7 formas comprovadas de ajudar o planeta em 2025


O combate às mudanças climáticas é uma tarefa imensa, mas pequenas ações individuais podem ajudar a reduzir as emissões de carbono. O combate às mudanças climáticas é uma tarefa imensa, mas pequenas ações individuais podem ajudar a reduzir as emissões de carbono
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Pela primeira vez, o limite crítico de aumento de 1,5 ºC das temperaturas globais foi ultrapassado por um ano inteiro em 2024. O rápido aquecimento chama mais uma vez a atenção para a necessidade urgente de reduzir as emissões globais de carbono.
Grande parte do trabalho necessário para frear as mudanças climáticas vai além das possibilidades individuais de cada pessoa. É preciso fazer crescer a produção de energia renovável e suspender a extração de petróleo, gás e carvão.
Mas pesquisas indicam que as ações individuais também podem ser importantes.
Ocorre que, às vezes, esta parece uma tarefa assustadora e ficamos sem saber por onde começar.
Quais medidas podem realmente fazer a diferença de forma significativa?
Reunimos algumas das atitudes mais importantes que você pode tomar para viver uma vida mais sustentável em 2025. Elas variam desde comer mais alimentos de origem vegetal e reduzir o número de voos de avião até passar a usar mais roupas de segunda mão.
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1. Coma alimentos de origem vegetal
Calcula-se que, em 2033, o nosso pequeno planeta azul será habitado por dois bilhões de bois e vacas, um bilhão de porcos, 32 bilhões de aves e cerca de três bilhões de ovelhas — totalizando cerca de 38 bilhões de animais de criação.
Ao longo da vida, esses animais irão liberar metano e óxido nitroso, dois potentes gases causadores do efeito estufa. O efeito destas moléculas sobre o aquecimento do planeta é, respectivamente, 28 e 265 vezes maior do que o dióxido de carbono, sem falar nas imensas extensões de terra e da quantidade de água necessária para sua criação.
É consenso entre a comunidade científica que uma das medidas mais eficazes que a nossa espécie pode tomar para evitar o aumento cada vez maior das temperaturas do planeta é mudar o seu padrão alimentar, passando a comer menos carne.
Um estudo realizado no Reino Unido concluiu que a dieta vegana pode emitir apenas 25% das emissões de carbono das pessoas que comem maior quantidade de carne. Além disso, a alimentação vegana e ovolactovegetariana consome muito menos água para sua produção e causa menos danos à biodiversidade do que a dieta onívora.
A dieta vegana chega a emitir apenas 25% do carbono gerado pelas pessoas que comem maior quantidade de carne
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Em 2022, a editora da BBC Earth Martha Henriques (que é ovolactovegetariana) e a jornalista Zaria Gorvett (vegana) decidiram colocar à prova esta afirmação. Elas rastrearam as emissões de carbono das suas refeições ao longo de uma semana.
As jornalistas concluíram que a dieta vegana realmente tem menores emissões totais. Mas, em alguns dias da semana, a dieta ovolactovegetariana foi a vencedora.
E, surpreendentemente, a quantidade gerada de resíduos alimentares e os métodos de cozimento empregados a cada dia também causaram impactos significativos.
2. Evite viajar de avião
O setor de transporte é a maior fonte de emissões dos Estados Unidos. O setor é responsável por quase um terço do total de emissões de carbono do país e representa 16% das emissões globais.
Mudanças de infraestrutura são fundamentais para ajudar as pessoas a reduzir as emissões causadas pelo transporte, mas as ações individuais ainda podem trazer grandes progressos neste caminho.
Se você viaja de avião regularmente, o transporte provavelmente representa uma enorme parcela da sua pegada de carbono. Por isso, eliminar alguns voos é uma das melhores formas de viver com mais sustentabilidade.
Usar o trem, ônibus ou até o carro com mais de uma pessoa, quase sempre, reduz a emissão de carbono por quilômetro percorrido.
Reduzir os voos também irá provavelmente fazer você viajar para locais mais perto de casa, diminuindo ainda mais as emissões de carbono.

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Em 2024, uma das redatoras da BBC Future, Matilda Welin, chegou a substituir o avião pela bicicleta, em uma viagem entre Londres e a Suécia.
O custo e o tempo de viagem foram muito maiores do que o avião, mas a viagem foi “inesquecível”, permitindo que ela observasse o mundo “à velocidade humana”. Agora, ela sente que está preparada para outras viagens de bicicleta um pouco mais curtas, substituindo o carro e o trem.
Se você optar pelo carro, escolha um veículo pequeno, com menor consumo de gasolina e menos necessidade de energia e material para sua fabricação, reduzindo suas emissões de gases do efeito estufa. E os carros elétricos são benéficos para o clima, em comparação com os veículos movidos a combustíveis fósseis.
