Com cidade isolada por enchente, pacientes de hemodiálise são levados em canoas para fazer tratamento no interior do Acre


Trinta pacientes de Epitaciolândia e Xapuri, no interior do Acre, tiveram de ser levados em canoas para Brasiléia, que está isolada após interdição de ponte, para continuar tratamento. ‘É um momento difícil’, diz aposentado. Pacientes precisam atravessar de canoa entre Brasileia e Epitaciolândia
Trinta pacientes em tratamento de hemodiálise da região do Alto Acre, interior do estado, tiveram que viajar em canoas de Epitaciolândia a Brasiléia para que não tivessem seus tratamentos interrompidos. Eles foram transferidos nessa segunda-feira (26).
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Os pacientes vivem nas cidades de Epitaciolândia e Xapuri e fazem tratamento em Brasiléia. Com a interdição do principal acesso à cidade, foi necessário utilizar canoas no transporte para garantir que as pessoas pudessem voltar para suas casas.
A situação é mais um reflexo da enchente do Rio Acre na região. Na noite de domingo (25), a Ponte Metálica José Augusto que liga Brasiléia e Assis Brasil ao restante do Acre, pela BR-317, foi interditada por causa do alto nível do rio, isolando as cidades.
Pacientes tiveram que atravessar em canoas
Josy Gomes e Fernando Oliveira/Arquivo pessoal
Na tarde de segunda, o nível do rio atingiu a marca de 14,28 metros, ficando próximo a marca histórica de 2012, quando chegou a 14,55 metros e bem acima da cota de transbordo de 11,40 metros.
A Clínica do Rim de Brasiléia é a unidade de referência para os quatro municípios da região do Alto Acre, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri.
Segundo o coordenador da Regional de Saúde do Alto Acre, Pablo Araújo, não seria viável encaminhar os pacientes para a capital. “Não dava para transferir para Rio Branco porque poderia causar uma superlotação lá, porque a hemodiálise é uma coisa programada. Por isso, mesmo com a cheia, a gente conseguiu transportar os pacientes”, explicou.
O aposentado Milton da Silva Machado foi um dos pacientes transferidos e lamentou a situação. “É um momento difícil porque têm pessoas até com mais complicação, até para se locomover, agora tá todo mundo nessa situação”, disse.
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Enchente em Brasiléia
Na noite do domingo (25), a prefeita da cidade, Fernanda Hassem, anunciou a interdição da ponte que faz fronteira com a Bolívia e Peru devido à elevação do rio.
“Brasiléia nesse momento pede socorro às nossas autoridades do governo federal e do governo estadual. A situação é muito grave. De 11 bairros que nós temos, 9 estão alagados. Há pontos de isolamento também na zona rural”, diz a prefeita.
Em Brasiléia, há 1.540 pessoas desabrigadas e 1.256 pessoas desalojadas que foram atingidas em nove bairros. Doze abrigos foram preparados para receberem os necessitados. 138 indígenas adultos e crianças estão nestes abrigos.
De acordo com a prefeitura, a população do município sofre com a quarta alagação em 11 anos e com isolamento da única ponte de acesso ao restante do Brasil e por onde chega mercadoria, suplementos, medicamentos e combustível. A Ponte Metálica José Augusto é de mão única que liga também ao município vizinho Epitaciolândia.
Diante desse cenário em Brasiléia, a prefeita decretou no sábado (14), situação de emergência e teve o reconhecimento da Defesa Civil Nacional e do Governo Federal nesta segunda-feira (26).
O fechamento da Ponte Metálica José Augusto, de mão única, que liga também ao município vizinho Epitaciolândia, o acesso ao município de Assis Brasil também fica prejudicado, já que é necessário passar por Brasiléia para chegar à localidade. O acesso à fronteira com o Peru também está impedido.
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