Governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX, avaliam interlocutores de Lula

O governo errou no começo e no fim da polêmica do PIX. Errou ao lançar a medida sem explicá-la e calcular o impacto que ela teria sobre a população. Também falhou ao tentar encerrar a polêmica por demorar a reagir de forma definitiva e insistir incialmente num caso que já havia se transformado numa batalha perdida para a administração do petista.
Essa avaliação é feita por interlocutores do presidente Lula sobre o episódio que deu munição a golpistas e à oposição para desgastar a imagem do governo. A instrução normativa da Receita não tributava o PIX e até trazia melhoras no sistema, ao elevar de R$ 2 mil para R$ 5 mil as transações financeiras, incluindo o PIX, que passariam a ser monitoradas de perto pelo órgão federal. E seu objetivo era pegar sonegadores, não pequenos empreendedores.
O recuo do governo acabou se transformando na única saída possível para acabar com as fake news sobre a medida. Assessores de Lula defendiam o ato da Receita como forma de combater sonegadores, mas reconheceram que ela deu munição para oposição e golpistas desgastarem a imagem do governo. Criticam, porém, a demora em tomar uma medida definitiva.
Segundo interlocutores do presidente, “ficou ruim no anúncio e pior na demora do recuo”. Segundo a equipe de Lula, o governo precisa ter cuidado redobrado em suas decisões para evitar explorações políticas. Um assessor defende que tudo seja testado e discutido internamente, principalmente em áreas sensíveis como a de tributos.
Além do recuo, outra decisão acertada, que demorou, foi acionar a Polícia Federal para investigar os autores das fake news e dos golpes financeiros. Uma medida provisória será editada para garantir que o Pix se equivale a dinheiro vivo e não pode sofrer nenhuma tributação como meio de pagamento, e os contribuintes terão seu sigilo preservado.
O presidente Lula avaliou ontem que não dava apenas para ficar remediando a crise do Pix. Ele decidiu chamar sua equipe econômica para colocar um ponto final na polêmica. A irritação atingiu o ponto máximo com um vídeo do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), que ultrapassou as mais de cem milhões de visualizações. E um vídeo que não trazia nenhuma mentira, mas insinuações de que o governo poderia estar tramando algo contra os trabalhadores.
“O governo Lula vai monitorar seus gastos. E o Pix não será taxado, mas é sempre bom lembrar… A comprinha da China não seria taxada, mas foi. Não ia ter sigilo, mas teve. Você ia ser isento do Imposto de Renda, não vai. O Pix não será taxado, mas não duvido que possa sim. Quem mais será afetado por esta medida serão os trabalhadores, que serão monitorados como se fossem grandes sonegadores”, afirmou o deputado do PL de Minas. Esse tipo de informação estava viralizando principalmente em grupos de trabalhadores informais, um segmento que votou em Bolsonaro e o governo Lula tenta atrair.
– Esta reportagem está em atualização
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