Independentemente do seu tipo de carro, dirigir menos pode trazer grandes benefícios, especialmente em viagens curtas que podem ser feitas a pé ou de bicicleta — o que também irá fazer bem para a saúde.
É claro que, se for possível, eliminar de vez o seu carro também é uma boa forma de reduzir as emissões de carbono.
3. Compre menos roupas
A moda é um grande fator que contribui para o aquecimento global. O setor é responsável por 8 a 10% das emissões globais, o que é mais do que a soma combinada da aviação e do transporte marítimo.
A cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de roupas é queimado ou enterrado em aterros, segundo a organização sem fins lucrativos Fundação Ellen MacArthur.
Como transformar nosso guarda-roupa em algo mais sustentável? Bem, o melhor a fazer é comprar menos roupas novas, especialmente produtos de fast fashion que, muitas vezes, são produzidos com materiais não sustentáveis.
Você pode alugar roupas, reciclar seu guarda-roupa atual ou comprar roupas usadas em brechós ou plataformas online.
Roupas renovadas ou de segunda mão compõem atualmente apenas 9% do guarda-roupas médio nos Estados Unidos. Mas os brechós estão crescendo mais do que qualquer outro canal de distribuição no setor de moda norte-americano. Espera-se que este mercado atinja cerca de US$ 90 bilhões (ao redor de R$ 550 bilhões) nos próximos 10 anos.
Lavar as roupas com menos frequência também pode ajudar a reduzir a pegada de carbono do seu guarda-roupas. Você irá reduzir o uso de energia e evitar que perigosos microplásticos cheguem aos cursos d’água.
Também é importante pensar no que fazer com suas roupas no final do ciclo de vida.
Reciclar completamente as roupas é difícil e apenas 1% dos produtos reciclados são transformados em novas peças. Mas você pode doar as roupas, vendê-las, passá-las para amigos ou transformá-las em projetos de artesanato.
Produtos jogados no cesto de lixo podem acabar em aterros ou ser incinerados, resultando em novas emissões de gases do efeito estufa.
Em vez de comprar produtos de ‘fast fashion’, é melhor alugar roupas ou comprar de segunda mão em brechós.
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4. Reduza a pegada de carbono do seu pet
Todos nós adoramos nossos animais de estimação. Mas as pesquisas indicam que criar animais nem sempre é a ação mais sustentável.
Os gatos, por exemplo. Eles podem produzir mais de três toneladas de CO2 ao longo da vida, o que equivale a dirigir um carro a gasolina por 12.070 km.
Felizmente, existem formas de reduzir a pegada de carbono das patas dos nossos animais. Uma opção é adotar fontes de proteína mais sustentáveis na sua alimentação.
A produção de peixe, por exemplo, causa um quarto das emissões em relação à criação de bois e carneiros.
Outra fonte de proteína alternativa que vem ganhando popularidade no setor de ração animal são os insetos. Eles podem ser alimentados com resíduos alimentares e apresentam alta taxa de conversão de alimentos em carne.
Uma forma simples e, talvez, surpreendente de tornar seu adorado cãozinho mais sustentável é adotar sacos reciclados para a coleta das suas fezes — ou alternativas compostáveis, que apresentam impacto climático surpreendentemente menor — para substituir os sacos plásticos descartáveis.
5. Analise alternativas de aquecimento
Manter nossas casas e edifícios quentes no inverno é um dos maiores desafios do setor de energia sustentável.
Os combustíveis fósseis ainda atendem 60% da demanda mundial de energia para aquecimento e as emissões continuam crescendo, apesar do aumento do uso de energia renovável no setor.
Para podermos desligar nossos aquecedores — ou pelo menos reduzir o termostato, por enquanto — o que podemos usar em substituição ao gás para manter nossas casas aquecidas com segurança?
Cientistas e engenheiros em Bruxelas, na Bélgica, examinaram o subsolo das ruas da cidade em busca do sistema de esgoto, para aquecer as construções. E um projeto similar em Vancouver, no Canadá, já ajuda a aquecer residências no subúrbio de False Creek.
Em outros lugares, centros de dados e o próprio corpo humano são outras possíveis fontes de calor que pode ser canalizado para reduzir o uso dos combustíveis fósseis.
Canalizar aquele convidativo calor residual, normalmente, é um projeto municipal ou distrital. Mas também estão surgindo opções de baixo uso de carbono para os indivíduos.
Em 2030, as bombas de calor poderão reduzir as emissões globais de CO2 em pelo menos 500 milhões de toneladas
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As bombas de calor passaram a ser uma das formas de aquecimento com uso mais eficiente de carbono, ao lado da energia térmica solar.
