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Sai Aung MAIN <\/p>\n
Um beb\u00ea nasceu ap\u00f3s o terremoto em Mianmar e, dois dias depois, foi entregue \u00e0s chamas do ritual de crema\u00e7\u00e3o budista, sem que sua fam\u00edlia pudesse dar um nome \u00e0 crian\u00e7a.<\/p>\n
A m\u00e3e gr\u00e1vida foi derrubada pela for\u00e7a do terremoto enquanto trabalhava em um arrozal e deu \u00e0 luz no dia seguinte, disse a av\u00f3 Khin Myo Swe.<\/p>\n
O beb\u00ea foi levado para um hospital de Mandalay para ser incubado, mas morreu na segunda-feira (31). <\/p>\n
“Estamos vivendo com dificuldades”, lamentou Khin Myo Swe enquanto um socorrista carregava o pequeno corpo at\u00e9 uma est\u00e1tua de Buda decorada com flores, e depois para o cremat\u00f3rio. <\/p>\n
Ap\u00f3s o terremoto de magnitude 7,7 na regi\u00e3o central de Mianmar, o n\u00famero de mortos chegou a 2.056 e teme-se que mais corpos estejam sob os escombros dos pr\u00e9dios devastados na segunda principal cidade do pa\u00eds. <\/p>\n
Desde o tremor de sexta-feira, ambul\u00e2ncias t\u00eam transportado corpos para o cremat\u00f3rio do bairro de Kyar Ni Kan, nos arredores de Mandalay. <\/p>\n
– Mortos e feridos –<\/p>\n
Quase 300 cad\u00e1veres foram levados ao cremat\u00f3rio, cujos funcion\u00e1rios tiveram que trabalhar seis horas a mais do que o hor\u00e1rio habitual. <\/p>\n
Um ve\u00edculo entra em alta velocidade. Seus ocupantes relatam que est\u00e3o carregando o corpo de uma menina de 16 anos que morreu no terremoto. A trouxa de pano estendida em frente ao cremat\u00f3rio \u00e9 menor do que a de uma adolescente comum, e um dos homens vomita enquanto retorna ao ve\u00edculo. <\/p>\n
Nay Htet Lin, l\u00edder de outra equipe de quatro homens que carregou cerca de 80 cad\u00e1veres desde o tremor, conta: “No primeiro dia do terremoto, ajudamos os feridos a chegar ao hospital (…) No segundo dia, s\u00f3 carregamos cad\u00e1veres”.<\/p>\n
A crema\u00e7\u00e3o \u00e9 um componente central da f\u00e9 budista, cujos fi\u00e9is acreditam que ela libera a alma do corpo e facilita o renascimento em uma nova vida.<\/p>\n
Em algumas culturas asi\u00e1ticas, aqueles que lidam com os mortos s\u00e3o considerados pessoas \u00e0 margem da sociedade. Mas para Nay Htet Lin, esse \u00e9 um “trabalho nobre”. <\/p>\n
“Estamos fazendo o que os outros n\u00e3o podem. Teremos uma boa pr\u00f3xima vida”, diz ele \u00e0 AFP. <\/p>\n
Um funcion\u00e1rio que trabalha h\u00e1 15 anos no cremat\u00f3rio n\u00e3o se arrepende de sua escolha, embora tenha testemunhado muita ang\u00fastia.<\/p>\n
“Todos v\u00eam aqui com sentimentos de tristeza, com seu sofrimento”, comentou o homem de 43 anos, que pediu anonimato porque n\u00e3o estava autorizado a falar com a imprensa.<\/p>\n
– Oferendas –<\/p>\n
Muitas equipes de resgate se concentraram na parte urbana de Mandalay, onde complexos de apartamentos desabaram, um centro budista colapsou e hot\u00e9is ficaram em ru\u00ednas. <\/p>\n
Em alguns locais, o cheiro de corpos em decomposi\u00e7\u00e3o \u00e9 percept\u00edvel.<\/p>\n
O neto de Khin Myo Swe foi o 39\u00ba corpo levado na segunda-feira. Ela contou que a m\u00e3e da crian\u00e7a n\u00e3o havia sido informada da morte de seu beb\u00ea.<\/p>\n
“Tive que mentir para minha filha, disse a ela que levei o beb\u00ea ao hospital. Se eu lhe contar a verdade, tenho medo de que o choque a mate tamb\u00e9m”, admitiu Khin Myo Swe, de 49 anos.<\/p>\n
“Enviarei comida para o monast\u00e9rio como oferenda para a alma do beb\u00ea”, completou.<\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Um trabalhador transporta o corpo de uma v\u00edtima do terremoto de Mandalay, Mianmar, para crema\u00e7\u00e3o em 31 de mar\u00e7o de 2025Sai Aung Main Sai Aung MAIN Um beb\u00ea nasceu ap\u00f3s o terremoto em Mianmar e, dois dias depois, foi entregue \u00e0s chamas do ritual de crema\u00e7\u00e3o budista, sem que sua… Continue lendo