Editor-chefe da revista ‘The Atlantic’ foi inclu\u00eddo acidentalmente em grupo de mensagens no qual o alto escal\u00e3o do governo dos EUA discutiu planos de guerra. Planos de guerra foram discutidos no Signal por figuras de alto escal\u00e3o do governo Trump como o secret\u00e1rio de Estado, Marco Rubio (\u00e0 esquerda), e o secret\u00e1rio de Defesa, Pete Hegseth (\u00e0 direita)
\nAP Photo\/Jeff Chiu e Reuters\/Brian Snyder
\nO Signal, aplicativo de conversas usado por um membros do governo Trump para discutir planos de guerra em um grupo no qual um jornalista foi inclu\u00eddo sem querer, era utilizado tamb\u00e9m na gest\u00e3o do ex-presidente Joe Biden.
\nApesar de n\u00e3o ser um canal oficial do governo norte-americano, o Signal era usado no governo Biden para comunica\u00e7\u00f5es sobre o agendamento de reuni\u00f5es sens\u00edveis ou liga\u00e7\u00f5es telef\u00f4nicas confidenciais, segundo revelaram fontes da gest\u00e3o do democrata \u00e0 ag\u00eancia de not\u00edcias Associated Press.
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\nO uso do aplicativo dentro da Casa Branca tornou-se mais recorrente em 2024, principalmente depois que o Servi\u00e7o Secreto alertou que a China e o Ir\u00e3 estavam hackeando a Casa Branca.
\nAinda de acordo com a Associated Press, h\u00e1 relatos de que autoridades importantes do governo Biden \u2014 como a vice-presidente Kamala Harris, o secret\u00e1rio de Defesa Lloyd Austin e o conselheiro de Seguran\u00e7a Nacional Jake Sullivan \u2014 usavam o Signal para discutir planos sens\u00edveis, como as autoridades do governo Trump fizeram.
\nNesta ter\u00e7a-feira (25), o Senado dos Estados Unidos come\u00e7ou a ouvir, em uma sess\u00e3o p\u00fablica, o diretor da CIA e a chefe do Servi\u00e7o de Intelig\u00eancia sobre o uso do Signal. Os senadores querem saber se houve infra\u00e7\u00e3o por parte do governo norte-americano, j\u00e1 que o compartilhamento de informa\u00e7\u00f5es confidenciais \u00e9 regido por lei pelo Ato de Espionagem da Constitui\u00e7\u00e3o dos EUA.
\nA legisla\u00e7\u00e3o determina que \u00e9 crime remover informa\u00e7\u00f5es confidenciais e ultrassecretas de seu “local de cust\u00f3dia adequado”. Por conta desse ponto, o Departamento de Justi\u00e7a investigou em 2015 a ent\u00e3o secret\u00e1ria de Estado do governo de Barack Obama, Hillary Clinton, por uma suposta viola\u00e7\u00e3o da lei por ela ter escrito sobre informa\u00e7\u00f5es confidenciais a assessores em um e-mail privado.
\nA investiga\u00e7\u00e3o acabou arquivada.
\nVazamento
\nEditor da revista ‘The Atlantic’ publica prints de mensagens que recebeu por engano do vice-presidente dos EUA, JD Vance, e do secret\u00e1rio de Defesa, Pete Hegseth
\nReprodu\u00e7\u00e3o
\nO aplicativo \u00e0s vezes tamb\u00e9m era usado por autoridades durante o governo Biden para comunicar sobre o agendamento de reuni\u00f5es sens\u00edveis ou liga\u00e7\u00f5es telef\u00f4nicas confidenciais quando estavam fora do escrit\u00f3rio, disse a autoridade.
\nO uso do Signal se tornou mais prevalente durante o \u00faltimo ano do governo Biden depois que autoridades federais alertaram que a China e o Ir\u00e3 estavam hackeando a Casa Branca, bem como autoridades no primeiro governo Trump, de acordo com a autoridade.
\nA autoridade n\u00e3o sabia que autoridades importantes do governo Biden \u2014 como a vice-presidente Kamala Harris, o secret\u00e1rio de Defesa Lloyd Austin e o conselheiro de seguran\u00e7a nacional Jake Sullivan \u2014 usavam o Signal para discutir planos sens\u00edveis, como as autoridades do governo Trump fizeram.
