‘O papa das pessoas’: como foi a despedida de fiéis a Francisco


Multidão se reuniu na Praça de São Pedro, no Vaticano, para reconhecer e valorizar legado de compaixão, inclusão e respeito deixado pelo papa. ‘O papa das pessoas’: como foi a despedida de fiéis a Francisco
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Existem formas diferentes de se analisar o legado de um papa. As reformas que ele promoveu em uma instituição milenar, as crises que ele enfrentou, em disputas entre correntes ideológicas.
Mas existe um jeito mais claro e imediato de avaliar o sucesso de um pontificado: é só observar como os fiéis se despedem.
Em Roma, a história não morre. Mas como se vira a história? Com um passado em cada curva, Roma amanheceu hoje para encerrar um capítulo.
“Eu sou da Transilvânia. Sou ortodoxa, mas também cristã. O líder da minha igreja é o patriarca de Moscou, mas o papa Francisco… para mim ele era o papa das pessoas”, disse uma fiel.
“Tudo o que parecia o contrário, ele tentou unir. Ele comia aqui no restaurante quando era cardeal, sempre muito humilde e calmo.
“Eu sou do Cairo, no Egito. Muçulmano. Relação entre religiões”, refletiu um homem. “Nunca encontrei alguém tão bom quanto Francisco. Não importa a religião, o que importa é o bom coração”.
“Quando a gente chegava perto do papa Francisco, ele nos atraía, ele ia ao encontro da gente. Não esperava aquela formalidade, ele ia, perguntava de onde você era, como, o que é que você fazia aqui, como está. Inclusive ele me perguntou: ‘E a cachaça do Brasil?”, lembrou um padre brasileiro.
“Francisco fez tanta coisa linda. Ele foi uma história de amor para todo mundo”, resumiu o egípcio ouvido pela reportagem.
Como um papa que mal era conhecido quando foi anunciado tocou tanta gente?
O que a multidão reconhece e valoriza é o legado de Francisco: compaixão, inclusão, respeito. O adeus do povo na Praça São Pedro e no mundo todo foi mais do que a um líder de uma Igreja, mas a uma figura querida.
“Eu sou peruana, mas morava na Argentina quando Francisco virou papa. Eu nem estava mais indo muito à igreja, mas com ele eu voltei”, disse outra fiel.
Uma vez, Francisco disse: “A alegria deve estar sempre presente, porque cristão com cara de funeral não funciona. Se és cristão, terás alegria”.
O Vaticano fez nesta semana o que Francisco sempre valorizou em vida: construiu pontes. É isso que fica do papa em muita gente.
“Para mim ele foi um anjo, e não só para mim”, disse o egípcio.
“Foi realmente uma honra conhecer o pensamento dele, mas especialmente conhecer o que ele comunicou: que ainda existe um poder de dar amor”, disse uma fiel.
“Construiu uma história de proximidade com o outro, com o nosso irmão menos favorecido, com aquele que não tem nada”, resumiu um padre brasileiro. “O sepultamento do papa é apenas um gesto. É a certeza de que lá, junto de Deus, agora ele intercede por todos nós, por toda a igreja”.
Francisco escolheu ser enterrado na cidade que amava. E em Roma, a história não morre.
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