SaferNet revela aumento de 35% no n\u00famero de emojis, palavras, siglas e hashtags, em portugu\u00eas, relacionados \u00e0 incita\u00e7\u00e3o ao \u00f3dio e conota\u00e7\u00e3o sexual em 2 anos. Uso de emojis para discursos de \u00f3dio aumenta nas redes sociais
\nUm levantamento da organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o governamental SaferNet mostra que os discursos de \u00f3dio nas redes sociais incorporaram largamente os emojis, mas com significados muito diferentes dos originais e que n\u00e3o s\u00e3o entendidos por todo mundo.
\nUma forma de se expressar com apenas um toque. Mas emojis tamb\u00e9m est\u00e3o sendo utilizados para disfar\u00e7ar discursos de \u00f3dio, ass\u00e9dio e abuso sexual, inclusive contra crian\u00e7as e adolescentes.
\n\u201cEu vejo muito, gente usando diversos emojis para se referir a diversas coisas ofensivas\u201d, conta Jo\u00e3o Carlos Lacerda, 16 anos.
\n\u201cExistem muitas pessoas que sofrem com isso. Ent\u00e3o, em rela\u00e7\u00e3o a tipo problema com seu peso, com sua apar\u00eancia, sua sexualidade\u201d, diz Bruna Brugnara, 15 anos.
\nUm levantamento da ONG SaferNet feito em redes sociais e aplicativos de mensagens revelou aumento de 35% no n\u00famero de emojis, palavras, siglas e hashtags, em portugu\u00eas, relacionados \u00e0 incita\u00e7\u00e3o ao \u00f3dio e conota\u00e7\u00e3o sexual em dois anos. Em 2023 eram 963. Agora, a ONG j\u00e1 identificou 1,3 mil.
\nSegundo a SaferNet, os usu\u00e1rios criam significados novos para emojis comuns, de forma a dificultar que autoridades, pais ou respons\u00e1veis pelas v\u00edtima reconhe\u00e7am ou entendam o que est\u00e1 sendo dito. A ONG desenvolveu uma ferramenta de identifica\u00e7\u00e3o desses c\u00f3digos.
\n “Um conjunto de m\u00e9todos e ferramentas que inclusive se valem de intelig\u00eancia artificial, aprendizado de m\u00e1quina, para detectar, a partir de uma base textual, ou seja, do conte\u00fado textual dessas p\u00e1ginas, nos di\u00e1logos, etc, padr\u00f5es que indicam a presen\u00e7a de grupos criminosos ou c\u00e9lulas extremistas”, diz Thiago Tavares, presidente SaferNet.
\nA Secretaria Nacional de Seguran\u00e7a P\u00fablica, ligada ao Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a, ajuda os estados a investigarem os crimes cibern\u00e9ticos. Em Minas Gerais, a Pol\u00edcia Civil est\u00e1 mapeando as caracter\u00edsticas desse tipo de usu\u00e1rio.
\n\u201cA gente consegue identificar um perfil mais jovem de autores ligados a essa pr\u00e1tica. A partir disso, identificando eventual il\u00edcito criminal, discurso extremista, diligenciar para identificar a autoria e a\u00ed disseminar esse conte\u00fado para a respectiva pol\u00edcia da unidade federativa pertinente, para que ela adote as medidas de pol\u00edcia judici\u00e1ria\u201d, explica Arthur Martins da Costa Ben\u00edcio, delegado especializado em crimes cibern\u00e9ticos.
\nDiscursos de \u00f3dio nas redes sociais: emojis ganham significados muito diferentes dos originais e n\u00e3o s\u00e3o entendidos por todo mundo
\nJornal Nacional\/ Reprodu\u00e7\u00e3o
\nPara evitar que crian\u00e7as e adolescentes se tornem v\u00edtimas dessa pr\u00e1tica criminosa na internet, \u00e9 preciso agir em v\u00e1rias frentes, dizem os especialistas. Al\u00e9m de investiga\u00e7\u00e3o policial, a fam\u00edlia pode ajudar, por exemplo, a monitorar a rotina dos jovens nas redes sociais. E a escola, observar comportamentos e oferecer apoio.
\nEm um col\u00e9gio, em Belo Horizonte, professores e alunos criaram um grupo de ajuda contra as agress\u00f5es virtuais.
\n\u201cQuando \u00e9 necess\u00e1rio e o aluno permite que o que ele exp\u00f5e possa ser dividido com a fam\u00edlia, a gente chama a fam\u00edlia para que a gente possa, junto com a fam\u00edlia, acabar com qualquer tipo de constrangimento que possa ocorrer entre os alunos da escola at\u00e9 mesmo fora da escola\u201d, diz Zuleica \u00c1vila, diretora da escola.
\nComo um emoji \u00e9 criado? Sabia que voc\u00ea pode sugerir um? Veja os crit\u00e9rios e o que fazer
\nConscientiza\u00e7\u00e3o que o Lorran Gabriel, de 15 anos, j\u00e1 est\u00e1 colocando em pr\u00e1tica no grupo de aplicativo de mensagem que participa:
\n\u201cEu vi uma vez, mas eu reprimi na hora porque eu percebi que a pessoa estava ficando… Se excluindo do grupo\u201d.
\nA empres\u00e1ria Michele Duarte conversou com os filhos e instalou aplicativos no celular para monitorar as atividades deles na internet.
\n\u201cEu levo isso muito como um apoio mesmo, n\u00e3o como algo pesado e tal. Eu acredito que mostra tamb\u00e9m o quanto a minha m\u00e3e me ama\u201d, diz Cauan Sales, de 17 anos.
\n\u201cEu acho que hoje uma m\u00e3e n\u00e3o pode dar um celular para filho se n\u00e3o for controlado. \u00c0s vezes, voc\u00ea est\u00e1 vendo seu filho muito t\u00edmido, muito dentro do quarto, mexendo demais no computador. Tem que realmente verificar o que ele est\u00e1 fazendo porque, \u00e0s vezes, n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 o jogo\u201d, afirma Michele Duarte.
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