Divórcio, amante, provas: defesa de médico rebate alegações do MP sobre morte de professora envenenada


Advogado nega que Luiz Antonio Garnica estava preocupado com divisão de bens por separação com Larissa Rodrigues. Ele também questiona suposição de que médico tentou criar álibi ao sair com amante na noite anterior à morte da professora. Amante de médico suspeito de matar esposa diz que ele se preocupava com bens
A defesa do médico suspeito de matar envenenada a esposa, Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP), rebateu nesta quarta-feira (14) as alegações do Ministério Público sobre os indícios de envolvimento de Luiz Antonio Garnica na morte da professora de pilates.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, Júlio Mossin abordou ao menos três pontos de entendimento diferentes com relação ao que foi alegado pela Promotoria de Justiça. São eles:
divórcio do casal: o médico não estava preocupado com a divisão de bens;
caso extraconjugal e tentativa de álibi: o médico e a amante saíam normalmente em Ribeirão Preto antes da morte;
inquérito policial: não há provas que indiquem participação do médico.
🔎Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, estão presos temporariamente como suspeitos de matar Larissa Rodrigues, de 37 anos, encontrada desacordada no apartamento em que vivia com o médico em 22 de março, na zona sul de Ribeirão Preto, após ingestão de “chumbinho”, como apontou um laudo toxicológico. Ela morreu depois de demonstrar a intenção de se separar do médico após descobrir que ele tinha um caso extraconjugal.
🔎O médico, primeiro a encontrar a mulher morta ao chegar ao apartamento do casal na manhã de 22 de março, confirmou que tinha uma relação fora do casamento e disse que havia passado a noite com a amante, o que levantou suspeitas dos investigadores de que isso seria uma tentativa de constituir um álibi, ou seja, um elemento para desvinculá-lo do crime.
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O médico Luiz Antonio Garnica foi preso por suspeita de envolvimento na morte da esposa em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Divórcio: médico não estava preocupado com bens, diz advogado
No primeiro deles, Mossin nega que a amante, em novo depoimento prestado nesta quarta-feira, tenha dito que o médico estava preocupado com uma eventual divisão de bens em caso de separação, argumento utilizado pelo MP para reforçar as suspeitas sobre Garnica.
Segundo o advogado, a jovem disse que, nos momentos em que esteve com o médico, ele disse que estava se planejando financeiramente para um divórcio, o que é bem diferente de estar preocupado.
“Ela disse que ele queria se organizar financeiramente em caso de separação e não que ele estaria preocupado financeiramente, porque essa não era a preocupação dele, essa questão financeira. (…) Por que a organização? Para ele mudar de apartamento, para ele formar uma nova vida, porque ele estava há muitos anos com a Larissa, essa era a organização, uma organização comum de qualquer pessoa que inclusive vai se separar judicialmente, isso é normal”, argumentou.
O médico Luiz Antonio Garnica ao lado de mulher que, segundo ele, passou a noite com ele após cinema em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Suposto álibi: médico saía com a amante em Ribeirão Preto, diz defesa
O advogado também questiona as suspeitas do MP de que Garnica tenha tentado criar um álibi para não ser relacionado ao crime quando disse que, na noite que antecedeu a morte de Larissa, levou a amante ao cinema e pernoitou na casa dela. Segundo a Promotoria, esse seria um fato estranho porque o médico tinha o hábito de sair com a amante em São Paulo.
Mossin, no entanto, questiona esse entendimento e afirma ter elementos para demonstrar que Garnica tinha o costume de sair com a amante em Ribeirão Preto em ocasiões anteriores à noite de 21 de março.
“O relacionamento deles era um relacionamento que se estende há mais de um ano, em que era comum de fato eles saírem, irem pra São Paulo, ele dormir no apartamento dela, e saírem em Ribeirão, inclusive nós estamos já buscando uma prova, uma imagem dos dois em um restaurante em Ribeirão Preto, isso contraria a versão criada pela acusação de que seria um álibi”, diz.
O advogado complementa ainda que Garnica não sabia que a mãe dele iria ao apartamento do casal na noite que antecedeu a morte. “Ele só foi tomar conhecimento após o fato.”
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Amante do médico Luiz Antonio Garnica prestou novo depoimento
Reprodução/EPTV
Inquérito policial não tem provas, diz advogado
Ao reforçar que seu cliente é inocente, Mossin também questiona os elementos apresentados até o momento no inquérito policial sobre o caso. Segundo ele, nada do que foi apresentado prova qualquer envolvimento do médico com a morte da esposa.
“Luiz insistentemente fala pra mim ‘eu sou inocente. Tanto que eu saí com a cabeça erguida da delegacia, não quis tampar meu rosto’. E a inocência dele está no próprio inquérito, porque eu não tenho nenhum elemento, eu afirmo pra vocês, não estou fazendo suposição, eu não tenho um elemento aqui que diz ‘olha, o Luiz combinou pra mãe envenenar a Larissa’. Não existe elemento nesse sentido, o que eu tenho são suposições fora da realidade.”
Professora morta: investigações em andamento
A morte por envenenamento da professora de pilates Larissa Rodrigues é tratada inicialmente como um homicídio qualificado na fase de inquérito policial, procedimento que resultou nas prisões temporárias do médico Luiz Antonio Garnica, marido da vítima, e da mãe dele, Elizabete Arrabaça.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. Além disso, suspeitam da sogra dela, a última pessoa a estar no apartamento da vítima antes da morte da professora.
Além de depoimentos e laudos obtidos, como o que apontou a presença de “chumbinho” no organismo da vítima, a Polícia Civil conseguiu autorização judicial para realizar a exumação do corpo da irmã do médico, Nathalia Garnica, de 42 anos, que morreu um mês antes de Larissa após um infarto.
Os investigadores querem realizar um exame toxicológico também no corpo de Nathalia para saber se ela pode ter sido envenenada. A data para o procedimento ainda não foi definida.
Tanto Garnica quanto Elizabete negam envolvimento na morte de Larissa. Eles entraram com um pedido liminar de habeas corpus, que foi rejeitado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A decisão colegiada e definitiva sobre o pedido ainda não foi emitida pelo órgão.
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