Começa júri popular de policial penal que matou vendedor de picolé no Acre


Alessandro Rosas Lopes responde por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima e crime hediondo. Ao todo, 10 testemunhas devem ser ouvidas no julgamento, que ocorre nesta quinta-feira (30), na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Policial penal Alessandro Rosas Lopes passa por júri popular nesta quinta-feira (30)
Arquivo
O policial penal Alessandro Rosas Lopes, acusado de matar o vendedor de picolé Gilcimar da Silva Honorato, em dezembro de 2020, está sendo julgado nesta quinta-feira (30) na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco. A sessão do júri começou por volta das 8h30.
Lopes responde por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima e crime hediondo. Além do réu, 10 testemunhas devem ser ouvidas durante o júri, sendo cinco de acusação e cinco de defesa.
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O g1 entrou em contato com o advogado do policial, Maxsuel Maia, e não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
A defesa do policial chegou a entrar com recurso pedindo que fossem retiradas as qualificadoras de motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima e crime hediondo. Mas, a Câmara Criminal negou o pedido e ressaltou que só se excluem qualificadoras quando elas se mostram em descompasso com os autos.
Denúncia
O crime ocorreu no dia 12 de dezembro de 2020 no Conjunto Esperança, em Rio Branco. O inquérito foi encaminhado à Justiça no mesmo mês e a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) no dia 12 de janeiro de 2021.
Na época, uma câmera de segurança registrou parte da movimentação em frente ao bar onde o policial matou o picolezeiro.
Em fevereiro de 2023, Lopes teve um pedido de substituição da prisão preventiva por domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica negado pela Justiça do Acre.
Na mesma decisão, o juiz Alesson Braz, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, determinou a retirada da suspensão do processo após conclusão do laudo de incidente de insanidade mental.
Conforme decisão que homologou o resultado do laudo pericial de insanidade mental, publicada no dia 3 de fevereiro, ficou atestado que o “acusado, ao tempo da ação, apresentava capacidade completa de entendimento e incapacidade parcial de autodeterminação.” O policial está preso desde a época do crime.
Imagens mostram Gilcimar chegando no bar antes de ser morto por policial penal
Reprodução
Família pede indenização e pensão
A família do vendedor de picolé Gilcimar da Silva Honorato entrou com uma ação na Justiça pedindo indenização e pensão, alegando que a vítima era provedora da casa.
A ação foi ingressada pela mãe, Lucinda Severo Honorato, e pelo filho da vítima, Matheus Nery da Silva. Os dois pedem R$ 1 mil de pensão pelo período de 40 anos, além de R$ 1,4 mil de danos materiais para cobrir os gastos que tiveram com funeral e R$ 150 mil de dano extrapatrimonial.
No pedido, a família do vendedor de picolé alega ainda que ele era trabalhador, conhecido por todos no bairro, e que sustentava o lar de sua mãe e seu filho. Além disso, segundo o documento, eles afirmam que a vítima não se envolvia em confusões e que no dia do crime foi defender um colega quando acabou sendo morto. O processo contra o policial penal corre na 1ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco.
Reconstituição da morte de vendedor de picolé baleado por policial penal no Acre ocorreu em agosto de 2021
Reprodução
Laudo da reconstituição
O laudo da reconstituição, incluído no processo no dia 30 de novembro do ano passado, tem 53 páginas e 56 imagens que retratam o que foi relatado pelas testemunhas e pelo acusado. O pedido de reconstituição foi feito pela defesa do policial penal. Na reprodução da cena do crime, que ocorreu no dia 12 de agosto de 2021, foram refeitos todos os passos relatados pelas testemunhas e também pelo acusado.
Conforme o documento, a perícia concluiu que existiu um intervalo de tempo entre um disparo e outro e que atingiu a vítima e que não se tratou de disparos sequenciais. E sobre a pergunta feita pela defesa se a vítima teve tempo e rotas de fuga para se desvencilhar do réu após a discussão dentro do bar, o laudo pontuou que sim.
No exame cadavérico complementar solicitado pelo Ministério Público, o perito médico legista pontuou que é possível afirmar que o picolezeiro foi vítima de disparo de arma de fogo efetuado à distância e que o atingiu pelas costas.
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