Nova gestão do CFM tem médicos contrários ao aborto, defensores da cloroquina e presentes nos atos de 8/1


Conselho é o órgão que fiscaliza a atividade médica e que pode agir mudando regras de atendimento, como no caso da assistolia fetal para abortos com mais de 22 semanas. Sede do Conselho Federal de Medicina
CFM
O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou os conselheiros eleitos para os próximos cinco anos. A lista inclui médicos que defenderam a cloroquina como tratamento durante a pandemia, participaram dos atos golpistas de 8/1 e que são contra o aborto.
➡️ O conselho é o órgão que fiscaliza a atividade médica. Por exemplo, se um profissional age fora das normas, com uma conduta inadequada, ele pode ser denunciado por pacientes ou pelo órgão, que investiga e pode punir o profissional.
E você pode se perguntar, como isso pode afetar a sua vida? Para além da fiscalização, o conselho ainda pode, a partir de ações na Justiça, por exemplo, mudar condutas no atendimento. É o caso da assistolia fetal, um procedimento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para casos de aborto legal acima de 22 semanas.
O CFM não pode mudar o que diz a lei brasileira, que não prevê prazo máximo para interromper a gravidez de forma legal, mas a norma traz impacto para os médicos, gerando um estado de insegurança e até a perda do registro.
Os conselheiros eleitos por estado iniciam o mandato em outubro, quando também se reúnem para definir o novo presidente, que é quem terá poder a nível nacional.
Eleição em meio à polêmica do aborto
A eleição ocorre em meio à polêmica sobre o aborto no país. Em abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma norma proibindo médicos de realizarem a assistolia fetal em “casos de aborto previsto em lei decorrentes de estupro”.
O procedimento é recomendado para casos de aborto legal acima de 22 semanas. Segundo especialistas ouvidos pelo g1, a norma representa mais uma barreira para as vítimas de estupro que buscam o aborto legal.
Dos 27 conselheiros eleitos, nove se posicionaram publicamente contra o aborto, incluindo o tema em suas propostas. Alguns deles não se limitaram ao debate sobre assistolia, mas também se declararam contra o aborto, “em defesa da vida desde a concepção”.
Entre os eleitos com chapas contrárias ao aborto está Raphael Câmara Parente, que foi relator da norma do CFM. Ele foi eleito pelo Rio de Janeiro.
Defesa da cloroquina e presença no 8/1
Em São Paulo, o conselheiro eleito é o infectologista Francisco Eduardo Cardoso Alves, que defendeu o uso da cloroquina no tratamento contra a Covid-19. A declaração foi feita durante sua participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, em 2021. O tratamento não teve eficácia comprovada contra a doença.
No Distrito Federal, a médica eleita é Rosylane Rocha. Ela esteve presente nos atos golpistas de 8/1 e chegou a ser investigada por sua participação.
No Mato Grosso do Sul, o novo conselheiro é Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do CFM na gestão 2019-2022. Durante a pandemia, a entidade foi bastante criticada. Em 2021, o MPF abriu investigação contra o CFM porque órgão teria sido conivente com uso do ‘kit Covid’, conjunto de remédios, como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, ineficazes contra a doença. A gestão de Mauro Luiz de Britto Ribeiro presidente também foi citada na CPI da Covid.
Veja a lista dos conselheiros eleitos por estado:
ACRE: Dilza Teresinha Ambros Ribeiro
ALAGOAS: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti
AMAPÁ: Eduardo Monteiro De Jesus
AMAZONAS: Ademar Carlos Augusto
BAHIA: Maíra Pereira Dantas
CEARÁ: José Albertino Souza
ESPÍRITO SANTO: Carlos Magno Pretti Dalapicola
GOIÁS: Waldemar Naves Do Amaral
MARANHÃO: Nailton Jorge Ferreira Lyra
MATO GROSSO: Diogo Leite Sampaio
MATO GROSSO DO SUL: Mauro Luiz De Britto Ribeiro
MINAS GERAIS: Alexandre De Menezes Rodrigues
PARÁ: Hideraldo Luis Souza Cabeca
PARAÍBA: Bruno Leandro De Souza
PARANÁ: Alcindo Cerci Neto
PERNAMBUCO: Eduardo Jorge Da Fonsêca Lima
PIAUÍ: Yáscara Pinheiro Lages Pinto
RIO DE JANEIRO: Raphael Camara Medeiros Parente
RIO GRANDE DO NORTE: Jeancarlo Fernandes Cavalcante
RIO GRANDE DO SUL: Carlos Orlando Pasqualotto Fett Sparta De Souza
RONDÔNIA: José Hiran Da Silva Gallo
RORAIMA: Domingos Sávio Matos Dantas
SANTA CATARINA: Graziela Schmitz Bonin
SÃO PAULO: Francisco Eduardo Cardoso Alves
SERGIPE: José Elerton Secioso De Aboim
TOCANTINS: Estevam Rivello Alves
DISTRITO FEDERAL: Rosylane Nascimento Das Mercês Rocha
Eleição e partidarização do CFM
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