Hospital do Fundão tem vaquinha para comprar ventiladores, e até pacientes graves passam calor: ‘Entubado com sol no rosto’

Pacientes deitados nas macas dividem apenas um único ventilador. Os que aguardam por um leito no corredor também esperam no calor. Funcionários do Hospital do Fundão fazem vaquinha para comprar ventiladores
Funcionários do Hospital do Fundão, Zona Norte do Rio, dizem que estão arrecadando dinheiro para comprar ventilador devido ao forte calor que tem feito na cidade nos últimos dias. Eles afirmam que o ar-condicionado do local não está funcionando.
Os pacientes deitados nas macas estão dividindo apenas um único ventilador. Já no corredor, os que aguardam por um leito também esperam no calor.
“Fiquei na emergência, nessas cadeiras, por quatro dias antes de conseguir o leito. Na emergência, a gente não tinha ar-condicionado, não tinha ventiladores. Passamos muito mal e estamos com muito calor”, disse um paciente.
Os funcionários contam que com as altas temperaturas, o local está insalubre para trabalhar.
“Paciente em estado febril que não baixava por nada. E a gente colocou compressa gelada. Contudo, a temperatura do ambiente estava até mais alta do que o próprio paciente”, disse um funcionário.
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A equipe do RJ2 flagrou funcionários e pacientes entrando no hospital com ventiladores.
Leiva Pena está no início do tratamento de quimioterapia. Nesta quinta-feira (23), ela foi para mais uma consulta e contou que o calor estava insuportável dentro do hospital.
“Muito quente! Só tinha um ventilador funcionando. Mas muito, muito quente mesmo! E ar-condicionado que é bom, não tem como”, conta Leiva.
Um funcionário conta que a rede elétrica do hospital não aguenta a demanda.
“A gente compra do bolso a água que a gente consome, que não é fornecida muitas vezes. A gente compra todo o material de estrutura de geladeira, tudo para ter um conforto, e, se pudéssemos, compraríamos também ar-condicionado, mas a rede elétrica do hospital não aguenta;”
Os funcionários ainda dizem que o calor é intenso até em salas com pacientes em estado grave.
“O sol batendo diretamente nos pacientes porque a gente precisa ficar com a janela aberta porque não tem ar-condicionado. E pacientes em estado grave, isso dentro da grande emergência, que é considerada sala vermelha. Paciente entubado com sol batendo no rosto e no corpo.”
Wellington está com filho internado no hospital há 7 dias. Ele trouxe ventilador de casa, mas acha que a temperatura no ambiente não ajuda no tratamento.
“Até na sala do médico não tem ar-condicionado, não! Eu entrei na sala do médico com ele e perguntei para a doutora: ‘Não tem ar-condicionado aqui, não? Não tem! Já tô aqui há dois anos assim’”, conta Wellington.
A Ana Paula levou a mãe na emergência, que se trata no hospital há 2 anos. Ana saiu da unidade indignada com a estrutura oferecida .
“Muito calor, muito calor mesmo! Muitos pacientes nas cadeiras, sentados. Eu já trato a minha mãe aqui há muito tempo. A emergência é vergonhosa”, lamenta Ana Paula.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), responsável pela administração do hospital do Fundão afirmou que a unidade está funcionando acima da capacidade e que está atuando para atender a população da melhor forma possível.
A EBSERH disse também que R$ 50 milhões estão sendo investidos na infraestrutura do hospital para melhorar, dentre outros pontos, a adequação das instalações elétricas, que vão possibilitar a ampliação dos aparelhos de ar-condicionado.
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