Mestre do enxaimel mantém tradição alemã em SC e atrai aprendizes do país Europeu

Há sete anos, Anderson Töwe se dedica ao ofício de zimmerermeister, ou mestre da técnica enxaimel, traduzindo para português. Este método de construção, trazido ao Brasil pelos imigrantes alemães, é preservado por Töwe por meio de restaurações que mantêm viva a história e a tradição arquitetônica em Joinville, Jaraguá do Sul e outras cidades do Norte catarinense.

Legado familiar

A conexão de Anderson com o enxaimel vem de família. “Nasci em uma casa enxaimel, mas, por conta da Segunda Guerra Mundial, ela estava rebocada para esconder a técnica e evitar a perseguição”, contou.

Na adolescência, foi atrás de informações de como era feito esse tipo de casa. Inspirado também por seu bisavô, um carpinteiro requisitado até em Curitiba para construir pontes de madeira para trens, Anderson decidiu estudar a fundo o método.

“Conheci alemães que me disseram que era necessário um curso para se aprimorar. Fiz isso com muito esforço e trabalho duro em Blumenau, onde meu mestre foi Paulo Volles”, relembrou.

Após cursar administração e por um período engenharia, interrompida para cuidar dos avós, Anderson abriu seu escritório em Jaraguá do Sul. Desde então, dedica-se integralmente à preservação do enxaimel no Brasil.

O processo de restauração envolve várias etapas: projeto, levantamento de danos, marcação dos materiais, execução, pintura e entrega. – Vídeo: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

Como Anderson Töwe mantém viva a herança do enxaimel no Brasil

Para Anderson, preservar o enxaimel é mais do que restaurar construções: é resgatar a identidade cultural. “Na Alemanha, essa técnica não só é valorizada como incentivada em novas construções. Aqui no Brasil, estamos começando a ver esse movimento. Além de ser até 30% mais barata que a construção convencional, o enxaimel carrega uma história única da identidade alemã”, afirma.

O restauro feito por Töwe é um processo integralmente artesanal. “Cada peça da casa passa pelo menos quatro vezes pelas minhas mãos entre desmontagem, limpeza e restauro”, explica. Anderson segue rigorosamente as normas alemãs de carpintaria enxaimel e até recebe aprendizes da Alemanha. “Eles fazem estágios aqui, algo obrigatório para se tornarem mestres da técnica”, destaca.

Da Casa Anita Sul à Casa Weg, os projetos de Anderson em SC

Entre os projetos realizados por Anderson, está o restauro da Casa Anita Sul, em Joinville. “Também estamos trabalhando em mais três casas na região, incluindo a Casa Weg, que está sendo montada, e uma nova residência em Nereu Ramos”, detalha.

Ele destaca a importância de cada obra. “No restauro, sempre aparece algo novo para aprender e resolver. Já as casas novas têm acabamentos internos e charme que se destacam, mas sem abrir mão do conforto”.

O processo de restauração envolve várias etapas: projeto, levantamento de danos, marcação dos materiais, execução, pintura e entrega. “Entre o início e a conclusão, leva de 60 a 90 dias, dependendo da complexidade”, conta.