Após ocuparem quadra, famílias retiradas de área de invasão acampam na Aleac: ‘a gente só quer moradia’


Pouco mais de 30 famílias que haviam acampado em uma quadra esportiva no bairro Jorge Lavocat, agora estão em frente à Assembleia Legislativa. Grupo morava em uma área de invasão conhecida como Terra Prometida, que foi alvo de reintegração de posse no dia 15 de agosto. Famílias estavam acampadas em quadra esportiva e se instalaram em frente à Aleac após a chuva que atingiu a capital acreana
Murilo Lima/Rede Amazônica Acre
Famílias que haviam acampado em uma quadra esportiva no bairro Jorge Lavocat, em Rio Branco, ocuparam, nesta segunda-feira (28), a frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Pelo menos 33 famílias estão no local após saírem da quadra esportiva por conta da forte chuva que atingiu a capital acreana na noite do último sábado (26).
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Maria Liberdade Silva dos Santos da Silva era moradora da área chamada de Terra Prometida, no bairro Irineu Serra, que foi alvo de reintegração de posse no dia 15 de agosto, e uma das representantes do movimento, diz que o objetivo é chamar a atenção do poder público e garantir moradia a essas famílias.
“Eu também morava lá, fui a primeira moradora daquele bairro, Terra Prometida. Estou aqui juntamente com as famílias num só objetivo, que é garantir o direito de moradia, porque só foi visto o direito à reintegração de posse. E a lei que nos ampara? E o direito à moradia? Fica onde? Então, o único objetivo que a gente tem não é vandalizar, não é chamar a atenção de ninguém, e sim do poder público, que esse sim pode nos ajudar. Nós estamos aqui atrás de envelhecer tendo um teto para cobrir nossa cabeça e tendo a certeza de que nossos filhos não vão ser criados na rua feito cachorro, porque foi dessa forma que o Gladson Cameli colocou todas essas famílias em situação de rua”, afirma.
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Murilo Lima/Rede Amazônica Acre
O g1 entrou em contato com o governo do Acre, e não obteve retorno até esta publicação. Após a reintegração, o governo informou que a área reintegrada deve ser usada, futuramente, para construção de casas populares com os recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida. A obra será executada pela Secretaria de Estado de Habitação e Urbanismo (Sehurb), segundo o site oficial do governo.
Maria Liberdade também questiona a solução oferecida pelo governo após a reintegração de posse, que foi cadastrar as famílias no programa de aluguel social. De acordo com ela, o cadastro foi feito, mas quando as famílias buscam imóveis para alugar, os proprietários recusam, segundo ela, por preconceito.
“Nós somos pais, mães de família, que não nascemos com condições financeiras para pegar trinta, quarenta, cinquenta mil, sessenta mil reais e comprar uma casa. O que nós queremos é que alguém olhe para a gente e nos garanta a nossa moradia. Tudo bem, não quer dar? Amém. São famílias carentes, salário de pessoas de Bolsa Família. A gente só quer moradia, quer uma solução. Se é impossível dar a elas, então parcela para elas. Nos dê condição de garantir um futuro pros nossos filhos, é só isso, isso não é crime”, ressalta.
Ainda conforme Maria Liberdade, os moradores acampados estão doentes, e não receberam contato do governo enquanto permaneceram na quadra.
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Murilo Lima/Rede Amazônica Acre
“Os nossos filhos acordam de madrugada, assustados com a cena que eles viveram lá dentro. Eu estou com pneumonia, estou com infecção no meu pulmão. Na quadra lá não apareceu ninguém. E só veio dizer que os direitos humanos já estão agilizando, que todo mundo está trabalhando para o bem-estar das famílias. E a chuva que nós pegamos agora, que teve semana passada, quem foi que nos garantiu, com os colchões molhados dormindo na noite? E nunca tivemos uma visita. Os moradores foram lá, fizeram um banheiro para as pessoas fazerem necessidade, tomarem banho. E lá é cada um por si, né. Estamos aqui resguardando as famílias”, acrescenta.
Colaborou Murilo Lima, da Rede Amazônica Acre.
Famílias que moravam em área de invasão montaram acampamento em quadra esportiva

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