Em 10 anos, Acre tem mais de 350 mortes por hepatites virais e 2023 já registrou 11 casos fatais


De acordo com dados repassados pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre, foram 32 mortes em 2022. Doença atinge o fígado e pode ser causada por vírus ou por uso de alguns medicamentos, álcool e drogas, ou por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Hepatite C, uma das formas da doença, é considerada a maior epidemia da humanidade atualmente
Freepik
O Acre registrou pelo menos 359 mortes por hepatites virais entre 2014 e o primeiro semestre de 2023, segundo dados do Núcleo Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis repassados ao g1 pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre). O balanço indica ainda que somente nos seis primeiros meses deste ano, 11 mortes pela doença já foram confirmadas.
Leia mais
Com 239 casos confirmados em 2022, Saúde fala de ações de prevenção e combate às hepatites virais no AC
Em seis anos, Acre registra mais de 3,8 mil casos de hepatites virais, aponta saúde
Mais de 660 pessoas morreram vítimas de hepatite no AC em menos de 20 anos, aponta estudo
Ainda de acordo com os dados, no ano de 2014 foram 43 mortes por hepatites virais, e o número de mortes chegou a 32 no ano passado.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou por uso de alguns medicamentos, álcool e drogas, ou por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. O chefe do núcleo estadual de ISTs, enfermeiro Josadaque Beserra, ressalta que a preocupação com esses indicadores é o centro da campanha Julho Amarelo, que todos os anos chama atenção para a gravidade das hepatites virais.
Apesar de o número de mortes se manter semelhante ao longo dos anos, ele aponta que foi detectada uma redução nos casos. Porém, segundo Beserra, o núcleo busca entender se há uma queda de fato, ou se, na verdade, a testagem não tem sido efetiva.
“Hoje no estado a gente vê uma curva decrescente em relação às hepatites virais. Porém, a gente fica preocupado: mas será que é porque reduziu-se o número de casos, ou é porque será que não estão testando suficientemente a população? Para aí de fato a gente ter realmente um dado mais real, ou mais próximo do real”, avalia.
Julho Amarelo
A campanha busca conscientizar sobre a necessidade de prevenção das mais diferentes formas de contágio. Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hepatite C é a maior epidemia da humanidade, cinco vezes superior à AIDS/HIV.
“No mês de Julho Amarelo a gente fez uma programação, a gente quer disponibilizar um webinar para a sociedade sobre as hepatites virais, e a gente vai apresentar dados epidemiológicos também nesse webinar”, conta.
Além da conscientização, Beserra diz que a capacitação dos profissionais da saúde pública também recebe atenção especial durante a campanha, com foco na utilização de testes rápidos.
“A gente sempre vem incentivando os municípios, recentemente a nossa equipe técnica do estado está passando pelas regionais, a gente passou com capacitações sobre os testes rápidos, até pra qualificar e melhorar a realização desse procedimento pelo profissional enfermeiro. Nós passamos o início do mês de junho, final de junho na regional do Alto Acre, estamos na regional do Juruá nos municípios de Mâncio Lima Rodrigues Alves e semana que vem a gente vai dar continuidade nos municípios de Porto Walter e Cruzeiro do Sul. A gente vem fazendo cada vez mais ações envolvendo os municípios nesse processo”, diz.
Tipos de contágio e prevenção
No caso das hepatites virais, elas são classificadas de acordo com letras do alfabeto, A, B, C, D e E. As duas primeiras formas de infecção podem ser prevenidas com vacinação. A vacina contra a hepatite B também previne a hepatite D, porém, o restante não possui vacinas.
Além das formas preveníveis por imunização, o Ministério da Saúde também orienta que para impedir infecções é importante evitar o compartilhamento de objetos que possam ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas, alicates, escova de dente, entre outros. A utilização de camisinha durante as relações sexuais também impedem o contágio.
Beserra afirma que para que a prevenção e o atendimento em casos não só de hepatite, mas também de outras ISTs, é necessário o envolvimento de todos os setores, e integração entre os municípios.
“A gente entende que quando a gente fala, não é só de hepatites virais, que é o mês em questão, mas em relação ao HIV, e sífilis. A gente entende que são ações que precisam ter parcerias, precisam ter outros atores envolvidos nesse processo. A gente não vai conseguir reduzir o número de casos se a gente não tiver todos as gestões, as esferas, de mãos dadas com esse mesmo objetivo. Então, a gente vem cada vez mais buscando parceria com os municípios para tentar alcançar esse objetivo em comum”, enfatiza.

Bookmark the permalink.