É preso o suspeito de participar de ataque em Tremembé que causou o assassinato de 2 sem-terra

A Polícia Civil anunciou que prendeu, neste sábado (11), um homem suspeito de participar do ataque em Tremembé, no interior de São Paulo, que resultou na morte de dois sem-terra e deixou outros seis feridos.

Ataque em Tremembé deixa dois mortos

Ataque ao MST envolveu cerca de dez homens que invadiram o assentamento utilizando cinco carros e duas motos – Foto: Divulgação/Arquivo e Memória MST/ND

Suspeito de participar de ataque em Tremembé é preso

Segundo relato do delegado Marcos Ricardo Parra, chefe da seccional de Taubaté, o preso teria admitido envolvimento no caso. Sua identidade não foi revelada pela polícia. As informações foram confirmadas pela reportagem.

O homem preso tem 41 anos e teria sido apontado por sobreviventes do ataque que o viram no local. Durante a ação, o grupo não usou máscaras e o homem identificado é conhecido dos sem-terra.

A Polícia ainda tenta identificar os demais envolvidos no ataque ao assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). O governo federal acionou a Polícia Federal para também investigar o caso. A ordem partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Logo da Polícia Federal

Polícia Federal também está investigando o ataque em Tremembé- Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil/ND

Altamir Bastos, assentado no Nova Esperança 1, em São José dos Campos, e dirigente regional do MST, diz que o ataque em Tremembé começou por causa da tentativa de invasão de um lote identificado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como desocupado.

Segundo ele, nos últimos dias, os invasores notaram que o lote estava desocupado e tentaram se apropriar dele. “Durante a semana, eles já tinham ido lá e retirado a bomba do poço que abastecia todo o assentamento”, contou Altamir.

Na noite de sexta-feira (10), o dirigente recebeu uma ligação de uma assentada relatando o ataque. Ao fundo, era possível ouvir o som dos tiros. “Nós tínhamos 15 pessoas fazendo a vigília no lote. Por volta das 23h15, chegaram cerca de cinco carros com esses marginais, que desceram do carro literalmente atirando. Eles estavam atirando para matar, mirando na cabeça”, relata ele.

Imagem dos dois homens que morreram em ataque em Tremembé

Valdir Nascimento e Gleison Barbosa de Carvalho morreram no local – Foto: Divulgação/MST/ND

Altamir diz que quatro integrantes do MST foram atingidos com tiro na cabeça. Pelo menos dois morreram. Os criminosos, segundo o dirigente, portavam diferentes armas, como espingarda e revólver.

“Na correria, algumas pessoas acabaram, por sorte, caindo no chão e não levaram tiro. Um jovem, entre 18 e 19 anos, conseguiu fugir e se esconder no meio do mato. Ele viu um desses marginais com um equipamento de iluminar o local, procurando pessoas para matar e dizendo que iria matar todos ali. Depois de alguns instantes, os criminosos saíram do local e logo em seguida retornaram, atirando de novo, só que dessa vez de dentro dos carros.” Segundo Altamir, integrantes do movimento levaram os feridos ao hospital. A polícia e a ambulância chegaram logo em seguida.

“Foi tudo muito rápido. Eles chegaram para exterminar, aniquilar todos que estavam ali. A intenção deles era claramente nos intimidar, porque combatemos publicamente a venda dos lotes. Isso está acontecendo em todos os assentamentos do Vale do Paraíba.”

O velório foi marcado para as 8h deste domingo (12), no Velório Municipal de Tremembé, São Paulo. Em uma publicação nas redes sociais, a página do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra declarou: “Seguiremos lutando em memória dos nossos companheiros e por justiça para quem ousa sonhar e lutar por terra, vida e dignidade!”.

O Mdhc (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) prestará suporte e irá oferecer proteção às lideranças e moradores do Assentamento Olga Benário, espaço ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

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