Pai acusa professor de jiu-jitsu por discriminar criança autista de 9 anos no AC: ‘Começou a chorar’


Pedro Mariano, pai da criança, disse que o menino foi impedido de continuar frequentando as aulas por supostamente estar ‘causando medo nas outras crianças’. Caso ocorreu em Rio Branco e repercutiu nas redes sociais nesta quarta-feira (7). Pedro Mariano é pai de uma criança autista de 9 anos, e disse que menino foi impedido de continuar fazendo aulas de jiu-jitsu no Acre
Arquivo pessoal
O médico Pedro Mariano denunciou nas redes sociais que o filho autista de 9 anos sofreu preconceito de um professor durante uma aula de jiu-jitsu em uma academia de artes marciais em Rio Branco. O g1 entrou em contato com a escola e aguarda retorno.
O caso ocorreu na última quarta-feira (7), durante a segunda aula do menino. Segundo o pai da criança, na primeira aula o menino correu no tatame para poder se concentrar e, então, praticar os exercícios do esporte.
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Após isto, ele conta que já na segunda aula, nesta semana, o professor da modalidade, José Roberto, abordou a criança e o pai, e então comunicou que o menino não poderia mais frequentar as aulas na academia porque ‘ele estava causando medo nas outras crianças’. Segundo o pai, o menino saiu chorando do local.
“Eu aproveitei a minha folga para levá-lo ao treino das 16h20. Ao chegar no local, já percebi a falta de acolhimento. Meu filho fica eufórico no primeiro momento, demora alguns minutos para se regular, mas não é agressivo […] ele entrou no tatame, correu rindo, todos fizeram que ele não estava ali, não deu nenhum tipo de atenção. Logo o professor José Roberto me chamou e pediu para se retirar, por que as crianças iriam ficar com medo”, disse ao g1.
Pedro fala ainda que teve que sair da academia após o ocorrido. Na ocasião, disse que se viu frágil e deprimido, mesmo já tendo passado por situações semelhantes com o filho.
“Meu filho ficou olhando para mim com um olhar de ‘o que está acontecendo papai?’. Porém ele não fala, logo depois levei ele para casa, onde ele não quis sair do carro, fiquei conversando com ele, dando apoio e dizendo que ele não deveria abaixar a cabeça pra ninguém que o tratar mal, ele começou a chorar, nesse momento pedi força a Deus, sou um homem de muita fé e sabia que Deus estava comigo”, complementou.
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Diante da situação, o médico destaca que resolveu desabafar nas redes sociais. Disse ainda que irá entrar com uma ação na Justiça.
“Postei um vídeo em uns dias anteriores, onde ele andava feliz com seu patinete, depois desse episódio ele entrou em crise e foi difícil para regular ele. Tive que fazer um vídeo para desabafar nas redes sociais, nunca tinha me exposto assim, mas não tive outra alternativa. Não é só o meu filho a questão, mas todas as crianças e adultos com espectros diferentes, transtornos mentais”, finalizou.
‘Batalha’
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A luta para que o menino tivesse qualidade de vida começou cedo, quando ele foi diagnosticado com Síndrome de West, que se manifesta como uma forma grave de epilepsia em crianças, em geral com menos de um ano de idade.
A partir de então, ele começou a prestar atenção a alguns gestos da criança. Após o diagnóstico médico, a rotina da criança passou a ser baseada em terapias com profissionais da área da saúde.
“Já vem muitos anos que a gente vem nessa batalha, muita luta, e sempre sofri preconceito junto com ele, mas sempre fui forte. Mas chega uma hora que você não é mais”, falou, emocionado.
Autismo
De acordo com o Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio de neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e interação social, além de padrões de comportamentos repetitivos, entre outros. A causa do transtorno do espectro autista ainda não é conhecida.
O diagnóstico do TEA é clínico, feito a partir das observações da criança, aplicação de instrumentos específicos e bem como a entrevista com os pais.
VÍDEOS: g1

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