Brinquedos sexuais e HIV: infectologista lista cuidados para evitar infecção pelo vírus


Quem tem HIV, tem Aids? Veja os mitos e verdades sobre o assunto. Na região de Piracicaba (SP), foram notificados 75 novos casos de infecção por HIV, São 58 homens e 17 mulheres. Brinquedos sexuais podem transmitir HIV se usados sem proteção
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No início da década de 80, quando surgiram os primeiros casos de HIV, o vírus que pode desenvolver a Aids, a opções de tratamento eram mais restritas e o diagnóstico soava como uma sentença de morte. Passados 40 anos, a doença ainda não tem cura, mas os avanços na descoberta e introdução de medicamentos revolucionaram o controle e prevenção da infecção. Alguns mitos sobre como se pega a doença, porém, ainda prevalecem. Você sabia que é a transmissão do vírus pode ocorrer durante o uso inadequado de brinquedos sexuais? – Veja orientação de infectologista, abaixo.
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A Secretaria de Saúde de São Paulo listou os principais mitos e verdades sobre o assunto, bem como orientações para evitar a infecção pelo HIV. Confira, abaixo:
1. HIV pode ser prevenido?
✅Verdade. Use preservativo de forma consistente, adote a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e a PEP (Profilaxia Pós Exposição) quando necessário, utilize sempre equipamentos de injeção ou tatuagem de uso único (descartável), evite compartilhar agulhas, realize testagens periódicas e mantenha o tratamento em dia. A Secretaria reforça: ‘indetectável é igual a zero risco de transmissão!’
2. Beijo na boca transmite o HIV?
❌Mito. O risco de transmissão do HIV só ocorre na presença de lesões com sangue e outras portas de entrada entre as pessoas. O contato com a saliva não transmite o vírus da imunodeficiência humana.
3. É possível contrair HIV por meio de brinquedos sexuais?
✅Verdade. Apesar de raro, é possível sim contrair HIV por meio de brinquedos sexuais, principalmente em casais de mulheres, pois muitas vezes há secreções que entram em contato com a mucosa.
4. Crianças podem ter HIV?
✅Verdade. A infecção pode ocorrer de formas diferentes, por transmissão vertical, que acontece dentro do útero, durante o parto ou no aleitamento materno e abuso sexual.
5. Pessoas com HIV vão ter filhos com HIV?
❌Mito. A pessoa que está em tratamento regular e com a Carga Viral indetectável não transmite o HIV. Se o pré-natal for feito de forma adequada e a criança tiver o acompanhamento adequado, isso vai diminuir muito a chance de transmissão. Existem várias estratégias que permitem que homens e mulheres vivendo com HIV tenham filhos livres do vírus.
6. Quem tem HIV tem AIDS?
❌Mito. A AIDS é causada pelo vírus da imunodeficiência humana, conhecido pela sigla HIV, mas nem todas as pessoas que têm o vírus desenvolvem a doença. É possível viver durante anos sem apresentar sintomas. Ainda assim, pessoas que vivem com HIV, que não estão com carga viral controlada (menor que 200 cópias ou indetectável) podem transmitir o vírus, sendo essencial se prevenir.
7.    O teste do HIV pode dar falso negativo?
✅Verdade. Se a pessoa teve exposição sexual desprotegida recente, o resultado pode não ser confiável. Os testes rápidos utilizados detectam a infecção pelo HIV em torno de 4 semanas após a exposição (janela imunológica). Por isso, o teste deve ser repetido após um mês da exposição
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) previne infecção pelo HIV
Reprodução/EPTV
Em entrevista ao g1, o médico Hamilton Bonilha, infectologista do Instituto de Vacinação e Infectologia de Piracicaba (SP), no interior de São Paulo, disse que o medo de contrair o vírus diminuiu após o surgimento de medicamentos de alta potência.
“Após a introdução dos medicamentos de alta potência contra o HIV, que tiveram impacto significativo na evolução da doença, o receio na aquisição do vírus reduziu drasticamente e, consequentemente, as formas de prevenção, resultando em uma maior liberdade sexual, inclusive em idosos”, comenta.