\nMensagens trocadas por figuras do alto escal\u00e3o do governo Trump e divulgadas pela revista “The Atlantic” mostram desprezo por aliados europeus e foco em se contrapor \u00e0 gest\u00e3o anterior, de Joe Biden, na Casa Branca.
\nO editor-chefe da revista americana foi inclu\u00eddo sem querer em um grupo de conversas do governo Trump que compartilhou mensagens ultrassecretas, que anteciparam planos de guerra contra os rebeldes Houthis no I\u00eamen.
\nJeffrey Goldberg foi inclu\u00eddo em um grupo no aplicativo Signal que inclu\u00eda o vice-presidente, JD Vance, o secret\u00e1rio de Defesa, Pete Hegseth, e o secret\u00e1rio de Estado, Marco Rubio. “Eu tinha v\u00e1rias d\u00favidas sobre se esse grupo era real”, afirmou, em reportagem publicada na segunda-feira (24).
\nEle s\u00f3 acreditou na veracidade das mensagens com o in\u00edcio dos ataques lan\u00e7ados de porta-avi\u00f5es americanos sobre alvos houthis. O porta-voz do Conselho de Seguran\u00e7a Nacional, vinculado \u00e0 Casa Branca, confirmou que “parece ser uma troca de mensagens verdadeira” e que est\u00e1 revisando seus protocolos para saber como o jornalista foi adicionado ao grupo.
\nO jornal “The New York Times” classificou o epis\u00f3dio como “uma falha extraordin\u00e1ria” de seguran\u00e7a.
\nO aplicativo Signal n\u00e3o \u00e9 um canal autorizado pelo governo americano para o compartilhamento de informa\u00e7\u00f5es sigilosas. Existem sistemas do pr\u00f3prio Executivo exclusivos para esse prop\u00f3sito.
\nO relato de Goldberg mostra momentos em que Vance e Hegseth criticam diretamente as pot\u00eancias europeias aliadas dos EUA. Ao discutir ataques aos Houthis, que t\u00eam bloqueado algumas rotas mar\u00edtimas no Oriente M\u00e9dio, o vice-presidente lembra que apenas “3% do com\u00e9rcio americano passa pelo Canal de Suez”, enquanto “40% do com\u00e9rcio europeu passa por l\u00e1”.
\n“Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”, critica Vance, ao deixar impl\u00edcito que uma opera\u00e7\u00e3o dos EUA contra os Houthis supostamente ajudaria mais os europeus do que os americanos.
\n“Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. \u00c9 PAT\u00c9TICO”, concorda Hegseth, em resposta (veja o di\u00e1logo acima). “Mas o Mike est\u00e1 correto, n\u00f3s somos os \u00fanicos do planeta (do nosso lado do muro) que podem fazer isso”, completa o secret\u00e1rio de Defesa. N\u00e3o est\u00e1 claro, pela reportagem, quem \u00e9 o Mike ao qual ele se refere.
\nEm outro momento, Hegseth discute com Vance um poss\u00edvel adiamento da opera\u00e7\u00e3o militar no I\u00eamen. Em uma das mensagens, ele discute o impacto que a campanha militar vai causar na opini\u00e3o p\u00fablica.
\n“Acho que a mensagem vai ser dif\u00edcil de qualquer maneira \u2013 ningu\u00e9m sabe quem s\u00e3o os Houthis \u2013 e \u00e9 por isso que precisamos nos concentrar em: 1) Biden falhou e 2) o Ir\u00e3 financiou”, argumenta o secret\u00e1rio.
\nA reportagem da “Atlantic” aponta que, logo ap\u00f3s os ataques aos Houthis, o assessor de Trump Michael Waltz deu entrevistas contrapondo as a\u00e7\u00f5es no I\u00eamen de seu governo \u00e0s da gest\u00e3o Biden, que ele classificou de “alfinetadas” pouco efetivas.
\nGoverno dos EUA adiciona sem querer rep\u00f3rter a grupo que discutia ataques militares
\nSolicita\u00e7\u00e3o por engano
\nGoldberg conta que a hist\u00f3ria come\u00e7ou em 11 de mar\u00e7o, quando ele recebeu uma solicita\u00e7\u00e3o do aplicativo de mensagens Signal de um usu\u00e1rio identificado como Michael Waltz, assessor de Trump para assuntos de seguran\u00e7a.