Os custos de instalação das bombas de calor sofreram leve declínio no mercado internacional e uma análise indica que eles devem cair um pouco mais até 2030. Seu custo inicial ainda é alto, mas 30 países oferecem incentivos financeiros para a instalação de bombas de calor.
A Agência Internacional de Energia estima que, até 2030, as bombas de calor poderão reduzir as emissões globais de CO2 em pelo menos 500 milhões de toneladas — o equivalente à emissão atual de carbono de todos os carros europeus por ano.
Enquanto isso, para quem ainda depende do aquecedor a gás, algumas medidas básicas podem aumentar sua eficiência e reduzir as contas de energia, como melhor isolamento, rolos para vedar portas e espessas cortinas.
6. Invista em aposentadoria verde
Quando discutimos a sustentabilidade, raramente pensamos nas nossas finanças pessoais. Mas a forma como economizamos, investimos e gastamos nosso dinheiro pode trazer consequências surpreendentes para o clima do planeta.
Os bancos são os maiores financiadores de combustíveis fósseis. O dinheiro que você coloca no banco não vai diretamente para aquele setor, mas os especialistas afirmam que ele pode fazer diferença para o seu aspecto social.
Se você não estiver satisfeito com as políticas atuais do seu banco, você pode tentar mudar seu dinheiro para uma cooperativa de crédito ou para o setor de financiamento imobiliário. Nestes casos, devido à sua forma de investimento, é menos provável que o seu dinheiro seja usado para financiar combustíveis fósseis.
Por outro lado, sua aposentadoria é uma das formas mais diretas que existem para fazer seus gastos ficarem mais verdes.
Os fundos de pensão são os maiores investidores do mercado global de capitais. Seus ativos totalizam mais de US$ 56 trilhões (cerca de R$ 342 trilhões), o que faz da sua aposentadoria uma ferramenta incrivelmente poderosa.
Ainda assim, as pessoas nem mesmo sabem onde sua aposentadoria é investida.
Uma boa medida para começar é perguntar à sua administradora de pensões quais são suas opções e políticas de sustentabilidade.
Pesquisas indicam que ações individuais somadas podem ajudar a combater o aquecimento global
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7. Reduza o consumo de plástico descartável
O plástico invadiu todos os setores da nossa existência. Microplásticos já foram encontrados no gelo marinho da Antártida, em animais que vivem nas fronteiras mais profundas do oceano, nos nossos alimentos e na água que bebemos.
Estima-se que a produção de plástico pelo menos dobre até 2050. E os resíduos plásticos nos Estados Unidos vêm crescendo continuamente desde 1960.
Se continuarmos consumindo plástico nos níveis atuais, sua produção poderá consumir 20% do petróleo extraído até 2050. E mais de 99% do plástico são produzidos com substâncias derivadas de combustíveis fósseis.
Eliminar completamente o plástico é difícil, mas podemos tomar medidas para reduzir o seu consumo. Isso ajuda não só o planeta, mas também nossa saúde, já que alguns tipos de plástico foram relacionados à infertilidade e problemas endócrinos.
Comprar legumes e verduras soltos é uma ótima forma de eliminar o plástico das nossas compras semanais. Mas, muitas vezes, ainda é preciso transportá-los em sacolas – que, normalmente, são de plástico.
A solução é levar nossa própria sacola reutilizável de tecido para as compras.
Fazendas espalhadas pelo Reino Unido estão instalando máquinas de venda de leite — e esta tendência está começando a se espalhar pela América do Norte. Nelas, é possível levar sua própria garrafa de vidro (ou comprar uma, ali mesmo) e enchê-la com leite fresco, eliminando o uso de embalagens descartáveis.
Você também pode começar a comprar em uma loja de resíduo zero. Nelas, você pode reabastecer seus produtos de limpeza e toalete sem consumir mais plástico.
Basta ter uma lata (comprada na própria loja ou uma embalagem de biscoitos reaproveitada), um dispensador de sabonete e uma garrafa com pulverizador para pedir novamente os produtos conforme sua necessidade. E eles são entregues em uma embalagem de papel.
Já os filmes plásticos podem ser substituídos por embalagens de cera de abelha. Elas são disponíveis em padrões lisos ou com belas estampas e podem ser usadas para sempre, desde que sejam revestidas com cera de abelha à medida que se desgastam.
A reciclagem dos utensílios de plástico é difícil, nos Estados Unidos e em outros países. Por isso, pense duas vezes se eles realmente são necessários ou carregue com você um kit de utensílios portáteis. Eles costumam ser oferecidos em práticas embalagens de transporte.
Esta medida também se aplica aos canudos. Os canudos de papel não são necessariamente melhores para o meio ambiente que os de plástico. Por isso, inclua um canudo reutilizável no seu kit!
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Earth.
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