{"id":206630,"date":"2025-04-13T07:06:51","date_gmt":"2025-04-13T10:06:51","guid":{"rendered":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/noticia\/206630"},"modified":"2025-04-13T07:06:51","modified_gmt":"2025-04-13T10:06:51","slug":"mais-carentes-gordinhos-e-observados-pesquisa-aponta-o-que-a-pandemia-fez-com-os-gatos-do-brasil","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/noticia\/206630","title":{"rendered":"Mais carentes, gordinhos e observados: pesquisa aponta o que a pandemia fez com os gatos do Brasil"},"content":{"rendered":"

Pesquisadora da UFRGS analisou comportamento de felinos no per\u00edodo da crise mundial de coronav\u00edrus. Gato preto.
\nreprodu\u00e7\u00e3o\/canva
\nEnquanto os humanos enfrentavam o per\u00edodo de confinamento na pandemia, outros habitantes de alguns lares tamb\u00e9m passavam por uma revolu\u00e7\u00e3o silenciosa: os gatos. Durante o per\u00edodo de crise mundial de coronav\u00edrus, os felinos estavam absorvendo cada mudan\u00e7a no ambiente dentro de casa.
\n\ud83d\udcf2 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp
\nFoi isso que a m\u00e9dica veterin\u00e1ria Ma\u00edra Ingrit Gestrich-Frank decidiu investigar em seu mestrado em Biologia Animal na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Apaixonada por gatos desde crian\u00e7a, Ma\u00edra percebeu que o isolamento social criou uma oportunidade de estudar como mudan\u00e7as abruptas na rotina dos humanos impactavam a vida dos felinos dom\u00e9sticos.
\n“A car\u00eancia de estudos que buscaram explorar esses aspectos nos tr\u00eas diferentes per\u00edodos relacionados \u00e0 pandemia, me motivaram a explorar esse campo de pesquisa, buscar associa\u00e7\u00f5es e comparar essas vari\u00e1veis”, explica.
\nA pesquisa de Ma\u00edra analisou tr\u00eas per\u00edodos distintos: pr\u00e9-pandemia, confinamento e p\u00f3s-confinamento. O m\u00e9todo \u00e9 simples: um question\u00e1rio online com 31 perguntas enviado para tutores de gatos de diversas regi\u00f5es do Brasil. A ideia era entender como o ambiente e os comportamentos dos felinos haviam se transformado.
\nEntre os bons resultados, o chamado \u201cescore ambiental\u201d \u2013 uma medida da qualidade do ambiente para os gatos \u2013 melhorou significativamente. Tutores passaram a investir mais em arranhadores, brinquedos, locais elevados e \u00e1reas seguras de descanso.
\n“A maior presen\u00e7a dos tutores na resid\u00eancia e o maior conv\u00edvio com os seus gatos parecem ser fatores que favorecem um ambiente felino mais saud\u00e1vel, no sentido de disponibilizar mais recursos ambientais para os seus gatos”, comenta a pesquisadora.
\nNo entanto, com a conviv\u00eancia intensa, surgiram tamb\u00e9m algumas rachaduras na harmonia felina. Apesar de alguns gatos terem ficado mais carentes, outros ficaram mais agitados. Aumento de miados, mudan\u00e7as no apetite, comportamentos destrutivos e lambedura excessiva tamb\u00e9m foram registrados, ainda que de forma moderada.
\nGatos da veterin\u00e1ria Ma\u00edra Ingrit Gestrich-Frank
\nArquivo Pessoal
\nObesidade felina
\nEntre as descobertas mais curiosas do estudo est\u00e1 a liga\u00e7\u00e3o direta entre sedentarismo e obesidade felina. O estudo observa que, no per\u00edodo anterior \u00e0 pandemia, havia um maior n\u00famero de gatos com peso ideal, considerado saud\u00e1vel. No entanto, ap\u00f3s o confinamento, notou-se um aumento no ganho de peso dos gatos. Ou seja, os gatos acabaram ganhando mais peso a partir do confinamento, conforme apontam os dados analisados de forma descritiva.
\nDe acordo com Ma\u00edra, gatos que tinham acesso ao ar livre \u2014 mesmo que apenas por uma janela telada ou um \u201cgatio\u201d improvisado \u2014 apresentaram menor tend\u00eancia ao ganho de peso. J\u00e1 os que passaram o confinamento entre sof\u00e1, ra\u00e7\u00e3o e colo tiveram mais chance de engordar.
\n“Uma rotina mon\u00f3tona pode predispor os gatos dom\u00e9sticos a obesidade, pois a gente observa uma correla\u00e7\u00e3o entre o n\u00edvel de atividade f\u00edsica e a possibilidade de livre acesso ao meio externo, com uma redu\u00e7\u00e3o na chance de ganho de peso nesses gatos”, exp\u00f5e.
