Educador cria campanha para ajudar vendedora que trabalha em semáforo de Rio Branco a voltar ao Piauí: ‘Sou sozinha aqui no Acre’


Dona Marli, como é conhecida, saiu de sua terra natal há três anos para trabalhar em uma casa, mas acabou não permanecendo. Desde então, ela vende amendoim em um semáforo na Avenida Ceará, em Rio Branco. Campanha quer ajudar dona Marli a voltar para sua cidade natal e reencontrar família
Reprodução
Era o natal de 2020 e o assistente educacional Kaisson Moreira, tomado pelo sentimento de solidariedade comum nessa época do ano, decidiu que iria ajudar alguém. Foi então que ele saiu, de bicicleta, às ruas de Rio Branco e encontrou a vendedora Francisca Sena de Oliveira, mais conhecida como Dona Marli. Ela aguardava a parada dos carros que circulavam na Avenida Ceará para tentar vender amendoins.
“Perguntei do que precisava, o que faltava, e ela comentou: uma geladeira, uma cama. E aí perguntei, e para agora? E ela disse: o dinheiro do gás. De lá pra cá, mantivemos contato”, relata Moreira.
Desde então, Moreira e Dona Marli formaram uma amizade duradoura. A vendedora havia chegado ao Acre em 2020 para trabalhar em uma casa, indicada por um parente. Porém, o emprego acabou não dando certo, e ela precisou de alternativas. Começou a trabalhar como vendedora.
Agora, aos 58 anos, Dona Marli decidiu que quer voltar à sua terra natal, a cidade de Pedro Segundo, no interior do Piauí, onde estão sua mãe e irmãos. Mais uma vez, decidiu recorrer ao amigo, que iniciou uma campanha para arrecadar doações e garantir a volta e uma moradia para Dona Marli.
Educador criou campanha para ajudar vendedora a voltar à sua terra natal
Campanha
Ele decidiu publicar um vídeo nas redes sociais contando a história de Dona Marli, e seu sonho de retornar ao Piauí. No vídeo, a vendedora se apresenta, e fala sobre sua luta para se manter durante o período em que está no Acre. O vídeo postado no Instagram tem mais de 28 mil visualizações, 330 compartilhamentos e mais de 350 comentários.
Ao g1, Dona Marli destacou o fato de estar cansada por conta do esforço como vendedora na rua, e que deseja voltar ao Piauí para ficar próxima à família. Ela conta ainda que pretende conseguir uma casa, por mais simples que seja, e trabalhar com a venda de água mineral e carvão.
“Até o final do ano eu pretendia comprar uma casinha de palha, ou assim, uma casinha pra pra ter meu próprio negócio, pra não ficar andando igual aqui, no sol quente. Lá tem minha mãe, tem meus irmãos e eu sou sozinha aqui no Acre. Moro de aluguel. Tem um advogado e o pessoal de uma loja também, tentando me ajudar. Eles estão fazendo a vaquinha”, relata.
Gratidão
“Ela é simples, muito correta, ela já se mudou várias vezes, porque qualquer questão de barulho, de segurança, ela já se muda. Ela gosta de estar no cantinho dela”, ressalta Moreira.
O educador mantém a esperança de conseguir ajudar Dona Marli com seu objetivo. Ele ressalta que a campanha teve grande repercussão, mas as doações em dinheiro ainda não foram muitas.
“Até então, tem muita gente compartilhando, mas ainda não caiu muita doação. Até agora, já tem pouco mais de R$ 100. A gente vai tentando, e vendo o que dá. É uma coisa que ela queria muito, ela estava pensando formas de conseguir ajuda”, acrescenta.
Dona Marli também expressa sua gratidão a quem ajudou ou compartilhou a publicação, e quem se comover com sua história.
“O que eu gostaria de dizer, é gratidão, se eu conseguir minha casinha, com a ajuda dessas pessoas de coração bom”, finaliza.
Kaisson Moreira conheceu Dona Marli em 2020, e desde então passou a ajudá-la
Arquivo pessoal
VÍDEOS: g1

Bookmark the permalink.