Monitor da Violência: Quem são as quatro vítimas de feminicídio no Acre no 1º semestre de 2023


Casos ocorreram em Rio Branco, Bujari e Sena Madureira, e todos registrados entre os meses de abril a junho. Em 2022, Acre ficou em 4º lugar dentre os estados mais perigosos para mulheres viverem. Ferramenta do g1 traça dados sobre mortes violentas em todo o Brasil. Quatro mulheres foram vítimas de feminicídio no 1º semestre de 2023 no Acre
g1 AC
Quatro mulheres foram mortas no primeiro semestre de 2023 no Acre pelo simples fato de serem mulheres. Isto é o que aponta o Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que também traçam o quantitativo de crimes fatais relacionados ao feminicídio.
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Os registros, segundo os números repassados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sejusp-AC) à ferramenta, são de dois casos em abril, um em maio e outro em junho. No primeiro trimestre do ano, nenhum crime deste tipo foi registrado.
Dos quatro suspeitos pelos crimes bárbaros, três foram presos e um se matou.
O g1 acompanhou os quatro casos do primeiro semestre.
Abril
O primeiro ocorreu em abril. A adolescente Jaine Freire Souza, de 17 anos, foi morta com um tiro de espingarda no dia 11 de abril no km 23 da Ramal da Concórdia, município de Bujari, interior do Acre. Na ocasião, o Centro de Operações Policiais Militares (Copom) havia informado que, segundo informações de moradores da região, o companheiro da adolescente teria cometido o crime após uma crise de ciúmes.
O delegado responsável pelas investigações, Bruno Coelho, confirmou a motivação do crime. O suspeito conheceu a vítima 15 dias antes do assassinato e descobriu que ela tinha relações amorosas com um colega dele, o que pode ter gerado ciúmes. Ele foi preso duas semanas após a morte da jovem.
Jaine Freire Souza, de 17 anos, foi assassinada no dia 11 de abril na zona rural do Bujari, interior do Acre
Arquivo/PC-AC
O segundo, no mesmo mês, ocorreu no quilômetro 86 da estrada Transacreana no dia 23. Marcilene Barros de Oliveira, de 34 anos, foi assassinada com um tiro de espingarda disparado pelo marido, Antônio José Silva de Souza, de 33 anos. O crime ocorreu na frente do filho do casal, de 4 anos, e de dois filhos de Marcilene. Após matar a companheira, o homem se matou.
O g1 entrevistou o irmão da vítima na época, Rocicleudo Barros de Oliveira, que disse que estava cuidando dos sobrinhos de 15 e 18 anos. Ele explicou que Marcelina tinha comprado a casa já pensando em se separar do companheiro devido ao ciúme excessivo dele.
Marcilene de Oliveira, de 34 anos, foi assassinada pelo companheiro no dia 23 de abril na Estrada Transacreana
Arquivo da família
Maio
O crime de feminicídio registrado em maio ocorreu mais precisamente no dia 27 em Rio Branco. Luzivânia Araújo foi assassinada com dois tiros na cabeça dentro de casa e na frente dos dois filhos, de 7 e 4 anos. O principal suspeito do crime é o ex-companheiro da vítima, Gabriel Lima de Almeida, 25 anos, que foi preso após se entregar à polícia, ainda com a arma de fogo usada no crime.
Luzivânia Araújo foi assassinada com dois tiros na cabeça na madrugada do dia 27 de maio em Rio Branco
Arquivo pessoal
Conforme a Polícia Militar do Acre (PM-AC) na época dos fatos, a vítima estava deitada com os dois filhos em uma cama quando o autor entrou na casa e efetuou dois disparos no rosto da vítima. Segundo depoimentos de testemunhas, ele não aceitava o término do relacionamento.
A mãe da jovem disse ao g1 que ela ainda pensou em denunciá-lo, mas que desistiu após o pedido dele. Maria da Liberdade contou ainda que a filha estava em processo de separação e que recebia ameaças do ex, que andava armado.
Junho
O caso ocorrido no mês em questão foi registrado no dia 24 e tratou-se de um duplo homicídio no Ramal Porongaba, na área do município de Sena Madureira, no interior do Acre. Francisco Jorge de Souza Falcão, conhecido como Joãozinho, matou a ex-esposa, Antônia Rocha da Conceição, de 20 anos com um tiro no rosto, e um outro jovem, Jaime Cândida Rodrigues, de 27 anos, ao deixar a pensão do filho.
Antônia Rocha da Conceição foi morta pelo ex com um tiro no rosto
Arquivo pessoal
De acordo com a delegada Rivânia Franklin, responsável pelas investigações, o caso é investigado como feminicídio e o suspeito já havia ameaçado a vítima e familiares. Além disso, Jaime teria sido morto ao tentar defender Antônia. O suspeito foi preso no dia 29 de junho em um restaurante da cidade.
2022
Apesar de o Acre deixar de figurar no topo do ranking dos estados onde mais matam mulheres pelo simples fato de serem mulheres no Brasil em 2022, o estado ainda está acima da média nacional. Dados do ano passado do Monitor da Violência apontam para a média de 2,5 feminicídios para cada 100 mil habitantes.
Isto faz com que o estado permaneça em quarto lugar dos estados brasileiros mais perigosos para as mulheres viverem, sendo o segundo da região Norte, atrás apenas de Rondônia, com 3,1 feminicídios para cada 100 mil habitantes.
A média nacional em 2022 ficou em 1,3 feminicídios para cada 100 mil habitantes, o que perfaz um aumento de 5% em comparação com 2021. No geral, são 1,4 mil mulheres mortas em todo o país, sendo o maior desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.
No ano de 2020, o Acre também tinha ficado em quarto lugar entre os estados com maiores taxas de feminicídio.
VÍDEOS: g1

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