\nCompanhia humana
\nOutro ponto importante da pesquisa foi a mudan\u00e7a no v\u00ednculo entre humanos e gatos. Muitos se tornaram mais afetuosos e brincalh\u00f5es durante o confinamento, e esse comportamento permaneceu mesmo ap\u00f3s a volta \u00e0 rotina.
\n“A gente tamb\u00e9m observa o aumento desse comportamento de maior busca por aten\u00e7\u00e3o no per\u00edodo ap\u00f3s o confinamento, o que pode ser um reflexo, um efeito de longo prazo”, comenta.
\nE se voc\u00ea pensa que todo gato prefere ficar sozinho, a pesquisa mostra que isso \u00e9 relativo. Cada gato tem sua personalidade. Mas, em m\u00e9dia, os que tinham companhia constante apresentaram melhor qualidade de vida do que os que passaram longas horas solit\u00e1rios.
\n“O aumento do v\u00ednculo entre humanos e gatos proporcionado por esse maior tempo de conviv\u00eancia pode fazer com que esse tutor se preocupe ainda mais com o gato, se preocupe em estudar e proporcionar um ambiente cada vez mais saud\u00e1vel e tamb\u00e9m rotina de intera\u00e7\u00e3o positiva”, diz.
\nA veterin\u00e1ria Ma\u00edra Ingrit Gestrich-Frank tem tr\u00eas gatos
\nArquivo Pessoal
\nComo melhorar a conviv\u00eancia com o felino
\nGatos s\u00e3o animais que prezam pela seguran\u00e7a e pelo controle do ambiente, especialmente durante momentos delicados como comer, beber \u00e1gua ou usar a caixa de areia. Por isso, \u00e9 fundamental posicionar esses itens em locais calmos, afastados de ru\u00eddos e do vaiv\u00e9m da casa, para evitar que o animal se sinta estressado ou ansioso.
\n“O aumento de comportamentos negativos de alguns gatos pode estar relacionado ao excesso da conviv\u00eancia humana no sentido da qualidade dessa intera\u00e7\u00e3o e de quanto esse humano ou a fam\u00edlia humana respeitam o espa\u00e7o do gato”, explica
\nDe acordo com a pesquisa, ter um cantinho reservado para descanso e esconderijo tamb\u00e9m ajuda o gato a se sentir protegido e mais confiante em seu territ\u00f3rio. Al\u00e9m disso, a previsibilidade na rotina e nas intera\u00e7\u00f5es com os tutores \u00e9 outro fator importante.
\n“V\u00e3o ter gatos que v\u00e3o gostar mais de ficar mais tempo ainda no seu espa\u00e7o, ent\u00e3o \u00e9 importante que esse gato n\u00e3o seja manejado, n\u00e3o seja retirado do seu local de descanso, n\u00e3o seja carregado, porque isso pode ser um fator estressor”, comenta Ma\u00edra.
\nO enriquecimento sensorial tamb\u00e9m deve ser considerado. Gatos costumam se interessar por est\u00edmulos visuais e auditivos, como observar a paisagem pela janela, acompanhar o movimento de um aqu\u00e1rio ou brincar com objetos que emitem sons. J\u00e1 o olfato pode ser estimulado com ervas como a catnip ou com ferom\u00f4nios sint\u00e9ticos.
\nSegundo Ma\u00edra, quando poss\u00edvel, permitir o acesso a uma \u00e1rea externa protegida \u2014 como uma varanda com tela \u2014 \u00e9 uma alternativa para ampliar o territ\u00f3rio do gato com seguran\u00e7a.
\nAlguns felinos tamb\u00e9m podem se adaptar ao uso de coleira e guia para passeios ao ar livre, desde que o processo seja feito com paci\u00eancia, respeitando os limites de cada animal e garantindo uma experi\u00eancia positiva.
\nQuero um gato, o que fazer?
\nUma recomenda\u00e7\u00e3o da Ma\u00edra para quem ainda n\u00e3o tem gatos, mas pensa em adotar, \u00e9 dar prefer\u00eancia \u00e0 ado\u00e7\u00e3o de dois irm\u00e3ozinhos ou dois filhotes.
\n“Esses gatos provavelmente v\u00e3o se tornar amigos e um pode fazer companhia para o outro”, comenta.
\nEles tendem a realizar comportamentos em conjunto, como brincadeiras e momentos de descanso em proximidade, o que, segundo a pesquisadora, \u00e9 muito positivo para o bem-estar deles.
\nAlgumas pessoas acreditam que os gatos s\u00f3 s\u00e3o simp\u00e1ticos com os humanos para obter comida
\nGetty Images\/BBC
\nV\u00cdDEOS: Tudo sobre o RS<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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