Cachorra que ficou 10 dias em telhado após enchente no RS se adapta em novo lar em São Carlos


Família adotou o animal em feira em São Paulo no ano passado. Mais de 20 mil animais foram resgatados. Maya, Paola e Luna em família em São Carlos
Arquivo pessoal
A cachorrinha Luna passou por poucas e boas até ser adotada por uma família de São Carlos (SP). Após ficar 10 dias em cima de um telhado para fugir da enchente histórica em Porto Alegre (RS), ela enfrentou o frio e a fome até ser resgatada por voluntários e protetores da causa animal.
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Um ano após a enchente, Luna está cercada de cuidado e companhia. A tutora Paola Goulart Rosa, de 53 anos, contou ao g1 como tem sido a vida da cadelinha sem raça definida (SRD) que sobreviveu à tragédia. Ela foi adotada em uma feira em São Paulo, através do Instituto Luisa Mell.
No início, Luna chegou muito assustada e vivia no colo da tutora. A cachorrinha sem raça definida (SRD) tinha medo de água, chuva e barulhos.
A tutora Paola com a cachorrinha Luna no dia em que foi adotada em São Paulo
Arquivo pessoal
“Ela ficou 10 dias em cima de um telhado, veio muito magra, ficou em tratamento para ser adotada. Antes era muito assustada e ficava muito no colo porque tinha medo de ficar no chão. As orelhinhas sempre estavam para trás com cara de medo. Ela se assustava até quando eu aguava o jardim, medo de água, de chuva, barulhos. Hoje ela mudou muito o temperamento, é uma cachorrinha adorável”, disse Paola.
Contexto: O Rio Grande do Sul foi atingido por uma enchente histórica em maio de 2024, que provocou danos em quase todos os municípios, devastou cidades da Região Metropolitana e Vale do Taquari, retirou milhares de casa e deixou 183 mortos, além de 27 desaparecidos. De todo o país, voluntários e doadores se mobilizaram para prestar ajuda aos atingidos.
Cachorrinha Luna foi resgatada por protetores de animais na enchente do sul e hoje vive em São Carlos
Arquivo pessoal
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Resgate
Segundo o Governo do RS, no mês de maio e durante todo o período da enchente, 20 mil animais foram para abrigos. Em agosto de 2024, o governo anunciou um programa para a adoção desses animais através de uma plataforma com informações para quem deseja adotar um animal resgatado da enchente.
Segundo Paola, a cachorra foi resgatada no começo de maio, quando as chuvas baixaram um pouco e os protetores de outros estados conseguiram entrar em Porto Alegre.
Luna ficou em tratamento veterinário por quase dois meses para se recuperar do quadro de desnutrição e desidratação.
“Luna foi resgatada quando as chuvas baixaram e os protetores de São Paulo e Rio de Janeiro começaram a ir para o RS fazer as buscas de animais que estavam sem seus tutores ou que não foram localizados, ou que tutores não quiseram. Eles começaram os resgates por barco e foram levados aos abrigos para que as famílias identificassem seus animais. Ela veio entre maio e junho e não foi pra adoção porque estava muito magra, e precisava de cuidados veterinários, eles foram para ONGs para serem tratados”, comentou.
Luna “desmaiada” e adaptada em novo lar em São Carlos
Arquivo pessoal
Pós-trauma canino
A tutora comentou que outro fator importante para a “ressocialização” de Luna foram as duas cachorras da família. Com o tempo, ela foi se sentindo mais segura.
“A sorte é que tenho mais duas cachorras adotadas e ela foi se acostumando com a rotina delas. Conforme elas corriam para a cozinha ganhar ração, ela vinha junto e imitava as atitudes delas. É uma cachorrinha que a cada dia está mais tranquila. Ela dá uma latidinha para receber carinho, dá barriguinha o tempo todo e quando chegamos em casa e está muito feliz, ela vai buscar algum brinquedinho, ou tenta pegar meia, tudo para mostrar que está feliz, sempre está com rabo abanando, pulando e feliz”, contou.
A convivência e o amor recebido foram fundamentais para a sua adaptação. Tanto que hoje ela adora a companhia dos tutores e adora tomar sol.
“Hoje em dia pode chover ou aguarmos as plantas que ela está junto, é muito companheira. Está mais tranquila e a vontade, dorme de barriguinha para cima, isso é um ato de quando o cachorro confia muito. Ela ainda tem medo de água e chuva. Mas a companhia das outras cachorras a encoraja”, disse.
Luna adora tomar sol e curte a vida com família em São Carlos após sobreviver a enchente do Rio Grande do Sul
Arquivo pessoal
A veterinária Giovana Bermudez Basaglia , de 27 anos, comentou que lidar com animal com trauma é um pouco complicado, mas nada que muita paciência e carinho não ajudem o bichinho.
“Se já é difícil trabalhar com pessoas traumatizadas, imagina um animal que não consegue entender o que está acontecendo, fica mais dificil ainda. É preciso ter muita paciência, carinho e conversar bastante com ele para se sentir confortável com o ambiente em que está”, disse.
Medo de banho
A veterinária informou que em casos de cachorros muito medrosos é recomendável utilizar medicação natural e homeopatia para acalmar. Já para animais que dão “baile” em banho, o ideal é associar o manejo a algo positivo, levar o brinquedo preferido, dar petiscos, etc.
A cachorrinha Luna costuma tomar banho com água morna e em dias mais quentes, mas ainda se incomoda. “O primeiro banho ela ficou tão assustada e encolhida que fiquei com medo dela passar mal e não confiar mais em mim. Depois foi melhorando. Ela ainda fica um pouco assustada, mas assim que acaba e eu começo a secar fica alegre. Quando dou banho é sempre no horário do almoço e em dias quentes para que possa terminar de secar ao sol no jardim. Ela morre de medo do barulho do secador”, contou a tutora Paola.
Para dar banho e deixar o animal mais confiante, a veterinária Giovana recomenda também o uso de toalha úmida no começo. O doguinho “Cauê” foi adotado por ela já idoso, com 8 anos, e chegou com medo de trovão e chuva. O processo para entrar no chuveiro foi bem devagar.
“Numa primeira tentativa tem que mostrar o local do banho, deixar cheirar tudo, a toalha, e vai molhando aos poucos com uma toalha úmida a patinha, o rostinho , dando o brinquedo preferido e petiscos até que ir se adaptando. Às vezes ele não vai ficar 100%, mas já vai tolerar esse tipo de manejo e já ajuda. E é bom utilizar homeopatia, não gosto de usar ansiolítico e remédios fortes para animais”, finalizou.
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