Teste rápido para detectar salmonella em alimentos é desenvolvido por pesquisadora em universidade do ES


Presença da bactéria pode ser identificada entre 8 e 12 horas após teste. Recurso pode ser utilizado por empresas na checagem de lotes de alimentos, como frango, leite, ovo, frutas. Bactéria salmonela (em vermelho) infecta células humanas em imagem de microscópio.
Pixabay
Um teste rápido para detecção da salmonella em alimentos foi desenvolvido por uma pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, com a promessa de apontar cerca de seis vezes mais rápido se a contaminação existe, além de reduzir os custos associados à testagem.
A engenheira química e doutoranda em biotecnologia, Gabrielle Landim, de 34 anos, foi a responsável pelo desenvolvimento do kit de diagnóstico mais rápido do mundo, após dois anos de pesquisa.
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Segundo Gabrielle, o grande desafio na luta contra a salmonelose, infecção causada pela bactéria, tem sido a falta de testes rápidos e eficientes.
“Embora existam sensores de alta qualidade no mercado, esses dispositivos ainda apresentam limitações significativas no que diz respeito ao tempo de obtenção dos resultados. Testes convencionais geralmente demoram de 18 a 48 horas para fornecer resultados confiáveis e têm um custo elevado; já o nosso entrega o mesmo resultado dentro de 8 a 12 horas, com um custo 50% menor”, falou.
Na prática, o produto se assemelha ao teste que ficou conhecido para detecção da Covid-19, utilizando nanopartículas de ouro para melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado.
“Tem o mesmo design do teste de Covid-19, caso dê positivo aparecem duas linhas, não reaja a bactéria, uma linha só. A diferença é que, para salmonella, a amostra é feita em alimentos, a gente testa se o alimento in natura está contaminado e não na pessoa. Por exemplo, frango, leite, ovo, especiarias, frutas, alimentos secos, entre outros”, explicou.
Teste rápido para detecção de salmonella.
Arquivo pessoal
De acordo com a engenheira química, a ideia seria colocar esse teste rápido em indústrias, que é onde existe o maior gargalo no mercado atualmente.
“Seria uma forma de fazer a triagem já nos lotes que a gente distribui ou exporta, como nas carnes que são vendidas para a China, por exemplo. Hoje em dia, os resultados finais, demoram em média de cinco a sete dias, e enquanto não sai a mercadoria fica esperando. Então esse teste agiliza a liberação da mercadoria, uma economia de tempo e, consequentemente, dinheiro”, apontou.
A pesquisadora reforçou que, atualmente, a norma do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o Brasil é de tolerância zero, ou seja, não pode haver nenhum tipo de salmonella em alimentos.
Gabrielle Landim destacou que, embora o novo teste sirva como um método de triagem eficaz, ele não pretende substituir o método padrão. Após dar indícios de presença da bactéria, depois é feita uma análise aprofundada baseada no plaqueamento em meios de cultura diferentes.
Carne vermelha de frigorífico capixaba exportada para a China.
Reprodução/TV Gazeta
A pesquisa da doutoranda foi orientada pelo professor Jairo Pinto de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Ufes (PPGBiq/Ufes).
O teste imunocromatográfico de fluxo lateral e nanopartículas de ouro, como foi oficialmente nomeado, levou à criação da startup NanoLabs, na universidade federal, e ainda não foi implementado em nenhuma empresa, apesar de já ter condições para isso acontecer. A ideia é que outros testes rápidos sejam desenvolvidos e impulsionados pela startup.
Bactéria da gastroenterite
A salmonella spp é uma bactéria que causa infecções em humanos, a mais comum é a gastroenterite, provocada após entrada no sistema digestivo através de alimentos ou água contaminados.
Essa bactéria pode ser encontrada em diversos tipos de alimentos, como carnes mal cozidas, ovos crus (podendo passar inclusive da casca para o conteúdo), frutas e vegetais com limpeza inadequada, alimentos manipulados sem higiene das mãos ou utensílios, além de consumo de água não filtrada.
Alimentos manipulados sem higiene das mãos ou utensílios podem favorecer a salmonelose.
Divulgação CCS
Geralmente, o paciente apresenta sintomas como diarreia, vômitos, dor abdominal e febre.
Segundo a médica gastroenterologista, Danielle Filgueira, qualquer pessoa que tenha comprometimento de imunidade pode evoluir de forma grave, como idosos, crianças, portadores de doenças crônicas e gestantes.
“A principal forma de prevenção está na higiene adequada, lavar bem as mãos, utensílios e superfícies, cozinhar alimentos a temperaturas seguras e evitar o consumo de alimentos crus, de origem duvidosa ou mal cozidos e refrigeração adequada dos alimentos”.
Em pessoas mais vulneráveis e com imunidade mais baixa, como crianças e idosos, a infecção pode evoluir para formas mais graves, com infecção generalizada, sangramento digestivo e desidratação.
A médica também alertou sobre o aumento de casos registrados no verão.
“Duas situações interferem no aumento de casos na estação. O calor, já que as altas temperaturas favorecem a proliferação de bactérias, além do consumo maior de alimentos vendidos em barracas de rua, feiras ou festas ao ar livre, situações em que é mais difícil garantir o controle sobre a higiene na preparação, armazenamento e manuseio dos alimentos”, pontuou.
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Problema global
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AP Photo/Elaine Thompson
A salmonelose é uma preocupação de saúde pública em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 90 milhões de casos são registrados anualmente, resultando em cerca de 155 mil mortes.
Os sintomas geralmente aparecem entre 6 e 72 horas após o consumo de alimentos contaminados e podem durar até uma semana.
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