Erosão em calçadão no Centro de Rio Branco se intensifica e preocupa população: ‘Medo de desabar’


Espaço no Novo Mercado Velho apresenta grandes rachaduras e compromete estabelecimentos, que registram baixa nas vendas. Na última semana, decreto de emergência por conta das erosões foi publicado. Calçadão do Novo Mercado Velho apresenta rachaduras e erosões ocasionados por conta da cheia e seca do Rio Acre
Vitória Guimarães/Rede Amazônica
Quase uma semana após o governo do Acre decretar emergência por causa das erosões registradas no leito do Rio Acre, em Rio Branco, a situação se agrava no Calçadão do Novo Mercado Velho, no Centro da cidade. Isto porque a população se arrisca ao trafegar no local, que apresenta grandes rachaduras e compromete a estrutura física de estabelecimentos.
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Este é o caso relatado pela comerciante Izyani Arruda. Ela relatou a insegurança de trabalhar nesta situação, bem como a queda nas vendas por conta dos riscos de desabamento no local.
“Tinha bastante cliente, frequentavam bastante os familiares, então quebrou o faturamento, as vendas e tudo. A gente, querendo ou não, fica com medo de desabar, e todo mundo que a gente trabalha aqui, até as pessoas mesmo que frequentam, ficamos com aquela preocupação”, disse.
A população também teme os riscos do local. A dona de casa Maria Cristina contou que evita transitar na região deteriorada.
“Essa situação é triste. Muitas famílias vêm para cá tomar um sorvete e passear com a família, mas desse jeito que está não tem como, tá um perigo para a população”, frisou.
O Calçadão, que fica no Centro da capital, é um dos principais pontos turísticos de Rio Branco. No dia 12 de julho, parte do espaço, mais precisamente 270 metros, foi interditado por conta dos riscos para a população. Duas semanas antes, a Passarela Joaquim Macêdo, também na mesma região, foi interditada pelo mesmo motivo.
“É uma área de aproximadamente 250 metros que está se movimentando, devido às últimas inundações, satura muito o solo e quando a inundação baixa com muita velocidade, ela leva consigo todo esse maciço. O procedimento agora é fazer um laudo e analisar as soluções para conter essa movimentação aqui de solos, não somente conter, mas todas essas informações para futuras obras aqui, porque a gente tem que fazer uma obra segura, que no futuro ela não venha a causar novamente essa movimentação de máximo”, disse o coordenador da Defesa Civil estadual, coronel Carlos Batista.
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O doutor em Engenharia de Água e Meio Ambiente, Tarcísio Fernandes, também apontou a cheia como uma das causadoras da erosão.
“A medida que a gente avança para esses cenários de mudança climática que tem potencializado as frequências desses eventos extremos, a perspectiva que temos não é tão boa em relação a esse espaço, se a gente tiver realmente uma alagação no próximo ano em um outro evento desse. A gente não sabe até quando essa estrutura aqui vai suportar tamanho e impacto seguidos”, alertou.
Calçadão do Novo Mercado Velho apresenta rachaduras e erosões ocasionados por conta da cheia e seca do Rio Acre
José Rodinei/Rede Amazônica
Erosões
O decreto de nº 11.524, referente às erosões, foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e considera a constatação em várias áreas situadas nas margens dos leitos dos dois mananciais nas últimas semanas.
Em Rio Branco, o documento aponta para o rompimento de calçadas, movimentação do Calçadão do Novo Mercado Velho e ‘potencial risco aos prédios históricos e construções vizinhas’, ocasionados pelas sucessivas reduções no nível do Rio Acre, que banha a capital acreana.
O decreto pontua estes dois tópicos e frisa para o que chama de fenômeno classificado e codificado como ‘desastre natural geológico’.
“Estas áreas sofrem com a alternância de períodos de cheias e secas e, com o avanço e retrocesso do nível d´água, material sedimentar, detritos e resíduos são carreados aos Rios, entupindo os drenos e canais de drenagem, contribuindo fortemente para a formação de espaços vazios que causam voçorocas e movimentações de massa, as quais vêm ocorrendo de forma progressiva e considerável”, destaca o documento.
Passarela Joaquim Macedo é interditada por tempo indeterminado em Rio Branco
Marcos Vicentti/Secom
Rio Acre
Em situação de emergência desde o dia 11 de junho por conta da seca antecipada, o Rio Acre, principal afluente do estado, está abaixo de 2 metros na capital há mais de 40 dias. Nesta terça-feira (30), o manancial marcou 1,49 metro, sendo este o menor registro em 2024 até então, e o pior para o período nos últimos cinco anos.
A baixa do nível do Rio Acre também trouxe problemas na Estação de Tratamento de Água II (ETA II), responsável pelo abastecimento de mais de 60% da cidade de Rio Branco, o que compreende um universo de mais de 250 mil pessoas espalhadas por mais de 50 bairros. Na última quarta-feira (24), parte da ETA II desabou e afetou na distribuição de água.
Estação de Tratamento de Água (ETA 2) desaba em Rio Branco nesta quarta-feira (24)
Em julho, o Rio Acre começou marcando 1,77 metro. Houve aumento no nível em apenas cinco dias, mas nenhuma subida significativa, segundo a Defesa Civil municipal, que classifica como oscilação. O único dia que choveu este mês foi em 8 de julho, quando houve o registro de 58,6 milímetros na capital. Em todos os outros, não teve mais nenhum registro sequer com chuvas em Rio Branco.
Toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo para seca, agravado em razão da falta de chuvas na região. Esta situação generalizada, ou seja, na capital e em municípios onde passa o Rio Acre, perdura há pelo menos um mês.
Em agosto, o manancial começou medindo 1,47 metro. Até esta segunda-feira (5), não houve registro de chuvas. (Veja medições abaixo)
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