Aos 40 anos, Bem Gil registra canções autorais em álbum solo que se impõe pela produção e natureza documental


Capa do álbum ‘Doc. Coadjuvista’, de Bem Gil
Ana Claudia Lomelino com arte de Celina Kuschnir
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Doc. Coadjuvista
Artista: Bem Gil
Cotação: ★ ★ ★
♪ A natureza do primeiro álbum solo de Bem Gil, Doc. Coadjuvista, desmente qualquer intenção de o artista carioca assumir o protagonismo reservado aos cantores. Como o próprio Bem ressalta, o disco tem caráter documental.
No álbum, o filho de Gilberto Gil se apresenta (temporariamente) como cantor no registro de oito canções autorais – cinco assinadas em parceria com o baterista Domenico Lancellotti – compostas nos últimos dez anos e gravadas por Bem Gil (voz, violão, guitarra e sintetizador) durante dois dias no fim de 2021, sem pré-produção, em espontâneas sessões de estúdio orquestradas por Bem com Bruno Di Lullo (baixo) e Domenico Lancellotti (bateria, percussão e guitarra) com a engenharia do som de Léo Moreira.
Embora seja estranho e atente contra a gramática ao inventar uma palavra, o título Doc. Coadjuvista sintetiza a essência documental do álbum de um artista que vem atuando como coadjuvante (importante) em projetos alheios, nas funções de produtor musical, arranjador, compositor e/ou instrumentista de discos de familiares e amigos.
Com exceção de Conte comigo, parceria de Bem com Marcelo Callado apresentada por Callado há cinco anos no álbum Saída (2020), as músicas permaneciam inéditas, sem registros fonográficos oficiais.
Parceria de Bem com Moreno Veloso, Sempre bela já estava em rotação desde 2019 no roteiro do show conjunto dos artistas. Sempre bela chega ao disco com a adesão vocal de Ana Claudia Lomelino, mulher de Bem Gil e autora da foto da capa do álbum, clicada em 2011 na casa mantida pela família Gil na região serrana do estado do Rio de Janeiro.
Com Tainá Machado, Lomelino faz o coro que eleva Sobe a maré, parceria de Bem com Domenico que se impõe como a música mais sedutora da safra compilada em Doc. Coadjuvista. Tainá Machado é a solista de Quando a noite vem (Bem Gil e Domenico Lancellotti), outro destaque do repertório.
Disco lançado ontem, 13 de janeiro, dia do 40º aniversário de Bem Gil, Doc. Coadjuvista valoriza o cancioneiro do artista com a excelência da produção musical e dos arranjos, perceptível já na primeira faixa, Pó e só (Bem Gil e Domenico Lancellotti), embalada com metais orquestrados pelo trombonista Everson Morais. Os sopros também floreiam Jardim de outono, música assinada por Bem com Domenico Lancellotti e Bruno Capinan em parceria tríplice.
A supremacia da produção musical e dos arranjos em relação às composições é reforçada com as audições de músicas como Salvador (Bem Gil e Domenico Lancellotti) e Pipito (Bem Gil e Bruno Di Lullo) em impressão que reitera a vocação primordial de Bem Gil na música brasileira.
Bem Gil registra cancioneiro autoral composto nos últimos dez anos no primeiro álbum solo, ‘Doc. Coadjuvista’
Divulgação
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