Empresa envolvida em tragédia em MG abre vagas de emprego

Imagem aérea mostra a lama no Rio Doce, na cidade de Resplendor, Minas GeraisFred Loureiro/Secom/ES – Arquivo

Envolvida na tragédia do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em 2015 — o maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do mundo envolvendo barragens de rejeitos de mineração -,  a mineradora brasileira Samarco está oferecendo novas oportunidades de emprego. As vagas incluem posições técnicas, operacionais e gerenciais, com inscrições abertas no site de empregos Vagas, conforme confirmado pela empresa ao portal iG. Quase dez anos após o desastre, que resultou na morte de 19 pessoas, a Samarco aposta na expansão de sua produção. Em 2023, a mineradora dobrou sua capacidade produtiva, de 30% para 60%.

Em 2025, a previsão é atingir a produção de 15 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério com a reativação do segundo Concentrador e da segunda Pelotizadora, além da implementação de uma nova planta de filtragem de rejeitos no Complexo de Germano (MG). Esse volume representará o dobro da produção alcançada no primeiro ano de retomada, em 2020. O investimento total para essa fase, que segue um plano focado em segurança e sustentabilidade, é de R$ 1,6 bilhão.

A empresa também tem avançado em segurança operacional e na descaracterização de barragens. A Barragem do Germano já está com 87,3% das obras concluídas, e desde 2020, a Samarco não utiliza barragens para disposição de rejeitos.

Rompimento da barragem

Na tragédia de 2015, aproximadamente 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados na Bacia do Rio Doce, afetando a região até a foz do Espírito Santo. Dezenove pessoas morreram, dois distritos — Bento Rodrigues e Paracatu — foram completamente devastados, e 41 cidades de Minas Gerais e Espírito Santo sofreram impactos severos. Três reservas indígenas foram atingidas, habitadas pelos povos Krenak, Tupiniquim e Guarani.

A degradação ambiental foi imensa, com 240,88 hectares de Mata Atlântica destruídos. Mais de 50 milhões de metros quadrados de rejeitos de mineração do reservatório de Fundão foram despejados em terrenos e rios, resultando na morte de 29.300 peixes — o que corresponde a 14 toneladas de peixes mortos, coletados ao longo dos rios Carmo e Doce.

Andamento do julgamento Samarco 

A nova negociação para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco não conquistou a adesão de muitos dos municípios afetados.

A adesão, firmado no ano passado e aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), busca resolver questões pendentes durante todos os anos desde a tragédia, incluindo a alocação de recursos para as prefeituras das cidades impactadas.

No entanto, a negociação exigia que os municípios retirassem a ação de reparação de danos em andamento na Justiça britânica. Até o momento, apenas quatro concordaram com a condição, enquanto outros 42 ainda buscam a compensação fora do Brasil.

O acordo de repactuação deu aos municípios 120 dias, a partir da homologação pelo STF em 6 de novembro de 2024, para decidir sobre a adesão. Isso significa que a decisão final precisa ser tomada até 6 de março de 2025. Muitos municípios, no entanto, estão inclinados a continuar com o processo na Justiça inglesa.

Julgamento da Vale e acordo judicial sobre a tragédia de Brumadinho (MG)

Em 25 de janeiro de 2019, outro desastre com barragens ocorreu em Minas Gerais, desta vez em Brumadinho. O rompimento das barragens B-I, B-IV e B-IV-A da Mina Córrego do Feijão, controlada pela Vale S.A., causou 272 mortes, além de liberar 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, provocando sérios danos ambientais e sociais na região.

Em 4 de fevereiro de 2021, o Governo de Minas Gerais, os Ministérios Públicos Estadual e Federal e a Defensoria Pública de Minas assinaram um Acordo Judicial de Reparação com a Vale S.A., mediado pelo Tribunal de Justiça do estado.

O acordo busca reparar os danos causados pela tragédia, com medidas específicas para a região afetada e o Estado de Minas Gerais, no valor total de R$ 37,69 bilhões.

Seis anos após o rompimento da barragem em Brumadinho, ainda não houve punições criminais para os responsáveis. 

O processo criminal segue em andamento, com 15 pessoas acusadas de homicídio doloso. As empresas Vale S.A. e Tüv Süd (responsável por atestar a segurança da barragem) enfrentam várias acusações de crimes ambientais. 

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