Gladson Cameli, governador do Acre, diz que confia na Justiça após PGR pedir afastamento


Cameli é suspeito de comandar esquema de fraude em licitações. A PGR aponta fraudes ou direcionamento em pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do estado, com prejuízo estimado de R$ 150 milhões. Decisão cabe à ministra Nancy Andrighi.
Quem é Gladson Cameli, governador do Acre
Em nota, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), disse que está confiante na Justiça e segue cumprindo agenda normalmente após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STF) pedir que ele seja imediatamente afastado do cargo.
PGR pede afastamento de Gladson Cameli (PP), governador do Acre
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O pedido faz parte da denúncia oferecida na terça-feira (28) pela PGR contra Camelli e outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
Cameli está com uma comitiva estadual na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro.
“Diante das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de denúncia da Procuradoria-Geral da República, e, consequente pedido de afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua confiança na Justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimento, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre”, disse.
Denúncia
No documento, de 175 páginas, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos afirma que, desde 2019, Gladson Cameli comanda um esquema de fraude em licitações. A PGR aponta fraudes ou direcionamento em pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do Acre. O prejuízo estimado é de R$ 150 milhões.
A PGR afirma que o esquema começou a operar em 2019, quando o governo do Acre assinou um contrato de manutenção predial com uma empresa de engenharia, no valor de R$ 24,3 milhões.
Gladson Cameli (PP) durante posse no cargo de governador, em 1º de janeiro de 2023.
Diego Gurgel/Secom
De acordo com a denúncia, “um dia após celebrar contrato milionário com o Estado do Acre, a empresa sem qualquer know-how específico da localidade de execução dos serviços, contratou indiretamente e de forma velada a empresa do irmão do governador, a qual igualmente não possuía atividade no Estado do Acre e passou a receber vantagens advindas da execução do pacto com o governo estadual”.
A PGR afirma que “as evidências são claras de que Gledson Cameli, irmão do Governador, conhecia a empresa e realizou com seus sócios e os demais coautores um pacto para dividir a execução e os lucros decorrentes do contrato”.
Pelo menos R$ 4,4 milhões teriam sido repassados às empresas controladas direta ou indiretamente pelo irmão do governador, segundo a PGR.
A denúncia indica que, a partir do direcionamento deste contrato, houve um sobrepreço R$ 8,8 milhões e um superfaturamento de R$ 2,9 milhões. A PGR destaca a participação de outros agentes públicos no esquema, entre eles o secretário de Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.
Durante a investigação, a PGR identificou nove transferências de valores entre a construtora contratada pelo governo do Acre e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão. A denúncia diz ser “inegável o desvio dos recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas foram desviados em favor de familiares do Governador do Estado”.
A PGR afirma que o dinheiro desviado beneficiou diretamente o governador do Acre e parentes dele. Segundo a Procuradoria, as empresas investigadas pagaram parcelas do financiamento de apartamento de luxo Gladson Cameli, em São Paulo, parcelas do financiamento de um carro de luxo dele e propina para Eládio Messias Cameli Júnior, irmão do governador.
Reveja abaixo vídeo do JN de março deste ano, sobre operação da PF que teve Cameli como um dos alvos:
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Quem é Gladson Cameli
Cameli foi reeleito governado do Acre na eleição de 2022, derrotando o candidato Jorge Viana (PT). É bacharel em engenharia civil desde 2001 e formado pelo Instituto Luterano de
Ensino Superior de Manaus Ulbra, no Amazonas. Sua trajetória política vem de família, já que é sobrinho do ex-governador do estado Orleir Cameli.
Ele entrou na vida pública aos 28 anos, quando foi eleito pela primeira vez deputado federal com 18.886 votos. Em 2010, foi eleito pela segunda vez deputado federal com 32.623 votos. Em seu segundo mandato como deputado federal, fez parte da Comissão da Amazônia por meio da indicação da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra).
Foi filiado ao PFL durante (2000-2003) e ao PPS durante (2003-2005). É filiado ao Progressistas desde 2005.
No Senado, Cameli foi membro de diversas comissões, entre elas a Comissão de Serviços de Infraestrutura, Comissão Senado do Futuro, Comissão Especial de Desenvolvimento Nacional, Comissão de Educação e Cultura e Esporte.
VÍDEOS: g1

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