\n“Eu n\u00e3o conseguia acreditar que a lideran\u00e7a da seguran\u00e7a nacional dos Estados Unidos iria comunicar no Signal sobre planos de guerra iminentes. Eu tamb\u00e9m n\u00e3o conseguia acreditar que o conselheiro de seguran\u00e7a nacional do presidente seria t\u00e3o imprudente a ponto de incluir o editor-chefe do ‘The Atlantic’ em tais discuss\u00f5es com altos funcion\u00e1rios dos EUA, at\u00e9 e incluindo o vice-presidente”, escreveu Goldberg.
\nO presidente dos EUA, Donald Trump, realiza sua primeira reuni\u00e3o de gabinete enquanto se senta ao lado do Secret\u00e1rio de Estado, Marco Rubio, e do Secret\u00e1rio de Defesa, Pete Hegseth, em Washington, D.C.
\nREUTERS\/Brian Snyder
\nA partir do dia 14 de mar\u00e7o, conta Goldberg, JD Vance e Pete Hegseth passam a discutir assuntos sens\u00edveis, em partivular sobre um bombardeio ao territ\u00f3rio do I\u00eamen \u2014 de onde os Houthis t\u00eam lan\u00e7ado ataques para bloquear rotas mar\u00edtimas no Mar Vermelho, causando preju\u00edzos ao porto israelense de Eilat.
\nOs Houthis s\u00e3o aliados do Ir\u00e3 e do grupo terrorista Hamas, e tem lan\u00e7ado bombardeios contra Israel desde o in\u00edcio da guerra entre os dois, em outubro de 2023.
\nGoldberg afirma que, no dia 15 de mar\u00e7o, o secret\u00e1rio de Defesa postou no grupo diversas informa\u00e7\u00f5es sobre alvos e detalhes operacionais sobre ataques aos Houthis. As mensagens n\u00e3o foram reproduzidas em seu artigo porque “as informa\u00e7\u00f5es contidas neles, se tivessem sido lidas por um advers\u00e1rio dos Estados Unidos, poderiam ter colocado em risco militares e pessoal de intelig\u00eancia americanos, particularmente no Oriente M\u00e9dio”.
\nO jornalista s\u00f3 teve certeza de que as mensagens vinham, de fato, do primeiro escal\u00e3o do governo Trump, no in\u00edcio da tarde do dia 15 de mar\u00e7o, quando ele entrou na rede social X e checou o que estava sendo falado sobre o I\u00eamen, e viu que bombardeios estavam sendo reportados na capital, Sanaa \u2014 no mesmo hor\u00e1rio em que as mensagens de Hegseth apontava como o in\u00edcio da opera\u00e7\u00e3o.
\nGoldberg afirma que conseguiu a confirma\u00e7\u00e3o de que o grupo era real dias depois, ap\u00f3s questionar o porta-voz do Conselho de Seguran\u00e7a Nacional.
\n“A troca de mensagens que foi relatada parece ser aut\u00eantica, e estamos revisando como um n\u00famero inadvertido foi adicionado ao grupo”, disse o porta-voz, Brian Hughes, em nota. “O t\u00f3pico \u00e9 uma demonstra\u00e7\u00e3o da coordena\u00e7\u00e3o pol\u00edtica profunda e ponderada entre autoridades s\u00eaniores. O sucesso cont\u00ednuo da opera\u00e7\u00e3o contra os Houthis demonstra que n\u00e3o houve amea\u00e7as aos nossos militares ou \u00e0 nossa seguran\u00e7a nacional.”
\nSegundo a “Atlantic”, Michael Waltz e os integrantes do grupo podem ter violado diversas leis, incluindo a Lei de Espionagem de 1917, que pune quem coloca em risco as rela\u00e7\u00f5es exteriores e informa\u00e7\u00f5es sens\u00edveis \u00e0 seguran\u00e7a dos Estados Unidos.
\nConhe\u00e7a o USS Harry S. Truman, que participou de ataques contra os Houthis<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"