{"id":207287,"date":"2025-04-14T10:37:07","date_gmt":"2025-04-14T13:37:07","guid":{"rendered":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/noticia\/207287"},"modified":"2025-04-14T10:37:07","modified_gmt":"2025-04-14T13:37:07","slug":"nova-especie-de-cigarra-que-so-canta-durante-a-seca-e-descoberta-no-cerrado-goiano","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/noticia\/207287","title":{"rendered":"Nova esp\u00e9cie de cigarra que s\u00f3 canta durante a seca \u00e9 descoberta no Cerrado goiano"},"content":{"rendered":"

Comum no ambiente urbano de Ipor\u00e1 (GO), inseto recebeu nome em homenagem \u00e0 localidade onde foi descoberto. Ariasa iporaensis foi descoberta em Ipor\u00e1 (GO)
\nDouglas Maccagnan
\n\u00c0 primeira vista, ela passa despercebida. De tamanho e cor similares a outras cigarras, a Ariasa iporaensis custou a ser reconhecida como uma nova esp\u00e9cie. Mas uma an\u00e1lise mais cuidadosa revelou que o Brasil havia ganhado mais um representante desse grupo de insetos sonoros.
\nA descoberta aconteceu em Ipor\u00e1 (GO) e foi publicada neste ano por pesquisadores da Universidade Estadual de Goi\u00e1s (UEG) e da Universidade Federal de Goi\u00e1s (UFG). O termo \u201ciporaensis\u201d, presente no nome do inseto, significa \u201cnatural de Ipor\u00e1\u201d.
\n\u201cA descoberta dessa nova esp\u00e9cie foi uma surpresa, pois ela \u00e9 abundante em pra\u00e7as e canteiros centrais de avenidas da \u00e1rea urbana de Ipor\u00e1, por conta disso, consideramos relevante fazer essa homenagem ao munic\u00edpio\u201d, explica Douglas Maccagnan, entom\u00f3logo e um dos autores do estudo.
\nEsp\u00e9cie \u00e9 um dos poucos insetos do Cerrado que se reproduz no per\u00edodo de seca
\nDouglas Maccagnan
\nA principal pista de que se tratava de uma esp\u00e9cie nova n\u00e3o veio logo de cara: os pesquisadores chegaram a confundir a cigarra com a Ariasa columbiae, esp\u00e9cie morfologicamente semelhante.
\n“Foi muito emocionante saber que est\u00e1vamos trabalhando com uma esp\u00e9cie ainda desconhecida pela ci\u00eancia”, conta o professor.
\nA confirma\u00e7\u00e3o das suspeitas de uma nova esp\u00e9cie veio somente ap\u00f3s revis\u00f5es de literatura cient\u00edfica, an\u00e1lises morfol\u00f3gicas detalhadas, observa\u00e7\u00f5es de comportamento e grava\u00e7\u00f5es bioac\u00fasticas.
\nPequena no visual, \u00fanica no canto
\nDo ponto de vista f\u00edsico, a Ariasa iporaensis n\u00e3o foge muito do que se espera de uma cigarra: corpo castanho com tons esverdeados e tamanho de cerca de 2,5 cent\u00edmetros. Mas um detalhe anat\u00f4mico chamou a aten\u00e7\u00e3o dos cientistas: o rostro, estrutura que funciona como um canudo para sugar seiva, \u00e9 mais comprido que o de outras esp\u00e9cies, chegando at\u00e9 o abd\u00f4men.
\nCigarra \u00e9 muito parecida em tamanho e cores com outras esp\u00e9cies
\nDouglas Maccagnan
\nPor\u00e9m, \u00e9 no comportamento que ela realmente se destaca. \u00c9 a \u00fanica cigarra da regi\u00e3o que canta durante todo o per\u00edodo da seca, entre mar\u00e7o e setembro – uma raridade entre os insetos do Cerrado, que costumam se manter silenciosos e escassos nesta \u00e9poca do ano.
\n\u201cO per\u00edodo seco do Cerrado \u00e9 caracterizado pela queda das folhas das \u00e1rvores e pela redu\u00e7\u00e3o de insetos. O fato da Ariasa iporaensis ocorrer justamente nesse per\u00edodo faz com que ela possa ser uma importante fonte de nutrientes para outros animais, especialmente aves que comem insetos, aumentando ainda a relev\u00e2ncia ecol\u00f3gica da esp\u00e9cie\u201d, ressalta Douglas.
\nO canto tamb\u00e9m tem suas particularidades. Segundo os pesquisadores, o som emitido pelos machos lembra um assobio fino que dura alguns segundos. \u00c9 poss\u00edvel ouvi-lo em pra\u00e7as, avenidas e \u00e1reas verdes da cidade de Ipor\u00e1, mostrando que a esp\u00e9cie se adaptou bem ao ambiente urbano. Ela n\u00e3o est\u00e1 amea\u00e7ada de extin\u00e7\u00e3o.
\nComo em outras cigarras, apenas os machos da Ariasa iporaensis emitem sons – um chamado para atrair as f\u00eameas. E foi justamente ao registrar esse canto por v\u00e1rios anos que os cientistas perceberam que havia algo diferente ali.
\nO artigo relata que as cigarras geralmente emergem em grandes grupos durante algumas semanas. Mas essa esp\u00e9cie tinha um padr\u00e3o longo e constante de emerg\u00eancia e canto por meses a fio, o que \u00e9 incomum neste grupo de insetos.
\nA esp\u00e9cie tamb\u00e9m inovou no modo de botar ovos: ao contr\u00e1rio do padr\u00e3o mais comum, de depositar ovos em galhos finos e mortos, a f\u00eamea da A. iporaensis deposita os seus diretamente na casca grossa de troncos de \u00e1rvores, como o ip\u00ea-branco. Segundo os autores do estudo, isso pode ser uma adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s queimadas, comuns no Cerrado durante o inverno.
\nAtualmente, h\u00e1 188 esp\u00e9cies de cigarras registradas no Brasil, mas os especialistas estimam que esse n\u00famero possa chegar a cerca de 500. No mundo todo, s\u00e3o pouco mais de 3 mil esp\u00e9cies catalogadas.
\nV\u00cdDEOS: Destaques Terra da Gente
\nVeja mais conte\u00fados sobre a natureza no Terra da Gente<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Comum no ambiente urbano de Ipor\u00e1 (GO), inseto recebeu nome em homenagem \u00e0 localidade onde foi descoberto. Ariasa iporaensis foi descoberta em Ipor\u00e1 (GO) Douglas Maccagnan \u00c0 primeira vista, ela passa despercebida. De tamanho e cor similares a outras cigarras, a Ariasa iporaensis custou a ser reconhecida como uma nova… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-207287","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/207287","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=207287"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/207287\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=207287"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=207287"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/acre.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=207287"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}