Um estudo realizado por 30 pesquisadores de \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos, universidades e ONGs estimou que, em 2020, ao menos 17 milh\u00f5es de animais vertebrados morreram em consequ\u00eancia direta das queimadas no Pantanal.
\n\u201cA gente sabe historicamente quais s\u00e3o os grupos que mais sofrem. Os r\u00e9pteis e os anf\u00edbios s\u00e3o os animais que mais morrem, eles t\u00eam a maior dificuldade de locomo\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o eles s\u00e3o os que mais sofrem\u201d, disse Figueiroa.
\nNa segunda-feira (15), uma on\u00e7a-pintada que recebeu o nome de \u201cMiranda” foi resgatada no Pantanal com as patas queimadas. Figueiroa refor\u00e7a que este n\u00e3o \u00e9 um caso isolado.
\n\u201cO pessoal tem encontrado antas queimadas; enfim, encontraram catetos, j\u00e1 viram tamandu\u00e1s e, geralmente, os que s\u00e3o encontrados ainda com vida t\u00eam queimaduras nas patas. Eles andam por esse solo que est\u00e1 queimado e, geralmente, tem fogo de turfa, que \u00e9 um fogo que corre por debaixo do solo, ent\u00e3o eles queimam as patas. Ent\u00e3o, geralmente, os animais que est\u00e3o sendo encontrados s\u00e3o encontrados com os membros queimados\u201d.
\nAnimal no meio da vegeta\u00e7\u00e3o queimada
\nICMBio
\nO bi\u00f3logo explica que o cen\u00e1rio ca\u00f3tico provocado pelo avan\u00e7o do fogo muda completamente o comportamento dos animais.
\n\u201cRecentemente, foi registrado l\u00e1 na Caiman uma on\u00e7a-pintada e uma jaguatirica dividindo uma manilha para passagem de \u00e1gua, que \u00e9 de concreto, embaixo de uma estrada. Eles encontraram ali um abrigo seguro. Ent\u00e3o, imagine uma on\u00e7a e uma jaguatirica dividindo o mesmo espa\u00e7o sem se atacar. Vimos relatos e cenas parecidas em 2020 durante os grandes inc\u00eandios. A gente via diversos animais reunidos ali para tomar \u00e1gua nos pontos de dessedenta\u00e7\u00e3o, como catetos, lontras, cachorro-do-mato, todos juntos e pr\u00f3ximos. Era uma cena que n\u00e3o aconteceria normalmente, mas, em um cen\u00e1rio de desastre, percebemos que o comportamento muda; eles realmente ficam no modo sobreviv\u00eancia, apenas buscando o recurso que precisam\u201d.
\nO trabalho de resgate
\nGustavo Figueiroa durante resgate de sucuri no Pantanal
\nMuitos desses resgates ficam marcados na mem\u00f3ria de quem atua na linha de frente do combate aos inc\u00eandios no Pantanal. Figueiroa lembra de um resgate feito durante os inc\u00eandios florestais de 2021, no Parque Estadual ao Encontro das \u00c1guas, quando o fogo se aproximava de uma sucuri amarela.
\n\u201cFoi meio loucura! Eu pulei dentro do lago para pegar ela, tudo cheio de lama. A gente saiu, eu sa\u00ed com ela, levei-a at\u00e9 o rio, e ela ficou bem depois. Ent\u00e3o, esse resgate me marcou positivamente; foi muito tenso, mas deu certo.\u201d
\nExiste um grupo t\u00e9cnico formado por 12 diferentes institui\u00e7\u00f5es de Mato Grosso do Sul que trabalha diretamente com a prote\u00e7\u00e3o dos animais em locais de risco e tamb\u00e9m com o aporte nutricional para que os bichos possam continuar se alimentando at\u00e9 que as \u00e1reas afetadas pelo fogo se regenerem.
\nA m\u00e9dica veterin\u00e1ria e coordenadora operacional do Grupo de Resgate T\u00e9cnico Animal de Mato Grosso do Sul (Gretap\/MS), Paula Helena Santa Rita, lembra que este ano o grupo j\u00e1 participou de dois resgates de animais, uma on\u00e7a-pintada e dois veados, todos na regi\u00e3o de Miranda.
\n“T\u00e9cnicos ainda est\u00e3o atuando em \u00e1reas de risco com a\u00e7\u00f5es preventivas para o afugentamento de animais de locais com risco de fogo. H\u00e1 tamb\u00e9m o aporte nutricional que foi feito em alguns casos espec\u00edficos para primatas na regi\u00e3o de Corumb\u00e1. Os m\u00e9dicos-veterin\u00e1rios de diferentes institui\u00e7\u00f5es que integram o Gretap tamb\u00e9m est\u00e3o atuando com o atendimento de animais dom\u00e9sticos em \u00e1reas que foram atingidas pelo fogo. \u00c9 um conjunto de trabalho que ainda n\u00e3o tem prazo para ser encerrado”.
\nA on\u00e7a resgatada na quinta-feira (15), est\u00e1 no Centro de Reabilita\u00e7\u00e3o de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande. Ela j\u00e1 se alimentou e continua sob monitoramento.
\nOn\u00e7a resgatada durante inc\u00eandios no Pantanal recebeu o nome de Miranda
\nDivulga\u00e7\u00e3o
\nFocos de inc\u00eandio
\nConforme o Corpo de Bombeiros, h\u00e1 12 focos de inc\u00eandio ativos nesta sexta-feira (16) no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Um novo foco foi detectado no Porto Esperan\u00e7a, pr\u00f3ximo \u00e0 esta\u00e7\u00e3o ferrovi\u00e1ria, nas proximidades da cidade de Corumb\u00e1 (MT).<\/p>\n
H\u00e1 tamb\u00e9m dois focos ao sul do estado do Mato Grosso e um foco no mesmo estado, na divisa com Mato Grosso do Sul, pr\u00f3ximo aos munic\u00edpios de Costa Rica e Alcin\u00f3polis, na regi\u00e3o do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (PENT). <\/p>\n
Inc\u00eandios no Pantanal avan\u00e7am em \u00e1reas que ainda n\u00e3o tinham sido atingidas
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nEst\u00e3o ativos tamb\u00e9m um foco que atingem a regi\u00e3o do munic\u00edpio de Miranda, pr\u00f3ximo \u00e0 Salobra, e que se estendeu at\u00e9 a BR-262, um foco na regi\u00e3o da Serra do Amolar e nas proximidades de Paiagu\u00e1s, al\u00e9m de focos de calor nas imedia\u00e7\u00f5es do Passo da Lontra, na Estrada Parque. <\/p>\n
J\u00e1 na regi\u00e3o de Navira\u00ed, o foco est\u00e1 localizado pr\u00f3ximo \u00e0 divisa com o estado do Paran\u00e1, na regi\u00e3o de Nabileque e nas proximidades da comunidade ind\u00edgena Kadiw\u00e9u. <\/p>\n
Todos os focos foram identificados por meio de monitoramento por sat\u00e9lites e as equipes de combate prontamente mobilizadas para combater\/monitorar o fogo e prevenir a expans\u00e3o dos inc\u00eandios.<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
A \u00e1rea queimada este ano no Pantanal ultrapassa os 1,6 milh\u00f5es hectares, o que corresponde a 10% do bioma; n\u00famero de animais mortos ainda n\u00e3o foi contabilizado. On\u00e7a com as patas queimadas pelos inc\u00eandios no Pantanal Gustavo Escobar\/ Divulga\u00e7\u00e3o Desde o in\u00edcio da temporada de inc\u00eandios no Pantanal, em maio… Continue lendo