Com cheia do Rio Acre, arraia aparece em calçadão da capital; veja vídeo


Caso foi registrado no Calçadão Raimundo Escócio, no Centro de Rio Branco, na noite de domingo (3). Arraia tem veneno e ferroada pode ser fatal para seres humanos. ‘Difícil de retirar uma vez que atinge um alvo’, explica biólogo. Com cheia do Rio Acre, arraia aparece próximo a pessoas na capital; veja vídeo
A cheia do Rio Acre trouxe um visitante surpresa ao Mercado Velho de Rio Branco, no Centro da capital acreana. Um vídeo feito no último domingo (3), mostra uma arraia adulta quase saindo da água e circulando pela área do Calçadão Raimundo Escócio, próximo ao Novo Mercado Velho, enquanto era observada por comerciantes e demais curiosos que estavam no local.
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A arraia é um peixe cartilaginoso e faz parte da mesma família dos tubarões. Diferentes espécies são adaptadas para vida no mar e em áreas de água doce como rios e lagos. Elas são abundantes na Região Amazônica e velhas conhecidas das populações ribeirinhas, que temem um encontro com seus ferrões.
“A arraia é um tipo de animal peçonhento. Ela tem um ferrão na parte posterior do corpo, composta de uma cauda e pode inocular um veneno. Esse ferrão é praticamente um espinho e [age] como um anzol e é difícil de retirar uma vez que atinge um alvo”, explica o biólogo Paulo Bernade.
Uma pessoa ferida pelo ferrão de uma arraia pode ainda ter complicações causadas por infecções bacterianas que podem provocar até mesmo necrose na área atingida. Por isso, Bernarde enfatiza que é necessário tomar cuidado ao se aproximar do animal, principalmente durante este período de cheia.
Em 2006, uma arraia foi responsável pela morte, aos 44 anos, do ambientalista australiano Steve Irwin, conhecido mundialmente como o caçador de crocodilo. O incidente ocorreu quando Irwin filmava um documentário.
Steve Irwin, conhecido como caçador de crodilos morreu após encontro com arraia na Austrália
Reprodução
O homem, que era acostumado a lidar com alguns dos animais mais perigosos do mundo, sofreu o ataque quando mergulhava em um arrecife na região de Port Douglas no norte da Austrália. O ambientalista passava por cima de uma arraia, quando o animal levantou seu ferrão e o atingiu no peito e chegando até o coração. Ele chegou a ser resgatado de helicóptero por paramédicos, mas não resistiu.
Paulo Bernade ressalta que manter uma distância segura é essencial ao lidar com arraias e existem alguns protocolos que devem ser seguidos para evitar acidentes.
“Quando estiver entrando no ambiente aquático, como um lago ou rio, é bom utilizar um pedaço de pau primeiro para verificar se não há nenhum animal embaixo da areia. Isso diminui a chance de levar uma ferroada. E também cuidado ao descer ou entrar em um barco”, ressalta.
Arraia
As arraias são peixes que possuem corpos achatados. São animais carnívoros e se alimentam de outros peixes. Nos rios acreanos, o mandi, uma espécie de peixe ama, é uma de suas principais presas.
Acidentes com arraias são muito comuns na Região Amazônica e representam 88% dos casos de acidentes com arraias em todo o Brasil. Os acidentes com arraias ocorrem principalmente na época seca, provavelmente devido ao maior uso das praias pelas pessoas e pelas próprias arraias, que costumam ficar camufladas na areia e nas águas rasas das margens dos rios, o que dificulta que elas sejam vistas.
Arraia foi flagrada no Mercado Velho de Rio Branco durante cheia do Rio Acre
Reprodução
Apesar dos acidentes com arraias serem comuns na região, ainda não existe antídoto e nem tratamento específico para a ferroada, principalmente pela complexidade do veneno que muda de composição mesmo dentro de uma mesma espécie.
De acordo com o Bernarde, no entanto, uma forma de aliviar os efeitos de um ataque é mergulhar a área atingida em água quente, já que isso ajuda a dilatar os vasos sanguíneos e também contribuí para diluir o veneno, diminuindo a dor até que a pessoa consiga chegar até uma unidade de saúde para receber tratamento adequado.
Rio Acre
O nível do Rio Acre chegou à marca de 17,84 metros na medição das 6h desta terça-feira (5), segundo a Defesa Civil de Rio Branco. Com isso, a capital, está a menos de 60 centímetros da maior cota histórica já registrada, de 18,40 metros em 2015. O nível se manteve às 9h.
Essa já é a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971.
O Rio Acre alcançou a maior marca de todos os tempos em 4 de março de 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pelo avanço das águas. O Governo Estadual decretou situação de emergência e estado de calamidade pública, que foram reconhecidos pelo Governo Federal. O manancial ficou 32 dias acima da cota de alerta, que é de 13,50 metros.
Em 2024, já são 45 bairros e 18 comunidades rurais atingidos pela cheia em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas precisaram deixar suas casas segundo a prefeitura da capital, com dados desta segunda (4).
Cheia no Rio Acre atinge 7 municípios
Arte g1
Nesta segunda-feira (4), uma comitiva do governo federal chegou ao Acre para dar assistência aos atingidos pela cheia. Vieram, entre outros, o ministro de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
O Governo Federal liberou ainda mais de R$ 20 milhões para as ações de assistência aos atingidos pelas enchentes no Acre, na capital e no interior do estado. As portarias foram publicadas nas edições dos dias 29 de fevereiro e esta segunda-feira (4) no Diário Oficial da União (DOU). Para capital Rio Branco foram destinados mais de R$ 4 milhões.
VÍDEOS: g1

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