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Margarita Ram\u00edrez vive angustiada. Seu filho de 16 anos, internado em um reformat\u00f3rio juvenil, ser\u00e1 transferido para uma penitenci\u00e1ria de adultos ap\u00f3s uma reforma legal em El Salvador, criticada pelos \u00f3rg\u00e3os de direitos humanos.<\/p>\n
Na comunidade de La Nueva Cruzadilla, a 100 km ao sudeste da capital, familiares de onze menores est\u00e3o aterrorizados desde que o Congresso, controlado majoritariamente pelo partido governista, aprovou em fevereiro uma reforma impulsionada pelo presidente, Nayib Bukele.<\/p>\n
“Como os menores v\u00e3o ficar junto dos adultos?”, questiona Ram\u00edrez, de 39 anos, cujo filho Dustin est\u00e1 em um reformat\u00f3rio em Ahuachap\u00e1n (oeste).<\/p>\n
“Todos s\u00e3o apenas meninos e n\u00e3o podem estar com adultos, com criminosos”, afirma Mois\u00e9s Campos, de 44 anos, cujo filho Brandon, de 15 anos, foi apreendido com Dustin e outros nove jovens.<\/p>\n
Os onze menores foram condenados a cinco anos de interna\u00e7\u00e3o e mais cinco de liberdade vigiada por fazerem parte de “associa\u00e7\u00f5es il\u00edcitas”, o mesmo que fazer parte de uma gangue.<\/p>\n
As autoridades afirmam que os menores ter\u00e3o suas celas separadas dos adultos, uma promessa que n\u00e3o tranquiliza os pais. Tamb\u00e9m os preocupa que as pris\u00f5es para adultos n\u00e3o tenham programas de reinser\u00e7\u00e3o social para os presos.<\/p>\n
“N\u00e3o acreditamos na reabilita\u00e7\u00e3o de terroristas [membros de quadrilha], independentemente da idade”, disse o ministro da Justi\u00e7a e Seguran\u00e7a Gustavo Villatoro.<\/p>\n
Nos reformat\u00f3rios juvenis salvadorenhos os internos podem seguir com seus estudos e s\u00e3o vigiados por funcion\u00e1rios de um \u00f3rg\u00e3o especializado, e n\u00e3o por agentes penitenci\u00e1rios.<\/p>\n
– “Est\u00e3o acabando com seus sonhos” –<\/p>\n
Desde que os onze foram detidos em 11 de abril de 2024, seus pais n\u00e3o puderam v\u00ea-los porque as visitas nas pris\u00f5es e reformat\u00f3rios est\u00e3o suspensas desde 2022 em fun\u00e7\u00e3o do regime de exce\u00e7\u00e3o que sustenta legalmente a “guera” de Bukele contra as gangues. <\/p>\n
A Promotoria acusou os menores por picha\u00e7\u00f5es relacionadas a gangues nas paredes de uma escola nessa comunidade onde vivem mil pessoas.<\/p>\n
Os membros da fam\u00edlia recorreram da condena\u00e7\u00e3o porque “a acusa\u00e7\u00e3o n\u00e3o conseguiu apresentar provas concretas”, diz Oscar Garcia, 52 anos, sargento aposentado do Ex\u00e9rcito, cujo filho Kelvin cumpriu 18 anos de pris\u00e3o.<\/p>\n
“Sinto que est\u00e3o acabando com seus sonhos de tudo o que queria fazer”, diz Ram\u00edres com uma foto de seu filho em m\u00e3os.<\/p>\n
“Tem sido um pesadelo”, acrescenta a vi\u00fava e dona de casa.<\/p>\n
– Quantos s\u00e3o? –<\/p>\n
A “guerra” contra as gangues reduziu drasticamente os homic\u00eddios no pa\u00eds, que passaram de 106 a cada 100.000 habitantes em 2015 para 1,9 em 2024, segundo dados oficiais.<\/p>\n
No entanto, os m\u00e9todos de Bukele s\u00e3o criticados por grupos de direitos humanos que asseguram que existem muitos inocentes apreendidos sem direito a defesa.<\/p>\n
Mais de 86.000 suspeitos de pertencerem a gangues foram presos na guerra, embora pelo menos 8.000 tenham sido libertados ap\u00f3s serem considerados inocentes.<\/p>\n
A Human Rights Watch afirmou em meados de 2024 que mais de 3.000 menores foram apreendidos em El Salvador sob o regime de emerg\u00eancia.<\/p>\n
No entanto, o comiss\u00e1rio presidencial de direitos humanos, Andr\u00e9s Guzm\u00e1n, garante \u00e0 AFP que h\u00e1 menos de 600, e que as autoridades est\u00e3o “analisando os detalhes” para transferi-los para pris\u00f5es de adultos.<\/p>\n
– “Aprender\u00e3o condutas violentas” –<\/p>\n
A ONU considera que a reforma na lei penal \u00e9 um “grande retrocesso”, pois “viola” a Conven\u00e7\u00e3o sobre os Direitos da Crian\u00e7a. Grupos de direitos humanos tamb\u00e9m a criticam.<\/p>\n
“O que eles est\u00e3o fazendo \u00e9 condenar (os menores) a adquirir comportamentos e h\u00e1bitos violentos, porque em uma pris\u00e3o onde n\u00e3o h\u00e1 programas para ajud\u00e1-los a sair dela, o que eles v\u00e3o aprender s\u00e3o condutas violentas”, diz a advogada Zaira Navas, da ONG Cristosal.<\/p>\n
Os pais dos onze jovens insistem em sua inoc\u00eancia e afirmam que eles n\u00e3o foram apreendidos enquanto pintavam grafites, mas foram levados de suas casas por policiais e soldados.<\/p>\n
“Espero que as autoridades libertem meu filho porque ele \u00e9 inocente”, diz Elizabeth Torres, 32 anos, m\u00e3e de Luis Adolfo, 16 anos.<\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Elizabeth Torres, 32 anos, segura foto de seu filho Luis Adolfo Alfaro, 16 anos, detido durante o decreto de estado de exce\u00e7\u00e3o do governo de El Salvador, na comunidade de La Nueva Cruzadilla de San JuanSTAFF STAFF Margarita Ram\u00edrez vive angustiada. Seu filho de 16 anos, internado em um reformat\u00f3rio… Continue lendo