a junho de 2028): retirada de mais 1.000 imóveis.
Fase 3 (julho de 2028 a dezembro de 2029): remoção de 2.344 imóveis restantes.
No total, serão 4.344 imóveis desocupados ao longo dos próximos quatro anos.
Atendimento habitacional
A Vila Seabra, no Jardim Helena, zona leste de São Paulo, enfrenta o terceiro dia de ruas alagadas, nesta segunda- feira (3), após as fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias.
EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O prefeito também garantiu que todas as famílias afetadas terão atendimento habitacional garantido, com opções que incluem indenização, auxílio aluguel ou o provimento de moradias por meio da Secretaria Municipal da Habitação, do governo estadual e do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
As enchentes mais recentes, ocorridas no início de 2025, deixaram centenas de moradores do Jardim Pantanal desalojados. Com o transbordamento do Rio Tietê, ruas ficaram submersas por dias, e famílias perderam móveis e bens. A situação reacendeu o debate sobre soluções definitivas para a vulnerabilidade da região.
Enchentes históricas
O distrito do Jardim Pantanal se estende por nove bairros ao longo da Zona Leste de São Paulo e sofre desde os anos 80 com as grandes enchentes que deixam os moradores embaixo d’água ano após ano.
A região deveria ser uma Área de Proteção Ambiental (APA), em que são proibidas construções de casas e ruas. Mas a ocupação irregular e desordenada da cidade transformou a região em um bairro de muitas famílias e comunidades.
Os primeiros moradores chegaram à área ainda na década de 80. Nos anos 2000, a situação se agravou com o aumento da ocupação irregular da região.
Na nossa série de reportagens sobre o Jardim Pantanal, vamos mostrar a luta de lideranças comunitárias pra melhorar as condições de vida extremamente difíceis
E basta chover pouco para a água ocupar as ruas. Sem conseguir retirar os moradores do local, o poder público começou a levar infraestrutura para as margens do rio e construiu conjuntos habitacionais, escolas e piscinões ao longo das últimas décadas.
Em uma grande enchente, no ano de 2009, o bairro ficou alagado por mais de 20 dias. A situação foi registrada pela TV Globo na época.
Em 2020, o então governador João Doria, ex-PSDB, entregou uma espécie de barreira para tentar segurar as enchentes.
Já o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) disse no ano passado que R$ 400 milhões serão investidos em obras, entre elas de drenagem para prevenir cheias na região.
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