Neste cenário, o infectologista faz recomendações para evitar a infecção pelo HIV:
uso de preservativo de forma consistente
medicamentos que podem ser utilizados antes (PrEP = Profilaxia Pré-Exposição) e após a relação sexual de risco (PEP = Profilaxia Pós Exposição) que são disponibilizados gratuitamente nos Centros de Referência do SUS
evitar uso de brinquedos sexuais sem proteção principalmente em casais de mulheres, pois pode haver contato de secreções em mucosas lesadas pelo trauma
evitar compartilhamento de agulhas e seringas
“São medidas fundamentais para minimizar o risco de adquirir esta doença, que apesar de atualmente ser de fácil controle, ainda mantém o estigma e a discriminação”, reforça.
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HIV: casos entre pessoas com mais de 50 anos
As notificações de novos casos de HIV em pessoas com mais de 50 anos nas 26 cidades abrangidas pelo Departamento Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba (SP), tiveram ligeiro aumento entre janeiro e junho de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023.
📈Nos seis primeiros meses de 2023, foram notificados 84 novos casos, dos quais 10 foram de pessoas entre 50 e 69 anos. No mesmo período de 2024, embora registrada uma redução no número total de notificações, quando do DRS aponta 75 casos, houve um aumento de registros entre as faixas etárias entre 50 e 69 anos, com 13 ocorrências.
Ainda que os índices não indiquem patamar alarmante, a alta chama a atenção porque segue na contramão dos números gerais, ao considerar todas as faixas etárias acima dos 13 anos, em que é registrada queda nos dois períodos comparados.
Sexualmente ativos
O médico Hamilton Bonilha comenta redução no número de casos no geral ao aumento nas faixas etárias acima de 50 anos.
“Ao analisarmos os dados dos mesmos períodos de 2023 e 2024 constata-se uma redução em 5% na faixa etária abaixo de 50 anos, um aumento de 5% nos acima desta mesma idade e uma diminuição em 7% de mulheres contaminadas”, aponta.
O médico ressalta fato de a maioria dos casos ocorrer em pessoas com idades consideradas sexualmente ativas. “Apesar das oscilações que ocorrem anualmente referente as incidências entre as faixas etárias, é fato que o maior número de casos acontece em pessoas com vida sexual ativa, principalmente entre 30 e 39 anos, que são os mais prevalentes nos dois períodos”, aponta.
Casos por idade
Dados do Centro de Referência e Treinamento (CRT/IST-AIDS) do Estado de São Paulo informa apontam que, até o dia 30 de junho de 2024, foram notificados 75 novos casos de infecção por HIV em pessoas com mais 13 anos nas cidades abrangidas pelo DRS Piracicaba. São 58 homens e 17 mulheres.
Quanto à faixa etária, os números de notificações em 2024 são:
13 e 14 anos: 1 pessoa
15 e 19 anos: 3 pessoas
20 e 24 anos: 10 pessoas
25 e 29 anos: 17 pessoas
30 e 39 anos: 21 pessoas
40 e 49 anos: 10 pessoas
50 e 59 anos: 10 pessoas
60 e 69 anos: 3 pessoas
Já no período entre janeiro e junho de 2023, ocorreu a notificação de 84 novos casos de infecção por HIV em pessoas com mais de 13 anos nas cidades abrangidas pelo DRS Piracicaba, dos quais 25 são mulheres e 59 são homens.
Quanto à faixa etária, os números de notificações em 2023 são:
Até 14 anos: sem registros
15 e 19 anos: 3 pessoas
20 e 24 anos: 16 pessoas
25 e 29 anos: 16 pessoas
40 a 49 anos: 15 pessoas
60 e 69 anos: 4 pessoas
Dados estaduais
Os dados mais recentes, divulgados pela Secretaria de Saúde de São Paulo ao g1, de janeiro a junho de 2024, o estado registrou 2.912 casos de HIV. Entre 2014 e 2023, a taxa de incidência da doença caiu 28%, passando de 18,6 casos por 100 mil habitantes-ano, em 2014, para 13,4 casos por 100 mil habitantes-ano, em 2023.
Aids
Em Piracicaba (SP), os casos notificados de Aids tiveram ligeiro aumento entre 2020 e 2023, quando o país passava pela pandemia de Covid-19, segundo dados mais recentes disponibilizados no Painel de Indicadores Epidemiológicos do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde. Em 2024, de janeiro a junho, a cidade registrava 34 casos. A marca já ultrapassava a metade das ocorrências nos anos anteriores.
Em Limeira (SP), os casos de Aids também tiveram pequeno aumento entre 2020 e 2023. Nos seis primeiros meses de 2024, o município somava 23 notificações.
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