Avião que ‘empinou’ em embarque em Viracopos é seguro e caso é comum, mas peso incorreto pode oferecer risco de queda


Segundo companhia, causa foi “questão de balanceamento” e passageiros foram realocados. Especialista diz que situação pode ocorrer no carregamento, quando carga não está na posição final. Aeronave da Azul tocou a cauda no solo durante embarque de passageiros em Viracopos, em voo que seguiria para o Rio de Janeiro na sexta (23)
Reprodução
O desbalanceamento da carga que fez com que um avião da Azul “empinasse”, no Aerorpoto de Viracopos, é comum, mas cuidados devem ser tomados para que aeronaves não decolem com distribuição de peso incorreta e corram risco de queda.
É o que explica James Waterhouse, professor de engenharia aeronáutica da USP São Carlos. Ele ressalta que o Cessna Grand Caravan, o avião que empinou, é seguro e que aeronaves bem maiores podem passar pelo mesmo problema durante o carregamento. Entenda abaixo.
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Segundo Waterhouse, todas as aeronaves podem tombar para trás durante o carregamento, mas isso é mais comum em aviões pequenos e de carga, pois o peso é significativo em relação ao veículo.
“O embarque de passageiros em aeronaves grandes não causa problemas pois o peso de poucas pessoas é muito pequeno em relação ao peso da aeronave. Mas, mesmo em aeronaves grandes de carga, quando os pallets de carga são carregados de forma incorreta, isso acontece”, explica
Para evitar esse problema, aviões menores ou de carga possuem uma haste colocada na cauda para impedir que empinem. “Isso é apelidado de Pau de Carga e, nesse caso, é provável que tenham feito o embarque sem o uso desse dispositivo”, diz o professor.
Waterhouse ressalta que aeronaves bem maiores que a Caravan possuem a haste, ou seja, o desbalanceamento não é um problema só de aeronaves menores e também não está relacionado a riscos de vôo da aeronave. Isso porque o tombamento acontece durante o carregamento, quando uma carga grande entra pela porta traseira e ainda não foi deslocada para sua posição final.
Porém, decolar com a aeronave desbalanceda pode causar quedas. “Isso é tão importante que existe um profissional cujo trabalho é fazer a correta distribuição de peso na aeronave, o Despachante Operacional de Voo (DOV)”, diz o professor.
“Depois, o comandante confere os cálculos do DOV. Então, pelo menos dois profissionais conferem se o balanceamento está ok antes da decolagem”, afirma Waterhouse.
Existe também o risco da carga se mover durante o vôo e, de acordo com o professor, vários acidentes com aeronaves grandes ocorreram por esse motivo.
A distribuição correta do peso também é feita em aeronaves de passageiros, durante a distribuição dos assentos. “É por essa razão que, em vôos com poucos passageiros, os mesmos estão distribuídos de uma forma que às vezes parece irracional, mas é devido ao balanceamento”, explica.
Segurança da aeronave
A Azul começou a operar há um ano a rota entre Campinas e o aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, com aeronaves Cessna Grand Caravan, monomotor turboélice para até 9 passageiros.
O professor Waterhouse afirma que a Caravan é uma aeronave de transporte de passageiros e carga monomotora extremamente conhecida e a mais utilizada no mundo nessa categoria.
” É considerada bastante segura e tem velocidades de pouso e decolagem bastante baixas, possibilitando pousos de emergência em locais bem apertados”, avalia.
De acordo com o professor, empinar a aeronave durante o processo de carregamento nessa categoria de avião é bastante comum.
Passageiros realocados
Um avião da Azul ficou “empinado”, tocando a cauda no solo durante embarque no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), na sexta-feira (23).
Segundo a companhia, o problema com a aeronave do voo AD5144, que seguiria para o Rio de Janeiro (RJ), ocorreu por questões técnicas de balanceamento.
“A aeronave foi estabilizada e passará por inspeção. Os clientes desembarcaram em total segurança, sendo reacomodados em outros voos. A companhia ressalta que adota medidas preventivas como essa para conferir a segurança de suas operações, valor primordial da Azul”, informou a empresa, em nota.
Segundo a concessionária que administra Viracopos, o incidente ocorreu por volta de 17h30 de sexta, não prejudicou a operação dos voos.
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