Polícia conclui que não houve batida em acidente que vitimou motociclista no AC, mas vai indiciar motorista por homicídio culposo


Laudo pericial apontou que vítima tentou desviar carro após ser ‘fechada’ no trânsito, bateu em canteiro e morreu. Motorista que teria causado acidente foi ouvido, disse que não percebeu situação e que, por isso, seguiu viagem sem prestar socorro. Antônio Ribeiro do Nascimento morreu no último dia 2 de setembro após colidir contra canteiro em avenida
Arquivo pessoal
Após quase dois meses, a Polícia Civil concluiu as investigações sobre o acidente de trânsito que resultou na morte do motociclista Antônio Ribeiro do Nascimento, de 57 anos, em 2 de setembro, em Rio Branco. A conclusão é que não houve colisão entre veículos, mas sim, que a vítima foi tentar desviar um carro após ser “fechada” no trânsito, bateu no canteiro e morreu.
O motorista que teria causado o acidente foi identificado e ouvido na delegacia. Segundo o delegado responsável pelas investigações, Judson Barros, o homem relatou que não percebeu que o motociclista tinha sofrido o acidente e que, por isso, seguiu viagem sem prestar socorro.
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O acidente ocorreu no cruzamento da Avenida Ceará com a Rua São Paulo, no bairro Dom Giocondo, em Rio Branco. Inicialmente, foi informado que a vítima foi atingida por um carro que estavam em alta velocidade na pista. Chovia bastante no momento da batida.
No entanto, o delegado informou que o laudo pericial, que foi concluído nessa segunda-feira (24) constatou que não aconteceu a batida.
A família chegou a fazer uma campanha nas redes sociais pedindo ajuda e informações que levasse à identidade do motorista. Nesta terça-feira (25), o g1 não conseguiu contato com a esposa da vítima, Rosângela Araújo.
Câmeras de segurança flagraram acidente que matou servidor público em Rio Branco
Imagens de câmeras de segurança de um posto de combustível mostraram o momento que um carro passa em alta velocidade e um capacete aparece rolando pela rua. Não é possível ver o momento exato do acidente.
“Nós localizamos a pessoa e o carro. Essa pessoa foi intimada, veio na delegacia e assumiu a situação, que era ele que estava dirigindo o carro, só que nos informou que não houve acidente com ele. Que não bateu em ninguém e ninguém bateu nele. Isso gerou uma certa dúvida, porque trabalhávamos com uma perspectiva de que ele tinha atropelado o motociclista. Foi feita a perícia, não tinha batido no carro. Nós estávamos aguardando o relatório da perícia do local de crime, da análise das imagens e o que ficou comprovado é que não houve batida”, afirmou.
Conforme o delegado, o laudo concluiu é que houve direção perigosa do condutor do carro, causando o acidente. O condutor do automóvel não atentou às normas de segurança de trânsito, por executar manobra de mudança de direção sem se certificar que poderia executá-la sem perigo para os demais usuários da via. Foi então que, na tentativa de evitar o acidente, o motociclista colidiu com o canteiro central, se desequilibrou e caiu, sofrendo traumatismo craniano, edema cerebral e hemorragia interna.
“Ele vinha na frente, na pista da direita, mudou para o centro da pista e a moto que vinha atrás muito em cima, não deu tempo de parar, tentou desviar para o lado esquerdo, bateu no canteiro central e caiu. Tanto é que a imagem que a gente vê é a moto já caindo e o carro dando continuidade. Ele alegou que não parou porque ninguém bateu no carro dele, não houve batida no carro dele e disse que também não viu quando o motociclista caiu”, disse o delegado.
Mesmo a batida tendo sido descartada, o delegado afirmou que o motorista do carro vai ser indiciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor. O inquérito vai ser concluído ainda esta semana e encaminhado ao judiciário.
Antônio do Nascimento e Rosângela Araújo estavam juntos há 38 anos e têm três filhas
Arquivo pessoal
Vítima ia para casa
Antônio do Nascimento era servidor público da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Casado há 38 anos com Rosângela Araújo, servidora do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), era pai de três mulheres, de 16, 26 e 36 anos, estava prestes a se aposentar e aproveitar a vida ao lado da família.
No dia do acidente, Rosângela e o marido passaram o sábado na chácara da família, que fica na BR-364, com parentes e amigos. Já no final da tarde, o casal saiu da propriedade em direção à casa deles no Conjunto Tucumã.
Por conta da chuva que caía na cidade, Antônio foi de motocicleta e Rosângela de carro com uma tia. O servidor ainda esperou o carro com a mulher passar para ele ir acompanhando.
Ao chegar em casa, Rosângela estranhou a demora do marido e começou a ligar para o telefone dele. O servidor público não atendeu e Rosângela foi ficando cada vez mais preocupada. Nesse meio tempo, a filha de 16 anos do casal pediu para mãe levá-la para um arraial na escola. Ela deixou a caçula no colégio e quando voltava para casa soube que o marido havia morrido.
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